Transporte de animais no porto gera transtornos e petição on-line

Costa Norte
Publicado em 12/08/2016, às 15h20 - Atualizado em 23/08/2020, às 15h23

FacebookTwitterWhatsApp
Costa Norte
Costa Norte

*Foto: JCN 

Um forte mau cheiro tomou conta da avenida da Praia e entorno, em São Sebastião, neste início de mês. O cheiro, oriundo de navio com carga animal, incomodou moradores e comerciantes da região central da cidade, inclusive, originando petição on-line, já com mais de quatrocentas assinaturas angariadas, contrária à movimentação animal no porto.

Consta da petição: “Agora temos mais um inimigo da sociedade e do meio ambiente no nosso canal. Um mau cheiro que espanta a atividade turística da região”.

Apoiador do documento, o morador Wagner Santos destaca prejuízos também na rotina dos cidadãos: “O mau cheiro é insuportável. Tenho uma filha de 12 anos que pratica esporte na rua da Praia e com estes navios de carga viva eles tiveram que adiar os treinos. Fora a alta quantidade de moscas que foram atraídas pelo cheiro forte dos animais do navio”. Outros moradores apontaram o risco dos dejetos dos animais contaminarem as águas da região.

Situação atípica

A Companhia Docas de São Sebastião afirma que o mau odor foi uma situação excepcional, ocorrida por causa da necessidade de espera das autoridades para inspeção de um navio, e já encerrada. Segundo apontado, o navio, carregado com gado, tinha como destino a Turquia e permaneceu fundeado no canal de São Sebastião do dia 2, data em que desatracou do porto e deveria seguir viagem, até 6 de agosto, enquanto aguardava a inspeção por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro e de autoridades turcas.

A empresa explica: “A dificuldade na saída dos inspetores do país importador da mercadoria, a Turquia, por questões relacionadas à sua atual conjuntura, culminou nessa espera”.

O mau cheiro originava-se do armazenamento dos dejetos dos animais, proibidos de ser despejados no mar. “Como o descarte é proibido de ser realizado pela tripulação, durante sua permanência no canal e na poligonal do Porto Organizado de São Sebastião, o armazenamento causou os odores”. Estas restrições de descarte dos navios por parte dos operadores portuários estão definidas em protocolos de prevenção da poluição no mar da Marinha do Brasil, por meio das Normas e Procedimentos da Capitania dos Portos de São Paulo.

A companhia destaca ainda que a embarcação já foi liberada. “Com a inspeção das autoridades, o navio pôde seguir viagem ao destino no final do dia 6 de agosto. A Companhia lamenta o transtorno causado à população no período. No entanto, esclarece que o operador portuário responsável pelo transporte tinha como objetivo cumprir as práticas recomendadas de proteção à saúde dos usuários e à integridade da carga dentro das normas estabelecidas”.

De acordo com a empresa, somente entre 2009 e 2015, 16.306 animais foram embarcados no porto de São Sebastião. Na grande maioria, são bovinos das raças Angus, Anelorados, Bradford, Hereford, entre outras. Em menor quantidade, e eventualmente, são ovinos e equinos.

Com relação à origem e destino, os animais provêm, na maioria, dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os destinos são países como Turquia, Líbano, Venezuela, Angola, entre outros.

Quanto às condições de transporte deste tipo de carga, os operadores portuários são responsáveis pelo manuseio, acomodação e deslocamento dos animais nos navios, cumprindo as práticas condizentes com o manual de procedimentos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Apesar de ter seguido viagem no dia 6, o mau cheiro ainda era sentido na rua da Praia, na tarde de quarta-feira, 10.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!