SOLIDARIEDADE

Amor na tragédia: após escapar da morte, barqueiro de São Sebastião socorre vítimas das chuvas

Morador da região mais afetada pelas tempestades conta que escapou de deslizamento "por sorte" e socorre vítimas com seu barco há quase uma semana. “O tanto que puder ajudar todos os dias a gente vai estar ajudando aqui”

Da redação
Publicado em 24/02/2023, às 14h52 - Atualizado às 15h47

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Barqueiro Osmar Santos, durante entrevista ao Portal Costa Norte “Demos sorte que não morremos”, diz morador de São Sebastião Homem apreensivo - Imagem: Sistema Costa Norte
Barqueiro Osmar Santos, durante entrevista ao Portal Costa Norte “Demos sorte que não morremos”, diz morador de São Sebastião Homem apreensivo - Imagem: Sistema Costa Norte

Em meio à desolação do desastre também brotam histórias de solidariedade. Após quase perder seu barco e a vida durante as chuvas em São Sebastião, cidade mais arrasada pelas chuvas no litoral de SP, o barqueiro Osmar dos Santos relata que ele e colegas trabalham de graça há quase uma semana socorrendo desabrigados e transportando mantimentos.

Morador da região da Barra do Sahy, na área mais afetada de São Sebastião, Osmar relata que por já estarem na área do desastre o socorro dos barqueiros começou antes que o oficial chegasse. “Todo mundo se juntou, dos cara que trabalha tudo com barco, e aí começou fazer transporte de ida, de vinda, de Juquehy, de Barra do Una, de Camburi, pra todo mundo, não teve um que nós não levasse. Então, foram os barqueiros todos que se juntaram, que fizeram esse movimento todo no primeiro dia”, contou Osmar em entrevista ao Portal Costa Norte nesta quinta (23).

Osmar afirma que ele e outros barqueiros têm cobrado somente a gasolina de quem pode pagar, mas de moradores que perderam tudo nem isso. “Nós estamos ajudando eles [vítimas] que estão precisando. Nós estamos cobrando só a gasolina, não estamos cobrando frete. Os [moradores do] local a gente leva tudo de graça mesmo”.

Osmar explica como tem sido sua rotina desde o desastre e o que pretende fazer nos próximos dias. “A gente leva água, leva comida, tudo por conta da gente. O pessoal traz e a gente leva até a Barra do Sahy e traz de Barra do Sahy pra Juquehy, todos os dias. Já temos quatro dias aqui na luta. Mas tamo aí pra ajudar. O tanto que puder ajudar todos os dias a gente vai estar ajudando aqui”.

“Demos sorte que não morremos”

Osmar relata que na madrugada de domingo ainda sem saber da dimensão que o desastre tomaria, saiu com familiares e outros barqueiros para retirar seu barco da praia assim que a chuva começou a dar sinais de que seria volumosa. “Começou a chover às oito e meia. Aí, a gente foi tirar os barcos [à] uma hora da manhã, lá na Barra do Sahy, mas quando chegamos já estava tudo alagado”, relembrou Osmar.

Com a água subindo, ele relata que resolveu voltar para sua casa e passou por um morro. Horas depois, diz ele, o morro desabou. “Depois que a gente passou, às três e pouco, acho, que começou a cair todo o morro. Ficamos a noite toda acordados eu, minha esposa e meus filhos. A gente não conseguiu nem dormir porque era tanta barreira caindo pra tudo que é lado. A gente deu sorte de não morrer porque a barreira caiu depois que a gente passou”.

Vítimas das chuvas no litoral de São Paulo

Segundo informações do último boletim do governo estadual, da manhã desta sexta (24) até o momento, foram confirmados 54 óbitos por causa das chuvas, alagamentos e deslizamentos no litoral de São Paulo, sendo 53 em São Sebastião e um em Ubatuba. São 13 homens adultos, 12 mulheres adultas e 13 crianças. Trinta e oito corpos (38) foram identificados e liberados para o sepultamento.

Mais de 4.000 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. 

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