Com altas acima de 12% em 2022, Santos tem quarto aluguel médio mais caro e Praia Grande tem o décimo entre cidades pesquisadas pelo FipeZap+
O preço médio do aluguel de imóveis residenciais em Santos subiu em 2022 mais que o dobro da inflação oficial no mesmo período (5,79%), de acordo com o índice FipeZap+ divulgado recentemente. Na vizinha Praia Grande, o aumento é ainda mais acentuado, superando em mais de um triplo a inflação.
Os dados da pesquisa fazem parte de um monitoramento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que acompanha os preços de aluguel de imóveis residenciais (somente apartamentos) em 25 cidades brasileiras, incluindo 11 capitais, com base em anúncios digitais.
Segundo o índice, no acumulado de 2022, o aluguel subiu 12% em Santos e 16,12% em Praia Grande, duas únicas cidades do litoral paulista a compor o levantamento. Praia Grande registra a oitava maior alta fora das capitais e Santos a décima.
Apesar da alta, os aumentos em Santos e Praia Grande são menores que o acumulado médio de todas as cidades da pesquisa, 16,55%, o maior nos últimos 11 anos. Entre as cidades pesquisadas, Santos tem o 4º metro quadrado mais caro para se alugar, atrás apenas de Barueri, Recife e São Paulo. Praia Grande tem o décimo (veja as listas abaixo).
Especialistas atribuem os aumentos ao preço do crédito e ao repasse da inflação represada no pós-pandemia. “O grande vilão da história está nas taxas de juros, elevadas demais”, avaliou Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo), em entrevista ao Portal Costa Norte nesta terça (17).
“Os juros muito elevados estão impedindo que as pessoas possam comprar seu imóvel. Sobra alugar, e aí, no aluguel, vem um outro problema: o número de investidores em imóveis pra locação no Brasil é muito baixo, porque a legislação brasileira é muito restritiva com o proprietário do imóvel. Com isso, o investidor tem medo de investir nesse segmento, o que diminui a oferta e aumenta os preços”.
Em cidades litorâneas ou turísticas, a alta também é associada ao aquecimento do mercado imobiliário. “Santos e Praia Grande têm uma característica de muito desenvolvimento econômico nos últimos cinco anos, Santos até há mais tempo. Você vê que Praia Grande assumiu agora a segunda posição em população da Baixada [Santista]”, explica o presidente do Creci-SP. Uma prévia do Censo de 2022 divulgada recentemente pelo IBGE revelou um crescimento populacional acima do esperado em Praia Grande.
A expectativa é de que em 2023 os aumentos dos aluguéis sejam menores, avalia Viana Neto. “Eu acredito que nesse ano o aluguel continue aumentando, mas com menor intensidade. Nós não podemos perder de vista que cerca de 60% dos aluguéis, falando em Santos e Praia Grande, são de valores abaixo de R$ 1500, muito provavelmente vai ter oferta de juros em percentuais mais baixos que os de hoje e o governo atual está imprimindo velocidade na conclusão de conjuntos habitacionais que estão parados há muito tempo. Isso, somado ao financiamento de novos empreendimentos para moradia popular, pode atenuar os juros altos.”
Alugueis que mais subiram fora das capitais
São José (SC): 42,41%
Barueri (SP): 23,27%
São José dos Campos (SP): 20,9%
Campinas (SP): 19,68%
Niterói (RJ): 18,44%
Ribeirão Preto (SP): 17,83%
São José do Rio Preto (SP): 16,27%
Praia Grande (SP): 16,12%
Santo André (SP): 12,43%
Santos (SP): 12%
Cidades com m² mais caro para se alugar (em R$)
Barueri (SP): 50,56
São Paulo: 45,50
Recife (PE): 41,68
Santos (SP): 38,96
Florianópolis (SC): 38,81
Rio de Janeiro: 37,78
Brasília (DF): 37,11
São José (SC): 34,72
São José dos Campos (SP): 32,68
Praia Grande (SP): 32,27
Maiores altas nos aluguéis entre as capitais
Goiânia (GO): 32,93%
Florianópolis (SC): 30,56%
Curitiba (PR): 24,47%
Fortaleza (CE): 21,33%
Belo Horizonte (MG): 20,01%
Rio de Janeiro: 17,93%
Recife (PE): 17,07%
Salvador (BA): 16,56%
São Paulo: 14,63%
Porto Alegre (RS): 11,14%
Comentários