Cidade da Baixada Santista é uma das que tem média pluviométrica anual mais altas do Brasil
Esther Zancan
Publicado em 08/02/2023, às 15h25 - Atualizado às 15h49
Praia Grande, localizada bem no centro da Baixada Santista, além de ser uma cidade em que sua população fixa não para de crescer, é um dos destinos preferidos de turistas em busca de dias agradáveis à beira-mar. Mas, ser uma cidade litorânea não significa que o sol faz morada por lá. Muito pelo contrário.
O clima em Praia Grande não conhece monotonia: chuvas, neblinas, ventos de noroeste, trovoadas… Tem de tudo um pouco por lá. Só fica faltando neve e geada mesmo. Quer ficar conhecendo melhor o clima da cidade? Então, confere esse bate-papo que o Portal Costa Norte teve com Rodolfo Bonafim, consultor em Climatologia, Astronomia e Geologia da ONG Amigos da Água, que explicou tudo tim-tim por tim-tim.
Bonafim explicou pra gente que o clima de Praia Grande, de um modo geral, pode ser definido como clima tropical úmido de transição. Praia Grande se localiza um pouquinho abaixo do Trópico de Capricórnio, que corta o estado de São Paulo mais ou menos na altura de Sorocaba, no interior, o que teoricamente faria com que a cidade tivesse um clima subtropical. Mas na prática é um clima tropical, porque recebe muitas massas de ar quente. Praia Grande está no limite entre o clima tropical e o subtropical, no limite entre as massas de ar quente tropicais e massas de ar frio subtropicais.
O consultor em climatologia também nos contou que o mês mais chuvoso do ano em Praia Grande é janeiro: “A média pluviométrica anual da cidade é uma das maiores do Brasil. Chove por volta de 2.500 mm por m² ao ano em Praia Grande. Isso a faz uma das cidades mais chuvosas do litoral brasileiro e chega a ser até mais chuvosa que algumas regiões da Amazônia”, disse Bonafim.
O mês mais quente em Praia Grande é fevereiro. Bonafim explicou que, por ter um clima muito chuvoso, Praia Grande, nesta época do ano, recebe muitas tempestades. O clima é bastante instável no verão praiagrandense.
Em épocas de La Niña (fenômeno que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico próximo a Linha do Equador) e que está atuando ainda neste verão 2023, Praia Grande chega a receber até massas de ar um pouco frias. Sem La Niña, os verões em Praia Grande costumam ser bastante quentes.
Mas Bonafim lembra que, sendo atualmente uma das cidades mais verticalizadas no litoral do Brasil, junto com Santos e Balneário Camboriú, essa construção civil em massa em Praia Grande e o aumento da população, fez com que a cidade ficasse um pouco mais aquecida. A temperatura média de Praia Grande aumentou comparada com 20 anos atrás, por causa das ilhas de calor. Mesmo no verão, antigamente as noites tinham temperaturas relativamente amenas na cidade, comparando com Santos, por exemplo. Hoje em dia ela está mais abafada e a brisa marinha fica um pouco represada pelo tanto de prédios.
O outono em praia Grande, como em outras cidades da Baixada Santista, é a melhor época do ano em termos de estabilidade do clima, segundo Bonafim. Em alguns anos o outono é até chuvoso, mas no geral, é uma época de temperaturas bastante agradáveis. Os dias tendem a ser bastante ensolarados, com céu claro e quase sem nuvens, o que é ideal para quem curte fotografar a orla #ficaadica.
A partir de maio começa a esfriar em Praia Grande. Em alguns anos até acontece de o frio atrasar, mas normalmente é neste mês que começam as incursões de massas de ar polar. Julho e agosto são os meses mais frios do ano. Bonafim lembra que são nesses meses que normalmente acontece um fenômeno chamado “neblina de mar”.
A neblina de mar acontece quando a temperatura da água do mar fica muito baixa e, quando chega uma massa de ar mais aquecida do interior do continente e toca a lâmina de água do mar mais fria acontece a condensação, o que chega a prejudicar a visibilidade na cidade e também de embarcações.
Bonafim lembra outro fato curioso sobre a neblina de mar: ela cobre apenas a região de orla, não subindo a Serra do Mar. Em alguns anos mais frios, o fenômeno se estende até setembro. A neblina de mar acontece desde Cananéia, no litoral sul paulista, até mais ou menos Bertioga. No Litoral Norte de SP o fenômeno é bem mais raro, pois lá a água do mar na época do inverno é até fria, mas não a ponto de gerar nevoeiros mais fortes.
A primavera em Praia Grande é uma estação muito turbulenta. Bonafim contou que é normal acontecerem ventanias, algumas trovoadas e também chuva, principalmente em tempos de La Niña. Aliás, falando em raios, até por sua extensa orla, moradores e turistas da cidade devem sempre tomar cuidado com as descargas elétricas. O consultor lembra que as praias são um dos locais mais perigosos quando ocorrem descargas elétricas.
Outra curiosidade do clima praiagrandense é o vento de noroeste, que costuma atingir outras cidades do litoral. Mesmo no inverno, o noroeste - um vento quente e seco vindo do interior do continente - costuma anteceder as frente frias e pode elevar as temperaturas até 35 graus mesmo nos meses mais frios.
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