Prefeitos e parlamentares buscam solução contra o fechamento da Usiminas

Costa Norte
Publicado em 09/11/2015, às 08h07 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h46

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*Foto: JCN

Os impactos gerados pela paralisação parcial das atividades da Usiminas em Cubatão deverão ultrapassar os quatro mil empregos diretos, com a estimativa de comprometer cerca de 25% do orçamento municipal. Além disso, todos os empreendimentos que lidam diretamente com a empresa serão afetados. Para discutir todos estes possíveis impactos, prefeitos e parlamentares da Baixada Santista participaram de vários encontros durante a semana.

De acordo com a prefeita de Cubatão Marcia Rosa, o orçamento ficará sensivelmente comprometido. “Uma cidade vive de arrecadação de tributos, de IPTU, ISS, ICMS e, se essa situação não for revertida, nós vamos encontrar outra saída. Uma coisa eu garanto, a cidade não vai fechar, a cidade vai continuar e prosperar como tem prosperado na última década e vai conseguir superar como superamos outras crises”. A declaração foi feita após reunião com a diretoria da unidade e parlamentares. Anteriormente, em encontro do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), realizado na mesma data, a prefeita avaliou que o fechamento parcial da Usiminas acarretaria o “fechamento de uma cidade inteira e de impactos gravíssimos em toda a região”.

O encontro do Condesb resultou na criação de uma moção pública (Carta da Baixada Santista), a qual solicita à direção da Usiminas que a suspensão da produção de aço na usina de Cubatão, assim como as demissões, não ocorram no prazo de 120 dias. A reunião contou com a participação de prefeitos, deputados, membros do governo do estadual, líderes sindicais e representantes da sociedade civil. O presidente do Condesb, o prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa, afirmou que as autoridades deverão atuar coletivamente no enfrentamento da situação. “Temos o compromisso de encontrar soluções que evitem o fechamento da usina e o corte de empregos de milhares de trabalhadores”.

O vice-governador Márcio França, secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, comentou na reunião que, pela expectativa de retomada econômica no próximo ano, o objetivo é evitar o corte destes empregos. Ele afirmou também que o estado está aberto para a discussão de propostas que visem a solução do problema.

As discussões sobre os impactos na região e medidas para reverter a situação continuaram em encontro entre a diretoria da unidade de Cubatão e parlamentares da região, além da prefeita. Presente ao encontro, o deputado federal Marcelo Squassoni (PRB) revelou que buscará informações sobre a aplicação dos investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Usiminas. “Nós queremos saber o dinheiro que o BDNES mandou para essa empresa, para que ela fizesse investimentos aqui, se de fato foram colocados na planta de Cubatão, e onde foi colocado esse dinheiro. Queremos saber, daqui para frente, o que eles pretendem para o município de Cubatão e toda essa região”. O deputado ressalta também que, além de 20% do município depender da siderúrgica, as cidades da região sentirão os impactos deste fechamento parcial.

Os parlamentares destacaram que a suspensão das atividades deverá causar impacto também em comércios e transportadoras e afetar moradores de outros municípios, que atuam na Usiminas. De acordo com o vereador de Praia Grande Carlos Karan (PDT), a empresa possui em seu quadro de funcionários, principalmente, pessoas residentes nos municípios de Cubatão, São Vicente e Praia Grande.

Alguns dos vereadores presentes criticaram o governo federal sobre a comercialização do aço chinês no mercado nacional, a que eles atribuem como uma das causas para a crise deste setor no país. O vereador de São Vicente Júnior Bozzella (PSDB) acredita que cabe aos governos estadual e federal a implantação de medidas de incentivo, para estimular a produção do aço no país, a fim de driblar os baixos preços praticados na importação do aço chinês.

Encerramento

A suspensão parcial das atividades da Usiminas em Cubatão foi divulgada no dia 29 de outubro, como uma medida temporária para “fortalecer a capacidade competitiva da companhia diante do contexto de progressiva deterioração do mercado siderúrgico”. A desativação abrange as áreas primárias da unidade: sinterizações, coquerias, altos-fornos (sendo um paralisado desde maio de 2015), aciaria e de atividades associadas a estas áreas. A estimativa é que este processo seja concluído entre três e quatro meses. Desta forma, a unidade fica restrita às áreas de laminação (tiras a frio e tiras a quente) e terminal portuário. A empresa busca alternativas de suprir estas linhas com placas para ser laminadas.

A Usiminas informou também ter registrado um prejuízo líquido de R$1,04 bilhão somente no terceiro trimestre do exercício, contra prejuízo líquido de R$780,8 milhões, no segundo trimestre do exercício. De acordo com a empresa, a crise deve-se, principalmente, a forte desvalorização cambial no período e o cenário de desaquecimento nos mercados siderúrgico e de minério de ferro. Tudo isso, aliado aos altos custos de produção e à concorrência do aço importado da China, teria refletido em uma queda na capacidade de operação, em menos de 70%. Segundo o presidente da Usiminas Rômel Erwin de Souza, estes fatores forçaram a reconfiguração de suas operações. “O cenário mundial e doméstico para a siderurgia foi determinante para reposicionarmos a Usiminas em um patamar de escala mais viável a sua competitividade no curto e médio prazos.”

A direção da siderúrgica ressaltou que, apesar de cientes dos impactos sociais da suspensão, na Baixada Santista, a desativação foi necessária para a própria sustentabilidade da Usiminas como empresa, já que suas atividades também interferem em uma cadeia produtiva estratégica para a economia, como a indústria automotiva, de máquinas e equipamentos, construção civil, linha branca, naval, óleo e gás, distribuidores, entre outros.

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