TRAGÉDIA NO LITORAL NORTE

Equipe do SAMU de São Vicente relata "cenário de guerra" em São Sebastião

Profissionais da saúde foram enviados ao Litoral Norte para auxiliar no atendimento das vítimas e ajudaram a socorrer mais de 300 pessoas

Da redação
Publicado em 06/03/2023, às 09h34 - Atualizado às 10h30

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A equipe do SAMU de São Vicente ficou concentrada na Vila do Sahy, a região mais afetada pelas chuvas Equipe do SAMU de São Vicente relata cenário de "guerra" em São Sebastião Equipe do SAMU de São Vicente na Vila Sahy, em São Sebastião - Prefeitura de São Vicente
A equipe do SAMU de São Vicente ficou concentrada na Vila do Sahy, a região mais afetada pelas chuvas Equipe do SAMU de São Vicente relata cenário de "guerra" em São Sebastião Equipe do SAMU de São Vicente na Vila Sahy, em São Sebastião - Prefeitura de São Vicente

A missão de salvar vidas de quatro profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de São Vicente ultrapassou os limites da cidade vicentina e pegou a estrada para levar acolhimento, socorro e um pouco de esperança para milhares de famílias atingidas pela tragédia das chuvas em São Sebastião.

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Dr. Vandré Roma, coordenador médico, Eder Fernandes, coordenador de frota, Silvia Letícia, enfermeira e Raphael de Lima, técnico de enfermagem, atenderam a um pedido de ajuda das autoridades de São Sebastião e não pensaram duas vezes.

"Houve a preocupação de que a nossa ida até São Sebastião não prejudicasse o atendimento do SAMU aqui em São Vicente. Conversamos com nossos colegas, remanejamos plantões e, com a segurança de que o cidadão vicentino não ficasse desguarnecido, seguimos rumo ao local da tragédia", explicou o coordenador médico.

No trajeto até São Sebastião já foi possível sentir o que viria pela frente. A equipe se deparou com barreiras caídas na estrada, máquinas trabalhando e vários trechos perigosos, em que era possível passar apenas um carro por vez. "Uma viagem que normalmente demora três horas, levamos sete horas para concluir", explicou Dr. Vandré.

Chegando lá, a equipe se deparou com uma situação nunca antes vivida pelos profissionais. "A impressão que tínhamos era de que o morro havia trocado de lugar com a cidade, tamanho era o volume de lama que havia invadido as ruas e as casas. Eram montanhas de lama com árvores retorcidas", descreve o médico.

Somente nas primeiras 24 horas, a equipe realizou cerca de 200 atendimentos, desde auxílio no resgate de pessoas ilhadas em telhados, passando pelo socorro de mulheres grávidas e pessoas idosas com dificuldade de locomoção, até um caso em que precisaram reverter um quadro de infarto de um homem.

A equipe do SAMU de São Vicente ficou concentrada na Vila do Sahy, a região mais afetada pelas chuvas e deslizamentos. "Precisamos focar no nosso trabalho de socorro, mas por várias vezes desempenhamos papel de psicólogos, pois as pessoas estavam abaladas e precisavam desabafar. Crianças estavam com medo que o teto de uma escola desabasse; estivemos ao lado de familiares que faziam o reconhecimento dos corpos. Foram momentos bem difíceis", relata Eder, coordenador de frota.

A realidade de uma tragédia desse tipo vai além daquilo que muitas vezes podemos imaginar. Os profissionais descrevem, por exemplo, o desespero de pessoas que perderam tudo nos deslizamentos, incluindo medicamentos de uso contínuo, fórmulas alimentares especiais para pacientes acamados, cilindros de oxigênio, e tiveram que ajudar a providenciar tudo isso emergencialmente.  

Missão dada é missão cumprida. E eles cumpriram com muita dedicação. Quase uma semana depois eles já estão de volta a São Vicente trazendo na alma tudo o que viveram. 

Dr. Vandré Roma, coordenador médico, Eder Fernandes, coordenador de frota, Silvia Letícia, enfermeira e Raphael de Lima, técnico de enfermagem Equipe do SAMU de São Vicente relata cenário de "guerra" em São Sebastião Equipe do Samu de São Vicente que foi a (Prefeitura de São Vicente)


A enfermeira Silvia já havia trabalhado nas tragédias de março de 2020 na Baixada Santista e se deparou novamente com uma catástrofe natural. "A experiência de São Sebastião foi tão difícil quanto a catástrofe do Guarujá, onde atuei mais especificamente. Trago muitas lições, entre elas a de confiar nas pessoas cada vez mais, pois ainda existe muita gente boa no mundo. Nós vimos muitos voluntários lá, atuando ao nosso lado. Gente que viveu a tragédia na pele, e mesmo assim estava lá ajudando".

Silvia é mãe e chegou um momento em que a saudade da família bateu forte. Por outro lado, o sentimento de cumprir o dever também falava alto. "Quando nosso trabalho chegou ao fim, eu não via a hora de chegar em casa e dar um abraço forte no meu filho, depois de tantas coisas tristes que presenciamos lá", completou.

"Na minha vida pessoal, passei a valorizar mais ainda as pessoas que amo. Viver o hoje como se fosse o último dia. Pude conviver mais com meus colegas e reconhecer os grandes profissionais que temos no SAMU de São Vicente", disse o técnico em enfermagem, Raphael.

"O sentimento é de muito orgulho porque são profissionais que prontamente atenderam à solicitação e dedicaram seu tempo para ajudar pessoas em outro município. Tenho certeza que eles fizeram a diferença em São Sebastião", enfatizou a secretária de Saúde, Michelle Santos. 

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“São guerreiros, profissionais valorosos. Somos todos irmãos e eu só tenho a agradecer porque eles entenderam a importância da ajuda neste momento. São Vicente está junto nessa rede de apoio para que os municípios possam se recuperar. Este gesto simboliza a preocupação que temos para com as demais cidades”, ressaltou o prefeito Kayo Amado.

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