Cresce o número de famílias com dívidas ou contas atrasadas

Após dois meses em queda, o percentual chega ao recorde de 78%.

Mateus
Publicado em 26/08/2022, às 16h46 - Atualizado às 17h00

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Reprodução: FDR
Reprodução: FDR

O número de famílias endividadas sempre foi um problema alarmante no Brasil. Contudo, é algo que vem preocupando ainda mais os setores competentes. Isso porque, em julho, o percentual chegou ao recorde com 78% de lares atingidos.

Número de famílias endividadas supera 2021

De acordo com o PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), o comparativo foi feito com o mesmo período no ano passado. Assim, o aumento dos pontos percentuais foi de 6,6.  

Quem divulgou as informações foi a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) no começo do mês de agosto.

O índice das famílias com contas atrasadas ou endividadas chegou a 29% no mês de julho de 2022, 0,5% a mais que o mês de junho e 3,4% a mais do que em 2021. E desse percentual, 10,7% dos cidadãos relataram falta de recursos para quitar os débitos. 

Os números em 2021 vêm sendo superados em diversos quesitos nesse sentido. Por exemplo, a quantidade de mulheres e homens também aumentou em 0,5 e 1 ponto percentual, respectivamente. Isso se aproximada de 80,6%, assim como 77,5%.

A pesquisa da PEIC apontou, pela faixa da renda, que famílias que recebem acima dos dez salários-mínimos aumentaram as dívidas, chegando aos 75%. Já os que recebem menos que isso, atingiram 78,8%, o que é um recorde.

Cartão de crédito ainda lidera ranking

Analisados em vários sites de finanças, como o Midi Tecnológico, esses números revelaram ainda a participação dos cartões de crédito nesse montante. A PEIC informou que ocorreu a terceira queda sequencial em 1,2 ponto percentual entre as famílias com débitos de cartão de crédito. No entanto, o ranking das modalidades que são os maiores motivos das famílias endividadas continua tendo a liderança do cartão de crédito.

A CNC avaliou o motivo dessa queda. Ao que parece, os consumidores estão buscando juros menores entre as opções de crédito.

As alternativas de crédito que as famílias procuram, em geral, têm o percentual menor de juros. Assim, elas migram do cartão para outros produtos. Portanto, a diminuição de cidadãos endividados por esse motivo obviamente acontecerá. 

Em contrapartida, empréstimos pessoais e carnês nas lojas aumentaram suas posições no ranking. No primeiro semestre, empréstimos representaram 9,2% dos débitos, e carnês, representam 18,8%.

A proporção das famílias com dívidas ou contas atrasadas aumentou especialmente entre cidadãos de classe baixa. Os orçamentos escassos têm levado as famílias à inadimplência, usando muito mais o cartão de crédito. 

A economista da CNC, Izis Ferreira, diz que o cartão é um dos produtos usados para consumo em curto prazo. Dessa forma, é difícil não estar sempre em uma das primeiras posições do ranking.

Há ainda outros motivos para que os gastos com cartões se mantenham em alta: 

  • Liberação gradativa das restrições impostas por conta da pandemia;
  • Medidas provisórias para suporte econômico-financeiro da população, como antecipação do 13º salário, pagamento do Auxílio Brasil, saque extraordinário do FGTS, entre outras coisas. 

Com isso, os cidadãos precisaram menos de gastar o limite do cartão de crédito. Afinal, puderam contar com um alívio nas finanças pela recuperação do emprego e dinheiro extra.

Percentual dos principais motivos das dívidas brasileiras

Como citamos, o cartão de crédito é uma das principais modalidades de endividamento das famílias. Mas, e quanto aos outros motivos? Confira a lista abaixo. Ressaltando que os inadimplentes podem ter um ou mais tipos de dívida.

(Reprodução: FDR)

O que vemos é uma inflação sem tréguas e persistente, o que pressiona o orçamento das famílias endividadas. O grande comprometimento da renda com as contas atrasadas vem daí, pois os inadimplentes a usam para tentar pagar os débitos, restando pouco para os outros gastos. 

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