CADÊ O DINHEIRO?

São Sebastião notifica ongs que receberam mais de R$ 30 milhões em doações

Ongs deverão prestar conta à Procuradoria Geral Municipal de todo o valor arrecadado durante o último mês; população protesta pedindo transparência

Da redação
Publicado em 25/03/2023, às 20h15 - Atualizado às 20h43

FacebookTwitterWhatsApp
© Rovena Rosa/Agência
© Rovena Rosa/Agência

As Organizações Não Governamentais (Ongs) e entidades que receberam milhões de reais em doações para ajudar as famílias vítimas da tragédia que atingiu o Litoral Norte no  mês passado, foram notificadas pela Procuradoria Geral do município de São Sebastião para prestarem ‘conta’ sobre o valor arrecadado.

Segundo a administração municipal, do total de 10 organizações que foram oficiadas, duas teriam arrecadado mais de R$ 31 milhões que deveriam ser enviados às populações de São Sebastião, que alegam não terem recebido o valor das Ongs.

De acordo com a prefeitura, o Instituto Verdescola, com sede na Vila Sahy, informou ter arrecadado R$ 14 milhões, enquanto a ONG Gerando Falcões declarou R$ 17 milhões. As organizações terão o prazo de cinco dias corridos para se manifestarem a partir da data do protocolo.

O que dizem as ONGs

Em relatório divulgado à imprensa, o Verdescola diz ter gasto R$ 1,5 milhão em três frentes: acolhimento (atendimentos médicos, psicológico e acomodação de desabrigados); distribuição de itens (fraldas, leite em pó, colchões etc); e operação (inclui desde compra de 150 luvas para militares do Exército até instalação e manutenção de 20 banheiros químicos).

O Verdescola informou ainda a destinação de outros R$ 12 milhões para “apoio psicológico recorrente” e “educação preventiva para áreas de risco”.

A entidade também se compromete com “apoio ao retorno para habitação segura”. “Considerando que urbanização e habitação são atribuições do poder público, a entidade aguarda informações pertinentes para desenvolver plano de ação detalhado”, diz o Verdescola.

© Rovena Rosa/Agência ()

A Gerando Falcões publicou um relatório em seu site. A ONG informa ter bancado a estadia de 595 pessoas em pousadas, por 30 dias, e reservou outros R$ 619 mil para prorrogar a hospedagem.

Outros R$ 4 milhões seriam para construção de moradias provisórias, chamadas no relatório de “soluções de passagem”. Essas unidades serão construídas na Topolândia, mas o governo não informou a fonte do custeio.

A ONG também prevê aplicação de R$ 3 milhões em “tecnologia Favela 3D”, que promete desenvolvimento econômico e social da Vila Sahy.

Protestos

Ainda de acordo com a prefeitura de São Sebastião, a medida da prefeitura ocorreu depois que moradores questionaram o destino de doações organizadas por terceiros.

Há 15 dias, a população de São Sebastião foi às ruas da cidade protestar contra as ongs cobrando transparência nas doações que receberam para amparar as pessoas atingidas pelas chuvas na cidade.

Cobranças

Ongs deverão prestar conta à Procuradoria Geral Municipal de todo o valor arrecadado Dinheiro das ongs (Helton Romano)

O caso das ongs foi alvo de cobranças na Câmara de São Sebastião, na sessão de terça-feira (21). Os Vereadores citaram as ongs. “Muita grana pra ajudar esse povo, mas a grana está retida, não se faz nada”, criticou o vereador Pixoxó. “O povo vai ver esse dinheiro ou a ONG vai embolsar e ficar por isso mesmo?”, questiona Teimoso. “Talvez seja utilizado até em outros projetos fora daqui”, suspeita Reis.

Já o vereador Wagner Teixeira sugeriu que o dinheiro seja usado para indenizar “pessoas que perderam casas”. Os vereadores da cidade acompanham os trabalhos da Procuradoria Geral do município.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!