DENÚNCIA

Cadeirante denuncia ação de hipermercado em PG ao tentar vender balas: "Só quero trabalhar"

Lívia Mendes afirmou que estava vendendo seus produtos na fachada do estabelecimento, mas foi informada de que teria que ir para 'mais longe'. Hipermercado ainda colou um cartaz desestimulando os clientes a comprarem da jovem

Da redação
Publicado em 27/06/2021, às 09h44 - Atualizado em 28/06/2021, às 11h01

FacebookTwitterWhatsApp
Lívia vendeu bolos de pote, depois passou a vender brigadeiros, mas perdia os produtos quando não conseguia vender Cadeirante é expulsa de hipermercado em Praia Grande ao tentar vender balas: "Só quero trabalhar"
Lívia vendeu bolos de pote, depois passou a vender brigadeiros, mas perdia os produtos quando não conseguia vender Cadeirante é expulsa de hipermercado em Praia Grande ao tentar vender balas: "Só quero trabalhar"

Uma jovem cadeirante de Praia Grande divulgou sua indignação ao ser impedida de vender balas na saíde de clientes do hipermercado atacadista Assaí, no bairro Emboaçu. Lívia Mendes tem 24 anos e vende doces para sustentar sua filha de 3 anos.

No último sábado (26) ela compartilhou que foi expulsa do local e que funcionários chegaram a colocar cartazes pedindo para os clientes não ajudarem. "Uma viatura chegou a me tirar do local, mas eu não gravei", lamentou.

Lívia teve paralisia cerebral aos 9 meses de idade e perdeu os movimentos aos 17 anos, quando precisou fazer uma cirurgia. No entanto, devido ao trabalho, ela não conseguiu realizar as sessões de fisioterapia e não voltou a andar. 

Mudança de rota

Em 2020, aos 22 anos, a jovem começou a assistir vídeos de culinária e produzir doces para vender. Lívia fez diversos cursos para aprender a confeccionar bolos.

Lívia vendeu bolos de pote, depois passou a vender brigadeiros, mas perdia os produtos quando não conseguia vender Cadeirante é expulsa de hipermercado em Praia Grande ao tentar vender balas: "Só quero trabalhar" ()

Ela começou vendendo bolos de pote nas ruas e depois passou a vender brigadeiros. "Eu tava tendo muita perca porque, às vezes, não vendia e tinha que jogar fora. Então comprei uma caixinha de jujuba [que tem maior prazo de validade] e comecei a vender aqui", disse.

Desde então, ela vende na frente do hipermercado, devido ao fluxo de pessoas do local. Mas, na semana passada, um gerente a abordou. "Ele perguntou se eu não tinha medo do Conselho Tutelar vir pegar minha filha. Eu falei que eu tinha medo da minha filha passar necessidades. Não é minha filha que trabalha, sou eu. Ela vem comigo porque eu não tenho com quem deixar", explicou.

"Nesse dia um funcionário que trabalha no carro forte, e que estava ali pra fazer o recolhimento do dinheiro, viu e me abraçou. Disse pra eu não desistir. Os clientes viram e, como incentivo, compraram todas as minhas balas".

https://www.facebook.com/PGinfomidia/videos/200269021987679

No dia seguinte, um cartaz amanheceu colado na porta do estabelecimento. "Uma placa falando pras pessoas não colaborarem com dinheiro, porque a maioria das vezes o dinheiro é utilizado com drogas, com bebidas. Eu não uso droga, eu venho pra cá pra buscar o sustento da minha filha. É um trabalho".

Hipermercado colou cartaz um dia após gerente chamar atenção da vendedora Cadeirante é expulsa de hipermercado em Praia Grande ao tentar vender balas: "Só quero trabalhar" (Reprodução)

Clique e faça parte do nosso grupo no WhatsApp ➤ http://bit.ly/CostaNortesonoticias4 & receba matérias exclusivas. Fique bem informado! 📲

A situação ficou delicada quando, na sexta-feira (25), o segurança afirmou que Lívia não poderia ficar ali. "O segurança veio e me falou que eu não poderia ficar aqui. Falei 'Onde que eu posso ficar?'. Ele respondeu: 'Mais pro canto'. E eu fui, mas ele mandou eu sair novamente. Eu sou educada, eu não incomodo as pessoas, não tem porque fazer isso comigo", explicou a jovem.

https://www.facebook.com/PGinfomidia/posts/4676517799030066

De acordo com Lívia, ele passou a humilhá-la e os clientes intervieram para defendê-la e os funcionários a deixaram trabalhar. "Logo após chegou uma viatura no local, mas não me falaram nada dessa vez. Apesar de muito triste, não posso me abater, minha filha precisa de mim e eu preciso trabalhar", suplicou.

A jovem aproveitou o espaço para pedir oportunidades a quem puder ajudar. "Eu não ando, mas não escolho trabalho, o que aparece eu faço. Tenho experiência de caixa, atendente de loja, auxiliar administrativo. Meu contato é (13) 99674-7942".

Resposta

Em resposta, a assessoria de imprensa do Assaí atacadista informou que a loja da Praia Grande orienta os vendedores que trabalham do lado de fora da unidade a não bloquear a entrada principal ou a saída. Ressaltou, também, que o cartaz mencionado se trata de um material oficial da Secretaria de Assistência Social do município no intuito de orientar os clientes sobre a presença de pedintes, bastante comum na região.

Por fim, a loja esclarece que a ida da polícia à unidade na última sexta-feira (25) não teve relação com a vendedora.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!