FOI AO BAR, SAIU DESMAIADA

Cliente de bar em Ubatuba diz que reclamou da conta e apanhou de proprietária até desmaiar

Professora afirma que questionou cobrança e acabou agredida verbalmente por proprietária e empurrada de escada por funcionária. Filha dela relata que foi socorrê-la e também apanhou de três. “Parecia uma cena de terror”, diz aposentada que relata ter testemunhado tudo

Thiago S. Paulo
Publicado em 31/05/2023, às 10h13 - Atualizado às 11h36

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Professora afirma que foi questionar conta e acabou derrubada de escada no Rei da Batida, em Ubatuba Cliente de bar em Ubatuba diz que reclamou da conta e apanhou de proprietária até sair desmaiada Fachada de bar e cabeça sangrando - Imagens: Reprodução / Cláudia Gonçalves
Professora afirma que foi questionar conta e acabou derrubada de escada no Rei da Batida, em Ubatuba Cliente de bar em Ubatuba diz que reclamou da conta e apanhou de proprietária até sair desmaiada Fachada de bar e cabeça sangrando - Imagens: Reprodução / Cláudia Gonçalves

Uma cliente acusa a proprietária e funcionários do Rei da Batida, um bar na região central de Ubatuba, de uma série de agressões contra ela e a filha na noite de sábado (27). Segundo a mulher, as agressões começaram quando ela questionou uma cobrança e os ataques escalaram de xingamentos até um empurrão de uma escada que a deixaram inconsciente e, depois, hospitalizada com um corte na cabeça.

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"Veio uma funcionária lá de dentro e me empurrou. Eu caí e bati com a cabeça em um degrau”, relata a professora de 47 anos Claudia Gonçalves. “Desmaiei. Fiquei sangrando. Me levantaram. Minha filha que também foi agredida me levou pro hospital. Tomei quatro pontos na cabeça. É um sentimento de impotência. Muita tristeza mesmo. Meu psicológico está muito abalado”.

“Eu nunca mais vou esquecer isso na minha vida. Eu sou ansiosa, vi aquela cena, parecia uma cena de terror. Ela [Claúdia] estava desmaiada”, disse, em condição de anonimato, uma aposentada que afirma ter testemunhado as agressões.

Nicoly Mateus, filha da professora, afirma que estava descansando em casa quando soube que a mãe estava machucada em um bar na avenida Iperoig. A jovem empresária de 19 anos conta que ao ir ao local socorrer sua mãe também acabou agredida pela mesma dupla de funcionárias e pela proprietária do estabelecimento.

Na tarde de segunda (29), a reportagem contatou a proprietária e a gerência do Rei da Batida. Eles não se manifestaram até a manhã de hoje (31). Sem dar sua versão, a proprietária disse que os advogados do estabelecimento se pronunciariam oportunamente, o que não ocorreu até a publicação desta reportagem. A reportagem também não conseguiu contato com os representantes legais do estabelecimento. 

Professora diz que foi reclamar da conta e acabou agredida e empurrada de escada

Cláudia afirma que foi ao Rei da Batida pela segunda vez com um grupo de amigos prestigiar um conjunto musical de conhecidos que se apresentava naquela noite. “Aí, eles terminaram de tocar, a gente ficou um pouco ali e fomos acertar a conta. Fui questionar uma cobrança na conta e o garçom chamou a proprietária. Na hora, eu estava com três pessoas. A dona agrediu eles verbalmente também”.

“Nós temos um grupo grande que sai. Onde vai um, vai todo mundo e estávamos no bar”, explica a aposentada que diz ter ido ao bar assistir à apresentação do mesmo grupo musical e ter visto as agressões.

“Essa senhora [proprietária] estava atrás do balcão. Não sei o que foi, acho que foi um problema de conta. Ela saiu de trás do balcão e já foi empurrando. As funcionárias foram atrás dela. Os outros funcionários não se envolveram, quem se envolveu foram duas funcionárias, essa senhora e um garçom, já de uma certa idade, um senhor já ”, relembra ela que prossegue.

“E ela [proprietária] falava assim. ‘Aqui ninguém bebe mais nada’ e, Nossa Senhora!, ela falava cada palavrão horrível. Ela gritava. Ela estava surtada, pra mim é uma pessoa psicopata. Tinha um restaurante do lado, lotado, todo mundo chocado. Foi uma cena, eu vou falar, eu não vou esquecer jamais”, confessa a aposentada.

Durante as agressões verbais, Claudia afirma que um amigo protestou dizendo à proprietária que chamaria a polícia e eles resolveram sair do restaurante.

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Nessa hora, conta a testemunha, as agressões verbais escalaram para agressões físicas e ela, amedrontada, resolveu sair do bar. “Nossa! Eu não posso lembrar disso. Eu não consigo tirar essa cena que eu vi da minha cabeça. Eu nunca vi isso na minha vida. Todo mundo empurrando, xingando, socando. Tinha um rapaz com ela [Cláudia] que levou muito soco nas costas, na barriga. Eu sou muito miúda. Eu pensei, se essa mulher [proprietária] vier. Ela chegou a me dar um tranco no braço, mas não me machucou. Ela estava avançando em todo mundo. Não é normal aquilo. Eu saí e procurei ficar atrás do meu carro, pro lado de lá no estacionamento”.

Cláudia afirma que, ao também tentar sair do bar, foi empurrada de uma pequena escada por uma funcionária. “Eu caí e bati com a cabeça no degrau. Machuquei. Desmaiei”

“Eu não tinha ação. Eu fiquei desesperada”, relembra a testemunha. “Ela virou de costas e foi sendo empurrada até cair. Depois eu vi quando ela caiu desmaiada. Eu falei, ‘nossa!, ela desmaiou’. Até que consegui pensar em chamar a polícia”.

Cláudia Gonçalves com curativo na cabeça. Ela diz que ferimentos foram causados por queda de degraus no rei da batida após empurrão de funcionária Cláudia 2 - Cliente de bar em Ubatuba diz que reclamou da conta e apanhou de proprietária até sair desmaiada (Imagem: Cláudia Gonçalves)

“Fiquei sangrando. Me levantaram”, conta Claudia. “Quando eu acordei, a polícia estava do lado de fora. Nem entrou no estabelecimento. Meu amigo me perguntou se eu estava bem. Eu disse que sim e ele ficou dando depoimento para polícia do lado de fora.  E eu lá sangrando. Uma amiga que passou sentou comigo, me acalmou e daí nisso uma amiga da minha filha me reconheceu, porque é a principal avenida de Ubatuba, e ligou pra minha filha”.

Filha foi socorrer a mãe e também acabou agredida

“Eu estava em casa e aí uma amiga minha me ligou e disse que viu minha mãe sangrando e desesperada, chorando na frente do bar”, relata Nicoly. “E aí, eu já fui correndo pro local. Eu não sabia o que tinha acontecido. E na hora que eu cheguei lá, minha mãe estava de canto 'assim', ninguém fazendo nada”.

Nicoly afirma que resolveu questionar um grupo reunido em uma mesa do Rei da Batida, o que ela não sabia é que esse grupo era o mesmo que havia agredido sua mãe.

“Eu fiquei muito nervosa. Fui perguntar pra um pessoal bebendo em uma mesa quem tinha feito aquilo com ela. Acontece, eu não sabia, mas esse pessoal eram a dona e as funcionárias que tinham agredido minha mãe. Na hora que eu fui perguntar ela falou ‘ah, você quer saber quem fez isso com sua mãe?’ e veio pra cima de mim. E a gente começou a brigar. Aí, veio a filha dela e a mesma mulher que empurrou a minha mãe e as três me bateram. E aí separaram. E, na hora que fui agredida, meu celular sumiu ainda”, recorda-se Nicoly.

“Minha filha foi saber o que estava acontecendo e bateram na minha filha também. Puxaram os cabelos dela”, lamenta Cláudia. A aposentada que testemunhou as agressões à Cláudia diz que não viu quando a filha da professora foi agredida, mas viu a jovem machucada depois. “Eu já estava do lado de fora pra trás do carro e vi a menina com o pescoço machucado”.

Depois disso, a jovem levou sua mãe para um hospital na região para receber atendimento médico.

Agressão virou caso polícia; mãe e filha prometem processar

Na manhã de ontem, Cláudia e Nicoly registraram um boletim de ocorrência em que acusam a proprietária e funcionários do Rei da Batida de injúria, lesão corporal e roubo [do celular]. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Ubatuba. Segundo a ocorrência, uma das agressoras foi identificada como Nayra Silva e outra como Patrícia Martins Brauer. Não há identificação dos outros envolvidos. 

Acusada de agressão, proprietária do Rei da Batida não quis se pronunciar Rei da Batida - Cliente de bar em Ubatuba diz que reclamou da conta e apanhou de proprietária até sair desmaiada Fachada de bar (Imagem: Rei da Batida@Facebook)

Questionada, a Secretaria de Segurança Pública disse que as suspeitas serão ouvidas nos próximos dias. “Foram solicitados exames ao Instituto Médico Legal (IML). Os laudos estão em elaboração e, assim que concluídos, serão analisados pela autoridade policial que segue realizando demais diligências para o esclarecimento dos fatos”.

A SSP não respondeu se há outras denúncias similares contra as suspeitas. A prefeitura de Ubatuba também não informou se os órgãos de defesa do consumidor e de segurança municipais adotaram alguma providência contra o bar Rei da Batida.

Cláudia e sua Filha Nicoly disseram que têm a intenção de processar a proprietária e funcionárias do bar. “É uma sensação de impotência e de injustiça. Vou judicializar” disse Nicoly.

“É um sentimento de desrespeito como pessoa, como consumidora que tem direito de questionar uma conta. Um sentimento de impotência, de intolerância das pessoas. É muita tristeza mesmo. Eu desejo que eles paguem para não acontecer isso com outras pessoas. Espero que eles fechem. Eles não tem psicológico pra ter um bar, pra lidar com pessoas não”, desabafa Cláudia.

A reportagem aguarda manifestação da proprietária, da gerência do Rei da Batida e da defesa do estabelecimento.

A aposentada disse que se esforça para esquecer a cena que testemunhou. “Eu cheguei em casa, não consegui dormir até o outro dia por presenciar aquilo. Nossa Senhora!". 

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