Após falirem em Mauá, família de comerciantes vive dia de cão ao visitar Praia Grande; parados em operação policial quando iam embora, eles descobriram que carro emprestado em que estavam era furtado e foram arrastados para "situação absurda"
Um casal de comerciantes de Mauá viveu o ápice de uma maré de má sorte diante do belo mar de Praia Grande no último fim de semana em visita à cidade praiana. “Parece que eles entraram em um pesadelo, em um filme, com uma situação absurda”, refletiu o advogado criminalista Jonathan Pontes, representante da família, em entrevista ao Portal Costa Norte nesta terça-feira (24).
Dois dias antes, no domingo (22), durante o primeiro fim de semana sem as restrições da pandemia, diz Jonathan, o casal de comerciantes pegou seu filho de nove anos e saiu de Mauá em um carro supostamente emprestado para passar “um dia tranquilo” e visitar amigos em Praia Grande, tal como fizeram outras milhares de famílias paulistas.
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No entanto, tranquilidade não está entre as sensações vividas pelo pai de 35 anos que dirigia o carro, sua esposa e a criança. Aproximadamente às 21h de domingo, parados em uma operação policial na rua Aruás, na região do bairro Tupi, o casal descobriu que existia uma queixa de três dias antes por furto do veículo em que estavam, um Renault Logan, e foi parar na delegacia onde teve de prestar esclarecimentos. O comerciante que conduzia o veículo com sua esposa e filho ao lado pode responder por receptação.
“Eles desceram pra Praia Grande pra passar um final de semana diferente, pra vir à praia e acontece tudo que aconteceu”, sintetizou o advogado em nome da família que preferiu não se identificar.
Segundo Jonathan, desde o início da pandemia, a família de comerciantes enfrenta dificuldades comerciais e recentemente teve de arcar com uma falência que os obrigou a vender seu carro há cerca de um mês. “[Eles] foram donos de padaria, com a pandemia, faliram, coitados. Tiveram que vender tudo. Venderam um carro agora, tem cerca de 30 dias”, explica o defensor.
Falidos, os comerciantes de Mauá pegaram o carro emprestado com um amigo para passar um dia na praia, segundo o advogado, sem saber que o automóvel na realidade era produto de furto e, com isso, desceram um pouco mais na ladeira sinuosa da má sorte. “O cara [amigo] chegou e emprestou ‘oh, pega o carro aqui, pode ir lá, não tem problema nenhum. E aconteceu o que aconteceu”, lamenta o advogado do casal, que completa.
“Eu olhava pra cara dele [comerciante] e ele me falava. ‘Meu Deus do céu, doutor, se eu te falar o que aconteceu. Vim aqui pra passar um domingo, fui ao restaurante, fui à praia, e aí eu tô indo embora com a minha família e aconteceu isso’. [Eles] são pessoas evangélicas que já estão passando por uma situação meio complicada”, explica o advogado.
No primeiro DP de Praia Grande, o comerciante teve que dar explicações sobre o motivo de conduzir um carro furtado. “O plantão policial, os investigadores e o delegado foram atenciosos. Atenderam rapidamente. Até a Polícia Militar, inclusive, viu a situação real que não se tratava de um criminoso, mas de um pai de família e agilizaram o trâmite para que eles fossem logo liberados”, afirma o advogado.
O boletim de ocorrência do caso confirma a versão do advogado. Em depoimento, o comerciante afirma que pegou o carro emprestado com um amigo para viajar com sua família. O amigo, disse o comerciante, lhe entregou o carro e a chave original no dia anterior à viagem.
Ele, o comerciante, argumentou que não sabia que o veículo era furtado e disse acreditar que seu amigo também não sabia, pois ele, o amigo, costuma realizar negócios com veículos.
No entanto, a autoridade policial desconfiou sobre o porquê do veículo, apesar de ser furtado, estava com a chave original e não descartou a hipótese de fraude de seguro. Por isso, além do veículo, o celular do comerciante que dirigia foi apreendido para investigações futuras.
“Agora será aberta investigação. São coisas da vida. Hoje em dia tem que ficar esperto três vezes, né? Tomar cuidado até com a sombra”, reflete o criminalista. Ele afirma que vai representar a família no caso.
Segundo apurado pelo Portal Costa Norte, o veículo pertence a um homem de 51 anos, morador da Vila Formosa, na capital paulista. Na segunda-feira (23) ele recuperou seu carro, após ser informado de que o veículo havia sido apreendido em Praia Grande.
“Graças a Deus eu tô com o meu carro de volta. Sou motorista de aplicativo. Eu uso [o carro] pra trabalhar. Pra mim isso aí já tá encerrado”, afirmou o proprietário do carro, que também preferiu não se identificar, na manhã desta terça-feira, enquanto se apressava para buscar um passageiro no Renault Logan.
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