Vítima saiu para atender corrida e não foi mais vista; sumiço mobilizou amigos e colegas que encontraram o carro trancado e com máscaras usadas para cobrir o rosto
As quase 13 horas de agonia de familiares, amigos e colegas de um motorista de aplicativo de 44 anos tiveram um desfecho trágico na manhã de ontem (17) quando ele foi encontrado morto, a quilômetros do carro com o qual saíra para trabalhar, em circunstâncias que, como lamentou um amigo, indicam brutalidade.
Segundo apurado pela reportagem, por volta das 21h de quarta-feira (16), Willian Germano terminou de assistir a um jogo de futebol e saiu para fazer corridas de aplicativo com seu Ecosport em Ubatuba no litoral norte de SP. Não foi mais visto com vida.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), em depoimento à polícia, a esposa de Willian disse que tentou contato com ele ainda na noite de quarta, poucas horas após ele sair para trabalhar, mas Willian não atendeu às ligações.
Rapidamente, o desaparecimento provocou comoção entre amigos de William e outros motoristas de aplicativo de Ubatuba que procuravam por ele. Policiais civis também fizeram diligências na região, informou a SSP.
Horas após o desaparecimento, publicações com apelos por informações que levassem ao paradeiro do motorista se multiplicaram nas redes sociais e o apresentavam como uma pessoa querida na cidade.
“É um parceiro de muita gente, um irmão. Está sumido desde ontem. Caso alguém veja o carro dele, por favor, entre em contato. Família está desesperada”, pediu um amigo nas redes nas primeiras horas de quinta. “Nosso amigo foi fazer uma corrida após o jogo e não voltou para casa, família e amigos estamos desesperados”, apelou outro.
Segundo a ocorrência policial, o automóvel do motorista foi encontrado pelos amigos que o procuravam na manhã de ontem. O carro estava abandonado e com as portas trancadas em uma praça na rua dos Nazarenos a cerca de 1km da região central da cidade. No interior do carro, foram apreendidas duas máscaras usadas para cobrir o rosto.
Pouco tempo depois, por volta das 10h, policiais encontraram o motorista morto às margens da rodovia BR 101 que cruza a cidade. Segundo a ocorrência, o corpo estava com as mãos e os pés amarrados com uma fita e a cerca de sete quilômetros do local onde o veículo havia sido encontrado.
Contatado pela reportagem, um marinheiro que participava da procura disse que era amigo do motorista havia 20 anos e acrescentou que, até onde sabia, ele não tinha inimigos. “Mais um pai de família que vai embora. Deixou três crianças pequenas”, afirmou, segurando o choro. “Eu sempre conheci ele, nunca se envolveu com briga, com nada. Está todo mundo arrasado. Ninguém esperava uma brutalidade dessa com ele, não”. Assustado, o marinheiro pediu para não ser identificado.
Na noite de ontem, a reportagem perguntou às empresas Uber e 99 se o motorista estava registrado nas plataformas e, em caso afirmativo, se havia alguma circunstância adversa ou incomum apontada no perfil dele no período do desaparecimento. A Uber informou que não encontrou registro do motorista entre os parceiros. A 99 não respondeu.
A reportagem não conseguiu contato com familiares de Willian e segue acompanhando o caso. Ainda não há informações sobre o velório e enterro do motorista.
A SSP disse que foram solicitados exames periciais ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto Médico Legal (IML) e que o caso foi registrado como desaparecimento de pessoa, homicídio e encontro de pessoa na Delegacia de Ubatuba.
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