Suposta grávida diz ser sequestrada em SP e deixada sem o bebê em São Vicente

Uma mulher grávida, prestes a dar à luz, foi sequestrada após sair da UPA de Santo André, região do Grande ABC, e levada para São Vicente, no litoral de São Paulo. A vítima deu à luz dentro do carro e os sequestradores roubaram seu bebê, deixando-a sozinha na cidade. Essa história, digna de roteiro de cinema, teve, no entanto, uma reviravolta chocante.

Segundo relato da sobrinha da vítima nas redes sociais, a enfermeira Deise do Espírito Santo, de 46 anos, entrou em trabalho de parto após a bolsa estourar e solicitou um táxi para “ir até seu convênio encontrar o pai da bebê”.

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De acordo com Karen Pasquali, a tia foi sequestrada pelo motorista e, no meio do caminho, uma mulher, com sotaque argentino e tatuagem de cruz no rosto, teria entrado no veículo e colocado uma venda na gestante.

A dupla teria levado Deise para a cidade de São Vicente, cerca de 1 hora (61,8 km) da Grande São Paulo ao litoral, os sequestradores teriam feito seu parto dentro do carro, que estava parado em um posto de gasolina onde a mãe foi liberada e a criança levada.

“Já estamos em contato com a polícia e com a mídia. Porém cada segundo é muito precioso para encontrarmos nossa pequena Yoná”, disse a sobrinha na publicação.

A mulher foi para a Maternidade Municipal de São Vicente, na terça-feira (3), onde recebeu os primeiros socorros e foi submetida a bateria de exames. Na manhã desta quarta-feira (4), já estaria de volta a Santo André com familiares.

Não estava grávida?

Em nota enviada ao Portal Costa Norte, a prefeitura de São Vicente confirmou o ocorrido e informou, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), que Deise deu entrada na Maternidade Municipal de São Vicente na noite de terça-feira (3), às 20h56, acompanhada da Polícia Civil, Guarda Civil Municipal e Corpo de Bombeiros. Porém, após exames laboratoriais, Deise não estava grávida.

Segundo a Sesau, a paciente relatou à equipe médica que havia passado por um parto vaginal, há cerca de 8 horas, no interior de um veículo de aplicativo, após ter sido vítima de um sequestro. A mulher afirmou ter sido abandonada na Baixada Santista e o recém-nascido levado pelo sequestrador.

“No exame físico, a paciente apresentou bom estado geral. No exame ginecológico, apresentou discreto sangramento vaginal, útero pouco aumentado de tamanho e ausência de lacerações em canal vaginal. A equipe da Maternidade Municipal adotou a conduta de internação para suporte clínico e realização de exames. A paciente recusou a internação e, às 21h30, evadiu-se do local. Às 21h50, retornou à Maternidade Municipal manifestando concordar com a internação, passando por nova avaliação. Em exame laboratorial realizado na admissão, foi verificado que a paciente não estava grávida. Às 4h23 desta quarta-feira (4), a paciente deixou o local novamente, sem estar de alta médica, acompanhada de familiar, conforme relatório de enfermagem”, informou a secretaria.

Outras pacientes que estavam na maternidade também confirmaram que a vítima teria fugido do hospital sem receber alta médica. “As enfermeiras foram orientadas para não falar nada sobre o caso, total mistério aqui”, disse uma paciente da unidade nas redes sociais.

O caso da grávida de Santo André foi registrado na Delegacia de São Vicente e posteriormente para o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) de Santo André, que investiga o caso. Não há informações sobre a recém-nascida que a mãe afirma ter nascido, até o momento. 

Família contesta hospital

Após a repercussão do caso, familiares e amigos de Deise se pronunciaram nas redes sociais, contestando o hospital de São Vicente e afirmaram que toda difamação e inverdade serão tratadas com medidas legais.

“Nós da família da Deise Santo repudiamos a atitude tomada pela Prefeitura de São Vicente e informamos que toda difamação e inverdade serão tratadas com medidas legais.

 E informamos que no Hospital Municipal de São Vicente não tivemos um atendimento humanizado e empático. Ela estava com muito medo e assustada e não tiveram paciência e alegaram que ela não estava grávida.

Realizaram um exame de beta HCG, porém o resultado ficaria pronto somente pela manhã. Após cobrarmos brevidade no exame, disseram que poderíamos levá-la embora. Questionados se precisávamos assinar algo, eles disseram que não.

O caso segue sob investigação e não podemos divulgar muita coisa. Agradecemos a todos que estão nos ajudando nesse momento tão difícil”, escreveu Karen Pasquali.

Procurada, a secretaria de Segurança pública informou que o caso é investigado pelo Setor de Homicídios de Santo André (SHPP) e a autoridade policial realiza diligências para esclarecimento dos fatos. “Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial”, finalizou a nota.