A queda frequente de calotas ocorre pelo uso excessivo do freio que, por sua vez, superaquece as rodas e derrete as calotas, afirma o DER
Lenildo Silva
Publicado em 22/02/2024, às 15h41
Se você já desceu a serra do mar, em direção a Ubatuba, é provável que você conheça uma das estradas mais perigosas da região. Popularmente chamada de 'Serra das calotas', o trecho de serra da rodovia Oswaldo Cruz, do litoral norte de São Paulo ao Vale do Paraíba, é famoso por ocasionar a queda de calotas dos veículos que transitam pela região.
O Departamento de Estradas e Rodagens (DER) informou que, como parte dos serviços de conservação, recolhe, mensalmente, cerca de duas mil calotas nesse trecho da rodovia durante a alta temporada. O motivo são as curvas fechadas e íngremes, que provocam o uso excessivo dos freios; as calotas superaquecem e os fixadores, de plástico, derretem.
No início desta semana, um vídeo, que mostra uma ‘montanha’ de calotas no final da descida da serra, viralizou nas redes sociais. O turista Eduardo Kusdra relatou sua surpresa ao chegar em Ubatuba e se deparar com a cena inusitada.
Chegando hoje em Ubatuba, me deparo com essa inusitada montanha no final da serra da Oswaldo Cruz. As calotas ficaram pela serra, mas a felicidade de descer para esse paraíso, desceu junto. Imagina quanta história nessas calotas?”, escreveu.
Cerca de 2 mil calotas caem de veículos em estrada do litoral de SP
— Portal Costa Norte (@costanortenews) February 22, 2024
🛞 A queda frequente de calotas é devido ao uso excessivo do freio que por sua vez superaquece as rodas e derrete as calotas, afirma o DER
📹: Vídeo/reprodução Eduardo Kusdra pic.twitter.com/Up5BHW2ksI
Segundo o DER, na alta temporada, circulam diariamente cerca de 6,2 mil veículos nesse trecho da rodovia, em um total de mais de 180 mil veículos ao mês. O departamento recomenda aos motoristas, para minimizar os efeitos da pista íngreme, seguir o limite de velocidade de 20km/h, no trecho de serra, conforme indica a sinalização, assim como manter o veículo engrenado.
Dessa forma, é possível reduzir significativamente o uso do freio, principal responsável pelo aquecimento das rodas, o que pode levar à queda da calota, a depender das condições do veículo. O DER ressalta, ainda, que o respeito às leis de trânsito e a manutenção adequada dos veículos são fundamentais para evitar acidentes.
Em meio ao perigo, uma iniciativa criativa, de transformar os materiais descartados na natureza, em arte, chamou a atenção. Marcello Lopes, profissional de Arte Visionária e Psicodélica, encontrou nas calotas uma fonte de inspiração para ele e seus alunos. O artista relata ter tido um insight ao avistar uma calota quebrada, em um congestionamento em São Paulo, o que o levou a iniciar um projeto de reutilização artística das peças.
Em entrevista ao Portal Costa Norte, o morador de Ubatuba, de 38 anos, explicou como transforma as calotas recolhidas em verdadeiras telas para expressões artísticas. Com um fundo preto e desenhos simétricos, ele expressa sua criatividade, ao tranformar um objeto descartado em uma forma de arte acessível a todos os níveis de habilidade.
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Lenildo Silva
Estudante de jornalismo na Faculdade Estácio