ABUSO

Médico de Santos é investigado por estupro de pacientes desacordadas

Neurocirurgião está com registro profissional suspenso por supostamente manter pornografia infantil e abusar de pacientes; defesa nega as acusações

Rebeca Freitas
Publicado em 23/10/2023, às 16h39 - Atualizado às 17h05

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Médico teve seu registro profissional cassado após acusações - Reprodução/ Instituto João Luis Cabral
Médico teve seu registro profissional cassado após acusações - Reprodução/ Instituto João Luis Cabral

Um médico está sendo investigado pela Polícia Civil por supostamente armazenar pornografia infantil e estuprar pacientes desacordadas, em Santos, litoral de São Paulo. O  neurocirurgião João Luis Cabral Júnior, de 52 anos, chegou a ser preso em flagrante durante a investigação, dia 26 de setembro, quando a polícia realizou uma busca e apreensão em sua casa, mas foi liberado durante audiência de custódia no dia seguinte. Ele responde em liberdade ao processo que tramita em segredo de Justiça para preservar as possíveis vítimas. 

Segundo a defesa do médico, ele nega todas as acusações. O caso é apurado pela Delegacia Seccional de Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, que tem equipes especializadas na investigação de pedofilia. As denúncias apresentadas contra o médico resultaram na abertura de um inquérito para atestar o armazenamento de material com pornografia infantil. 

O Portal Costa Norte teve acesso ao boletim de ocorrência sobre o caso e, conforme o documento, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, uma equipe se dirigiu à residência do neurocirurgião. Ao ser informado sobre o motivo das buscas, o indiciado negou de forma veemente qualquer prática criminosa, alegando ser um conceituado médico neurocirurgião, com consultório próprio e que coordena a clínica do Hospital Associação Policial de Assistência à Saúde da Baixada Santista (Apas).

Ainda de acordo com o documento, os policiais apreenderam um computador com HD externo, notebooks e o celular. Em uma breve verificação preliminar dos aparelhos, os policiais encontraram imagens de crianças e adolescentes sexualmente expostas. Havia também fotos e vídeos gravados pelo próprio médico envolvendo as pacientes.

Uma delas teve as partes íntimas fotografadas quando estava sedada em uma maca para um procedimento cirúrgico. Outra jovem teria sido fotografada de camisola e calcinha, enquanto dormia na maca de um hospital. O médico teria ainda filmado por baixo da mesa a intimidade de uma paciente que estava de saia durante uma consulta com ele.

Em um dos arquivos apreendidos, o médico aparece fazendo uma selfie em uma sala hospitalar e, em seguida, filma uma paciente que aparenta estar sob sedação. Após retirar o lençol que cobre a mulher, ele afastou a calcinha e colocou o dedo na vagina da vítima. O fato foi caracterizado como possível estupro de vulnerável pela investigação.

Acompanhamento jurídico do caso 

A defesa do médico, o advogado Eugênio Malavasi, informou que ele foi liberado durante a audiência de custódia um dia após ter sido preso em flagrante por "ausência de pressupostos e fundamentos da prisão preventiva". E ainda que o médico é inocente de todas as acusações, o que será provado no momento processual oportuno. 

Em nota enviada ao Portal Costa Norte, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que o médico teve o registro profissional suspenso dia 2 de outubro por decisão judicial. O órgão disse que também apura o caso, respeitando o sigilo determinado por lei.

Quem é acusado

Segundo o portal oficial do médico (Instituto João Luis Cabral),  que atualmente está fora do ar, ele se formou em Neurocirurgia em 2000 e, sete anos depois, foi médico militar do Exército Brasileiro. Na descrição do site ele diz: "O meu compromisso é um atendimento médico humanizado, sendo que a base central será sempre o paciente e não sua doença, com atualizações médicas constantes, sempre oferecendo o que há de melhor".  Ainda conforme o Instituto, o médico busca "ser referência em Neurotrauma e Dor na Baixada Santista e região".

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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