Imagens captadas pelos drones são transmitidas ao vivo para o Centro de Controle Operacional (CCO) da prefeitura santista
Em plena guerra contra a dengue, Santos aprimorou o monitoramento dos locais nos quais os agentes de combate a endemias não têm acesso fácil, para as ações de controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya. Agora, o município utiliza drones de alta performance, com transmissão ao vivo das imagens para o Centro de Controle Operacional (CCO) da prefeitura de Santos.
A meta é visualizar, com precisão, os locais de acesso mais difícil ou nos quais os agentes foram impedidos de entrar ou impossibilitados de atingir (calhas altas, terrenos, imóveis desocupados, entre outros). As imagens oferecem visualização próxima e precisa. Em março, foi realizado um teste em um terreno no bairro Campo Grande e foi verificada grande quantidade de mosquitos, poças de água e materiais inservíveis. O proprietário foi orientado a realizar as adequações necessárias para evitar situações propícias para a proliferação do Aedes aegypti.
Ana Paula Valeiras, chefe do Departamento de Vigilância em Saúde., explica: “Teremos agentes de combate a endemias no CCO acompanhando em tempo real e orientando o piloto do drone em relação às imagens que devem ser captadas mais detalhadamente, para melhor análise, e tomar as medidas necessárias mais rapidamente. O drone também grava as imagens, que são importantes para subsidiar a nossa equipe a sensibilizar o proprietário do local em relação às ações para evitar criadouros”.
Ana Paula informou, também, que a abordagem aos proprietários dos imóveis continua tendo caráter orientativo e de conscientização, voltado à eliminação do problema. “Eles são orientados a fazer as adequações e recebem prazo para realizar as melhorias. A multa é aplicada quando, ao final do prazo, a intimação não for cumprida”.
Os drones utilizados foram adquiridos pela Secretaria de Governo de Santos em novembro de 2023 e colocados à disposição da Saúde, para incrementar as ações de monitoramento. Além de imagens captadas em 4k e geradas ao vivo para o CCO, os equipamentos têm capacidade de armazenamento de 64 GB e 45 minutos de tempo de bateria.
Denis Valejo, secretário de Saúde de Santos, em exercício, ressaltou: “A tecnologia sempre foi parceira da Secretaria de Saúde no combate ao Aedes aegypti. Desde 2012, Santos monitora semanalmente as 481 armadilhas espalhadas em seu território e que medem a infestação do mosquito Aedes aegypti nos bairros e, desde 2019, tem um drone próprio, mas que não faz transmissão ao vivo. Nosso intuito é sempre superar a nós mesmos”.
A Secretaria de Saúde também concluiu um estudo técnico, para a aquisição de um novo drone, muito utilizado em regiões agrícolas, que possui dois reservatórios: um deles será usado para despejo de larvicida (para controle de locais onde foram encontradas larvas de mosquito) e outro para o lançamento aéreo de inseticida (voltado à eliminação de mosquitos na fase adulta). O processo licitatório para a aquisição do equipamento será lançado em breve, de acordo com a administração municipal.
Diferentemente de vários municípios do estado de São Paulo, Santos não decretou estado de emergência para a dengue, pois a cidade não atingiu o mínimo de casos necessários, para tantto: 300 a cada 100 mil habitantes ou 1.260 confirmações da doença em 2024. Segundo o boletim divulgado na quinta-feira (4), Santos tem 1.061 casos de dengue confirmados e 36 de chikungunya.
Para a prefeitura, isso é resultado de ações ininterruptas que o município realiza nos eixos de combate ao vetor, vigilância, assistência, educação e comunicação. Desde a década passada, as arboviroses (doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti) deixaram de ser típicas do verão e circulam o ano inteiro.
Segundo o prefeito Rogério Santos, a cidade "aperfeiçoou o combate às doenças e, nossos índices baixos, em comparação a outras cidades neste momento, são reflexo das ações que tomamos ao longo de todo o ano. Os drones são mais uma importante ferramenta para combater as larvas e o mosquito, já que a tecnologia é uma aliada para a verificação de pontos sujeitos à proliferação e para assegurar o bem-estar das pessoas".
Desde 2012, a prefeitura de Santos realiza o controle do mosquito Aedes aegypti na cidade, por meio das armadilhas que capturam fêmeas de mosquito. A situação em cada bairro está disponível no Santos Portal. As armadilhas atraem as fêmeas do Aedes aegypti, prendendo-as a um cartão adesivo, fixado no interior de um vasilhame de plástico preto. O objeto é um recipiente semelhante a um vaso de planta, preenchido com água (que fica parada), e contém um saquinho com um líquido com aroma de mato (atraente sintético), para atrair o mosquito.
Os dispositivos são instalados em residências e locais previamente selecionados, conforme critérios técnicos. Semanalmente, o monitoramento é realizado para observar se há fêmeas do mosquito na região próxima à qual a armadilha está colocada. Os resultados das contagens são mapeados, propiciando a aplicação de medidas eficazes das ações de controle ao mosquito. Com o número de fêmeas coletado, semanalmente nas armadilhas, faz-se a atualização do mapa do Aedes aegypti.
O mapa indica o índice de infestação nos bairros monitorados, representando, de acordo com a cor da armadilha, o risco de transmissão viral na localidade. Verde significa que não houve coleta de fêmea na semana; amarela, uma fêmea coletada; laranja, duas fêmeas coletadas; vermelha, três ou mais.
Ana Paula diz: “Nós cruzamos os dados das armadilhas com o número de casos de dengue e chikungunya, e é muito comum verificarmos que as regiões onde há mais mosquitos adultos são onde verificamos o maior número de casos. O mapa das armadilhas é um importante norteador das ações de eliminação intensiva de criadouros e de nebulização (aplicação de inseticida). Depois que a nossa equipe age na localidade, o número de fêmeas capturadas volta a diminuir”.
A especialista, no entanto, adverte que todo o esforço do poder público não é suficiente se a população não aderir às ações de controle de criadouros. “Estima-se que 75% dos criadouros estão dentro das residências, e a melhor forma de evitar a dengue e a chikungunya é fazendo com que o mosquito não chegue na fase adulta. Eliminar toda a possibilidade dele se reproduzir é o melhor caminho e não conseguimos estar em todos os lugares ao mesmo tempo. A lição dentro de casa deve ser feita pelo morador, ao menos uma vez por semana”.
Estratégias que a cidade de Santos possui para enfrentar o Aedes
Atendimento a denúncias - Ouvidoria municipal pelo telefone 162 e pelo site da ouvidoria de Santos.