FINANÇAS

Por que a poupança teve maior retirada líquida em fevereiro de 2021?

Entenda os motivos que fizeram com que a poupança tivesse a maior retirada líquida em fevereiro.

Henrique
Publicado em 04/05/2021, às 11h25 - Atualizado em 05/05/2021, às 08h59

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A poupança já foi uma das aplicações financeiras mais populares do Brasil. Durante muitos anos, milhões de brasileiros aplicavam suas reservas financeiras em cadernetas de poupança oferecidas por diferentes instituições bancárias (públicas ou privadas).

Diferente da conta corrente, que tem como propósito central a movimentação frequente e o uso dos recursos aplicados para pagamento de despesas, o objetivo principal da poupança é manter os recursos aplicados a longo prazo, com o propósito de obter rendimentos.

Nos últimos anos, percebeu-se um fenômeno no mercado de investimentos, com a popularização de outras formas de aplicação financeira e a saída de muitas pessoas do modelo de investimento em cadernetas de poupança. Somado a isso, fevereiro de 2021 registrou uma retirada líquida significativa. 

Retirada líquida em fevereiro de 2021

Segundo informações divulgadas pelo Banco Central, em fevereiro de 2021 os brasileiros retiraram da poupança R$5,83 bilhões a mais em comparação com o que foi depositado. Foi o segundo mês consecutivo em que esse movimento de significativa retirada líquida aconteceu. A última vez havia sido em fevereiro de 2016, quando o valor de saque chegou a R$6,64 bilhões. 

Comparativamente, em fevereiro de 2020, os valores retirados da poupança alcançaram a cifra de R$3,57  bilhões da caderneta.

Dados sobre retiradas na caderneta de poupança

Historicamente, os primeiros dois meses são marcados por saques significativos de recursos da caderneta de poupança. Esse movimento está associado às obrigações desse período: pagamento de tributos, de parcelamentos das compras de natal e das férias de final de ano, além de despesas com material escolar.

Em 2021, com o fim do auxílio emergencial pago por ocasião da crise sanitária, o movimento de retirada de valores foi ainda mais expressivo. Isso aconteceu porque, no decorrer de 2020, a Caixa Econômica Federal realizou o depósito do benefício em contas poupança digitais, então os valores não sacados acumulavam rendimentos. Encerrado o programa, os beneficiários que acumularam os recursos nas contas poupança optaram por sacar os valores.

Captação de recursos da poupança em 2020

Em 2020, a poupança captou R$166,31 bilhões em recursos financeiros. Isso está diretamente relacionado ao depósito do auxílio emergencial. Além dos valores depositados pelo governo, a preocupação dos investidores com a instabilidade do mercado de títulos públicos e de investimentos na fase mais crítica da crise sanitária, acabou atraindo atenção para a poupança.

Vale destacar que o rendimento da poupança está abaixo da inflação. Entretanto, mesmo com isso, a sensação de segurança acabou atraindo muitos investidores para a modalidade.

Rendimento da poupança

No fim de fevereiro o rendimento da poupança foi de 1,82%, o que representa 70% da Taxa Selic (a taxa de juros básica da economia, segundo dados do Banco Central). A baixa rentabilidade da poupança está associada, sobretudo, à redução dessa taxa. Os juros básicos da economia alcançaram o menor nível da história. 

Atualmente, a Taxa Selic está girando em 2% ao ano. A alta nos preços do dólar e dos produtos alimentícios, que impactaram diretamente na inflação, especialmente no segundo semestre de 2020, somaram a isso. A perspectiva para 2021 é que a inflação alcance o patamar de 3,87% pelo IPCA. Caso esses números se confirmem, a poupança terá rendimento anual de 1,4%, considerando uma taxa Selic de 2% ao ano. 

Assim, a maior retirada líquida da poupança está associada a diversos fatores, tanto relacionados à rentabilidade quanto ao movimento de saque dos benefícios pagos pelo governo durante parte da crise.

A dica para os investidores é: antes de escolher uma modalidade de investimento é fundamental avaliar as perspectivas de mercado e a segurança do produto financeiro. Em alguns casos, é interessante optar pela alternativa mais segura, mesmo que o rendimento seja mais baixo. Além disso, a diversificação pode ser uma opção interessante, já que ajuda a ter segurança e amplia as possibilidades de melhores resultados em termos de rentabilidade.

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