Estabelecimento do profissional, fechado na pandemia, amanheceu sem toldo e homem protestou contra restrições e responsabilizou dependentes químicos da região empregando termo pejorativo; acusação gerou polêmicas nas redes sociais, munícipe e professora da cidade acusou homem de ''destilar ódio'' contra moradores de rua
Um cabeleireiro de Santos chegou ao seu local de trabalho nesta segunda-feira (19) e descobriu que até o toldo de seu estabelecimento havia sido furtado. “Roubaram meu toldo”, protestou o profissional nas redes sociais.
Com ironia, o cabeleireiro protestou contra as medidas restritivas da pandemia que, atualmente, mantém fechados o setor de serviços no estado de São Paulo e acusou aqueles que denominou de ‘’noias” pelo furto. “Obrigado por não deixarem a gente trabalhar e deixar os noias nas ruas roubando”, reclamou.
O profissional, entretanto, não apresentou evidências para a acusação. O termo ‘noia’ é considerado uma forma pejorativa de referência a dependentes de substâncias químicas ilegais em situação de extrema vulnerabilidade. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), a dependência de substâncias químicas é considerada uma doença.
Nas redes sociais regionais, a reclamação do cabeleireiro gerou controvérsia. Uma professora da rede estadual, moradora da cidade, acusou o cabeleireiro de ‘’destilar ódio’’ contra carrinheiros e moradores de rua. “Galera não perde a oportunidade para destilar ódio contra moradores de rua e carrinheiros. Malandro que é malandro não precisa ser mendigo ou carrinheiro. Conheço vários malandrinhos que possuem tetos, roupas lavadas e comidas”, argumentou, com ironia, a professora.
Faça parte do nosso grupo no WhatsApp ➤ http://bit.ly/CNnoticiasdeultimahora2E receba matérias exclusivas. Fique bem informado! 📲
Segundo especialistas em políticas de drogas, a criminalização de usuários de substâncias químicas é parte de um modo controverso e equivocado de se tratar um problema que é mais de saúde pública e menos de segurança.
O setor de serviços, que inclui os salões de beleza, cabeleireiros e barbearias, ficou restrito em Santos durante o lockdown da região e em obediência aos períodos de fase vermelha no estado.
As medidas foram impostas para conter a disseminação das novas cepas da covid que começaram a se alastrar em janeiro e o consequente risco de colapso do sistema de saúde.
Atualmente, São Paulo está em fase de transição da fase vermelha para a laranja, após uma leve estabilização dos números da pandemia, ainda que eles permaneçam em patamares altos.
Do dia 24 ao dia 30, será retomado o funcionamento de estabelecimentos do setor de serviços durante a chamada fase de transição do plano SP.
Uso abusivo de drogas não é vontade, é doença, diz medicina
Na Classificação Internacional das Doenças (CID), a dependência de álcool e de todas as substâncias psicoativas como o crack está na categoria "transtornos mentais de comportamento", sendo considerada uma doença crônica e recidivante (em que o doente tem recaídas), caracterizada pela busca e consumo compulsivo de drogas.
Diversos fatores que levam à dependência ainda são desconhecidos, no entanto sabe-se que o uso abusivo de drogas está ligado a predisposições biopsicossociais, isto é, a conjunção de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Similarmente, o êxito na superação do vício, também está ligado a tais fatores e, de acordo com especialistas, o apoio familiar é crucial na superação.
Comentários