Ongs deverão prestar conta à Procuradoria Geral Municipal de todo o valor arrecadado durante o último mês; população protesta pedindo transparência
As Organizações Não Governamentais (Ongs) e entidades que receberam milhões de reais em doações para ajudar as famílias vítimas da tragédia que atingiu o Litoral Norte no mês passado, foram notificadas pela Procuradoria Geral do município de São Sebastião para prestarem ‘conta’ sobre o valor arrecadado.
Segundo a administração municipal, do total de 10 organizações que foram oficiadas, duas teriam arrecadado mais de R$ 31 milhões que deveriam ser enviados às populações de São Sebastião, que alegam não terem recebido o valor das Ongs.
De acordo com a prefeitura, o Instituto Verdescola, com sede na Vila Sahy, informou ter arrecadado R$ 14 milhões, enquanto a ONG Gerando Falcões declarou R$ 17 milhões. As organizações terão o prazo de cinco dias corridos para se manifestarem a partir da data do protocolo.
Em relatório divulgado à imprensa, o Verdescola diz ter gasto R$ 1,5 milhão em três frentes: acolhimento (atendimentos médicos, psicológico e acomodação de desabrigados); distribuição de itens (fraldas, leite em pó, colchões etc); e operação (inclui desde compra de 150 luvas para militares do Exército até instalação e manutenção de 20 banheiros químicos).
O Verdescola informou ainda a destinação de outros R$ 12 milhões para “apoio psicológico recorrente” e “educação preventiva para áreas de risco”.
A entidade também se compromete com “apoio ao retorno para habitação segura”. “Considerando que urbanização e habitação são atribuições do poder público, a entidade aguarda informações pertinentes para desenvolver plano de ação detalhado”, diz o Verdescola.
A Gerando Falcões publicou um relatório em seu site. A ONG informa ter bancado a estadia de 595 pessoas em pousadas, por 30 dias, e reservou outros R$ 619 mil para prorrogar a hospedagem.
Outros R$ 4 milhões seriam para construção de moradias provisórias, chamadas no relatório de “soluções de passagem”. Essas unidades serão construídas na Topolândia, mas o governo não informou a fonte do custeio.
A ONG também prevê aplicação de R$ 3 milhões em “tecnologia Favela 3D”, que promete desenvolvimento econômico e social da Vila Sahy.
Ainda de acordo com a prefeitura de São Sebastião, a medida da prefeitura ocorreu depois que moradores questionaram o destino de doações organizadas por terceiros.
Há 15 dias, a população de São Sebastião foi às ruas da cidade protestar contra as ongs cobrando transparência nas doações que receberam para amparar as pessoas atingidas pelas chuvas na cidade.
O caso das ongs foi alvo de cobranças na Câmara de São Sebastião, na sessão de terça-feira (21). Os Vereadores citaram as ongs. “Muita grana pra ajudar esse povo, mas a grana está retida, não se faz nada”, criticou o vereador Pixoxó. “O povo vai ver esse dinheiro ou a ONG vai embolsar e ficar por isso mesmo?”, questiona Teimoso. “Talvez seja utilizado até em outros projetos fora daqui”, suspeita Reis.
Já o vereador Wagner Teixeira sugeriu que o dinheiro seja usado para indenizar “pessoas que perderam casas”. Os vereadores da cidade acompanham os trabalhos da Procuradoria Geral do município.
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