CALORÃO

Entenda como bolha de calor vai afetar o litoral de SP nos próximos dias

Climatologista Rodolfo Bonafim explicou ao Portal Costa Norte a dinâmica da bolha de calor, que atinge parte do Brasil esta semana

Esther Zancan
Publicado em 11/03/2024, às 13h51 - Atualizado às 15h37

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Pico da bolha de calor deve acontecer entre quinta (14) e sexta-feira (15) - Imagem ilustrativa/Unsplash
Pico da bolha de calor deve acontecer entre quinta (14) e sexta-feira (15) - Imagem ilustrativa/Unsplash

Para quem já não aguenta mais sofrer com as altas temperaturas deste verão, a previsão do tempo para os próximos dias é desanimadora. Uma nova onda de calor, também chamada de bolha de calor, que se formou entre o norte da Argentina, o Paraguai e a Bolívia, elevará as temperaturas acima da média, no Sul do Brasil e em partes do Sudeste e do Centro-oeste.

O estado de São Paulo deve ser afetado em cheio pelo calorão. Mas, como será que essa bolha de calor interfere com o clima no litoral de São Paulo? O Portal Costa Norte conversou com o climatologista Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água, de Santos, para entender melhor o que esperar do tempo esta semana.

O climatologista explicou que essa bolha de calor, com anomalias de temperaturas mais severas, deve atingir com mais força o oeste paulista, nas regiões de Presidente Prudente e Araçatuba, por exemplo. Mas serão dias quentes, também na faixa litorânea. Bonafim prevê temperaturas máximas entre os 35 e 36 graus que, apesar de altas, não alcançam picos acima dos 40 graus, como os 42,2 graus registrados em Santos, em novembro de 2023, a maior temperatura registrada na cidade nos últimos 80 anos.

O que deve aumentar a impressão de calor é a já famosa “sensação térmica”. Não há previsão de chuva para os próximos dias, já que a bolha produz um bloqueio atmosférico, que desvia uma eventual frente fria; a umidade relativa do ar alta, típica do litoral, provocará  sensação de calor bem mais forte do que a temperatura absoluta indicada no termômetro. Bonafim lembra que o auge da bolha de calor deve acontecer entre quinta (14) e sexta-feira (15). 

Segurando o sol
Bolha de calor deve desviar frentes frias nos próximos dias - Imagem ilustrativa/Unsplash

El niño

Essa nova bolha de calor é mais uma que vai parar na conta do fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do oceano Pacífico, na altura da linha do Equador. “Mas ele já não estava arrefecendo?”, você deve estar se perguntando. Sim, está. Mas Bonafim explica, de forma bem didática, que esse arrefecimento não acontece como um “interruptor de liga e desliga”. “A atmosfera leva um tempo para dissipar o calor”, completou o climatologista. Ele também explicou que bolhas de calor não são uma novidade, mas estão mais frequentes e em uma intensidade maior, não só devido ao El Niño, mas também às mudanças climáticas. Bonafim reforça que, perto de outras regiões do Brasil, o litoral paulista recebeu apenas “respingos” das alterações do El Ninõ. O centro e o sul do país foram as áreas que mais sofreram. 

Bonafim também deu uma aula sobre o que, afinal, é uma bolha ou onda de calor. “É uma região de alta pressão em níveis médios da atmosfera. Normalmente, o ar quente sobe, já que é menos denso que o ar frio, condensa e causa a chuva, que são as chuvas de verão. Só que, nessa situação, acontece o contrário. Esse ar quente das camadas médias da atmosfera desce e acaba comprimindo o ar próximo do solo. Esse ar comprimido faz a temperatura disparar e também desvia as frentes frias (bloqueio atmosférico) e não permite a formação de nuvens carregadas, com instabilidades e trovoadas. Pela Organização Meteorológica Mundial, uma onda de calor é caracterizada por esse ar muito quente, por volta de 5 graus acima da média, pelo menos por cinco dias seguidos”.

Esther Zancan

Esther Zancan

Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.

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