MEIO AMBIENTE

Peixe-cobra assusta banhistas em praias de Santos; conheça a espécie

Animais marinhos foram avistados na areia entre os canais 1 e 6 no sábado (9), causando curiosidade e medo em banhistas que presenciaram a 'invasão'

Rebeca Freitas
Publicado em 13/09/2023, às 11h55 - Atualizado às 14h57

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Espécie marinha foi vista entre os canais 1 e 6 - Reprodução/ Val Nete
Espécie marinha foi vista entre os canais 1 e 6 - Reprodução/ Val Nete

Uma grande quantidade de enguias do mar, também conhecidas como miriquitas, foram avistadas nas praias de Santos no sábado (9). A espécie marinha foi vista desde o Canal 1, próximo à divisa com São Vicente, até o  Canal 6 na Ponta da Praia. Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente de Santos afirmou que o animal é inofensivo, não tem ferrão nem veneno e não ataca o ser humano. As enguias foram levadas pela GCM  para o Aquário Municipal. 

Segundo o biólogo Marco Aurélio Gattamorta, técnico responsável pelo setor de biologia do aquário, apesar de inofensivos, não é recomendado que banhistas manuseiem os bichos.  “Eles não são peçonhentos nem venenosos, mas podem morder e  causar pequenas lesões; por isso, é melhor evitar pegá-los”, afirma.  

Gattamorta afirma que o nome popular mais utilizado aqui no sudeste é enguia da areia, mas no nordeste são popularmente conhecidas como miriquitas. Segundo ele, os animais que frequentemente são confundidos com outras espécies são na verdade peixes.

Eles não são enguias e nem serpentes e, sim, peixes marinhos que vivem em sedimentos arenosos, normalmente entre um e 90 metros de profundidade”.

As enguias da areia são organismos bentônicos por viverem no fundo do mar, podendo chegar até 90 cm de comprimento. “O corpo alongado é utilizado para se enterrar na areia, onde predam pequenos animais como camarões. Ocorrem no litoral do oceano Atlântico desde o Canadá até o sul do Brasil”, explica Marco. 

A espécie é onívora (alimenta-se de tudo), mas principalmente de caranguejos e camarões, sendo que durante o dia se mantém escondida no substrato. Em áreas arenosas, seu método de se alimentar inclui esconder a ponta da sua cauda na areia e destruir o esconderijo de suas presas ao bater vigorosamente a parte posterior do corpo. Ela faz isto até que o esconderijo esteja com o buraco de entrada largo o suficiente para ela colocar a cabeça dentro e capturar a presa.

Segundo o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), trata-se da espécie Ophichthus gomesii, peixe ósseo, da família Ophichthidae. Ele é classificado como um anguiliforme, ordem de peixes que possuem o corpo longo e cilíndrico à qual pertencem também as moreias.  O gênero Ophichthus vem do grego e seu significado é uma mistura de ophis (cobra), mais ichthys (peixe).

Banhistas que presenciaram os bichos na praia afirmaram que eles estavam com a boca aberta e pareciam ofegantes. Para Marco, isto não é tão estranho considerando que eles vivem dentro d'água e que o fato de estarem na areia pode ter ocasionado a aparência esbaforida. 

Para o biólogo, o que não é normal é o lugar em que os peixes estavam. Frequentadores das praias afirmam nas redes sociais que a maré estava suja perto dos pontos onde os bichos foram encontrados. 

Estes animais saíram do mar para a praia, e isso não é comum. Pode ter tido um evento de contaminação, ou até mesmo um evento climático, mas tudo isso é especulativo. Porém, vir para a praia não é comum desses bichos”, expõe o biólogo. 

O representante do aquário de Santos afirma ainda que a instituição pretende enviar os animais para serem analisados por um especialista em peixes da Unifesp para confirmar a classificação da espécie. A prefeitura de Santos afirma que a Guarda Municipal monitora a área da praia em que os animais apareceram.

Caso em 2022 

Uma ‘invasão’ semelhante foi registrada em julho de 2022, também em Santos. Na época, peixes semelhantes a cobras assustaram os banhistas. Ao menos dez foram vistos por banhistas entre as praias do Canal 2 e do Canal 4. Eram peixes da espécie Congro e eles apareceram na faixa de areia após terem sido descartados em uma pesca de arrasto, segundo informações do G1.

Na pesca de arrasto, que é bastante comum na indústria pesqueira, uma grande rede é arrastada ao longo do fundo do oceano para recolher tudo o que estiver em seu caminho. Pesquisas associaram a prática a impactos ambientais, como a captura de grandes quantidades de espécies não visadas e chamadas coletivamente de “capturas acessórias”, assim como a destruição de leitos em águas rasas.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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