Videogame na infância: mitos e verdades

Apesar de provocar discussões entre pais, crianças e educadores, videogame e quaisquer outras atividades devem ser praticadas com equilíbrio e supervisionamento de adultos

Henrique
Publicado em 01/09/2020, às 18h44 - Atualizado em 04/09/2020, às 13h11

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Pixabay
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Se, antes, a infância era marcada por cenas de crianças correndo na rua, hoje, isso parece ter mudado, pelo menos, em partes. Com o avanço tecnológico, é cada vez mais comum que crianças passem, no mínimo, uma parte do dia, sentadas, jogando games no computador ou no celular. 

O tema divide pais e educadores: enquanto alguns defendem que jogos eletrônicos podem ajudar no desenvolvimento da atenção visual e da cognição, além de aguçar o instinto de investigação das crianças, outros enfatizam que esse hábito pode elevar o sedentarismo, facilitar a obesidade, desregular o sono e retardar o desenvolvimento da linguagem.

Qualquer que seja a posição defendida, é importante ressaltar que toda atividade feita em desequilíbrio, desde jogar videogame até estudar, comer ou dormir, pode gerar impactos negativos para a saúde da criança. O principal fator é que elas encontrem um ponto de moderação e tenham o acompanhamento de seus cuidadores.

Aumento do sedentarismo

Uma das principais críticas sobre a permissão de videogame na infância é que esse hábito elevaria o sedentarismo entre os pequenos, podendo aumentar a incidência de obesidade entre eles. 

Embora existam jogos que permitam a movimentação física das crianças, como aqueles que envolvem tocar instrumentos ou dançar, não é apenas o conteúdo do jogo que impacta esse fator. É comum que muitas crianças e adolescentes joguem acompanhados por alguma guloseima (biscoitos recheados, doces, salgadinhos). 

Nesse contexto, se o hábito de jogar videogame transforma-se em vício, pode provocar o aumento de consumo de alimentos não saudáveis, capazes de aumentar as taxas de diabetes, colesterol ruim (LDL) e pressão alta entre os pequenos. Por isso, é bom buscar jogos que trabalhem com a movimentação física das crianças, de modo a reduzir os riscos de sedentarismo.

Desenvolvimento motor e cognitivo

Estudos desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), envolvendo psicologia do esporte e psicologia cognitiva, mostram que videogames podem melhorar a cognição, a atenção visual, a concentração, o pensamento rápido, o raciocínio  e a memória, desde que sejam supervisionados por adultos.

Cientistas apontam que, ao ser estimulado por jogos eletrônicos, o cérebro das crianças sofre mudanças neuronais progressivas nas terminações nervosas à medida que são mais estimuladas. Enquanto isso, a estrutura músculo-esquelética permanece normal. 

Contudo, especialistas relembram que é importante equilibrar esses jogos com atividades físicas, que ajudam não só na realização de exercícios, como também contribuem para a interação social direta com outras crianças — o que é fundamental para desenvolver habilidades emocionais, como olhar o outro e dialogar.

Sono e desenvolvimento de linguagem

O excesso de jogos eletrônicos e exposição de telas de forma geral na infância costuma desregular o sono das crianças, podendo limitar o desenvolvimento da linguagem nas mais velhas e retardar a fala nas menores, de até 3 anos.

Os distúrbios no sono, desde a demora para conseguir dormir, a irregularidade ou a interrupção do descanso e até a insônia, podem começar a partir de uma exposição frequente às telas de videogame, celular, televisão e computador. Isso pode diminuir a produção da melatonina, hormônio fundamental para o sono, que se inicia no final da tarde. 

Já a limitação dos recursos de linguagem pode ocorrer na medida em que, ao jogar videogame, a criança deixa de interagir diretamente com outras pessoas. Uma dessas barreiras é a dificuldade da capacidade de ser questionado e aguardar a resposta de outra pessoa em um diálogo — no videogame, as ações têm reações imediatas, sendo que o jogador pode pular conversas, o que não ocorre na vida real.

Se você permite o videogame para os seus filhos, algumas dicas importantes são: escolher jogos educativos, prestar atenção à indicação da faixa etária sugerida para aquele jogo, estipular os horários e a quantidade de tempo em que as crianças podem jogar e acompanhá-los — jogando com eles,  inclusive, algo que aumenta o tempo compartilhado com os pequenos e fortalece vínculos.

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