Como a quebra do banco americano afetou a pequena ilha europeia Como a quebra do banco americano afetou a pequena ilha europeia Como a quebra do banco americano afetou a pequena ilha europeia
A crise de 2008 pegou diversos países ao redor do mundo de surpresa e um dos que mais sofreram por conta dessa crise foi a Islândia. A pequena ilha no leste europeu, com cerca de 320 mil habitantes, se deparou com diversos e muitas dificuldades internas em sua frágil economia.
Todos os cidadãos islandeses sabem que o país se divide em dois momentos: antes e depois da crise de 2008. Apesar de ter recuperado sua economia, a Islândia não voltou a ser a mesma de antes do colapso financeiro causado pela quebra do banco americano Lehman Brother, em 15 de setembro de 2008.
Os habitantes da ilha, incentivados por governos de centro-direita, apoiaram as privatizações no país e, nos anos 90, migraram do ramo tradicional de pesca para o mercado financeiro.
No auge de seu sistema financeiro, a Islândia tinha cerca de 70 mil famílias com contrato de crédito, todos endividados em moeda estrangeira e investindo em negócios de risco. Não era raro ver um islandês com um carro esportivo ou uma casa de luxo.
Os três principais bancos nacionais explodiram após a privatização. O valor de mercado do trio chegou a valer mais de dez vezes do que o PIB do país. Apelidados como “viking das finanças”, os bancos atingiam um alto faturamento através do incentivo a empréstimos no mercado interno.
Crise de 2008 devastou a economia islandesaO dia 15 de setembro de 2008 é um marco negativo na história do mercado financeiro mundial. Foi nesta data que o Lehman Brother, um dos principais bancos de negócios americano decretou sua falência.
Os mercados mundiais de crédito foram atingidos de surpresa e não tiveram outra saída, senão congelar suas operações. O trio de bancos mais populares da Islândia se viu ameaçado. A expansão internacional dos empréstimos implodiu quando os principais bancos de negócios americanos quebraram.
O problema é que, diferente dos Estados Unidos, a Islândia não conseguiu salvar os bancos, afinal eles eram bem maiores do que o governo. A moeda do país e a bolsa de valores local sofreram uma desvalorização devastadora em dias. A inflação do país bateu a casa dos 18% e o desemprego alcançou 9% dos islandeses, em 2009.
As medidas protecionistas salvaram o país na queda no primeiro momento, mas a voraz recessão fez com que a economia encolhesse e levasse alguns anos para se recuperar. Rapidamente, o governo assumiu o controle dos três bancos, sem assumir suas perdas, e proibiu as movimentações de capital para fora do país.
Com isso, os três grandes bancos islandeses, Kaupthing, Landsbanki e Glitnir, quebraram, o que foi necessário para que o sistema financeiro do país se recuperasse. Surgiram três novos bancos, o Islandsbanki, o Arion Banki e o New Landsbanki, todos com carteiras simplificadas e operação 100% nacional.
Em 2011, a Islândia se tornou o primeiro país ocidental a pedir ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional). Poucos anos depois, o país voltou a crescer. Em 2016, impulsionado pelo turismo, a Islândia cresceu 7,2%.
Impactos da Crise de 2008 em 2020O estilo de vida islandês mudou muito depois da crise. A queda dos três grandes bancos derrubou a reputação das instituições financeiras. Hoje em dia, a prática de empréstimos está em desuso na Islândia e a confiança dos cidadãos da ilha no sistema bancário não se recuperou.
Cerca de 25% da população do país perdeu suas economias, todas aplicadas nos grandes bancos da época. Para completar, o valor das parcelas dos empréstimos existentes quase que duplicou. Isso fez com que a população criasse repudia aos partidos de centro-direita, que comandavam o país na época da crise.
O diretor-geral adjunto da autoridade de vigilância financeira islandesa, Thór Sturluson, ressaltou que o governo criou inúmeras barreiras financeiras para evitar uma nova crise, mas que o sistema financeiro islandês ainda não é plenamente forte e que mais medidas de austeridade são necessárias.
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