Porto busca alternativas à crise e alcança novos clientes

Costa Norte
Publicado em 13/07/2015, às 08h11 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h38

FacebookTwitterWhatsApp
Costa Norte
Costa Norte
Crise permitiu aproximação com clientes antes inalcançáveis, agora interessados em cortes nos custos

O porto de São Sebastião vem amargando um déficit mensal de R$200 mil em decorrência da crise econômica. Segundo dados da Companhia de Docas de São Sebastião (CDSS), em 2014, o faturamento portuário era de R$2,5 milhão, mas, atualmente, gira na base de R$1,7 milhão ao mês – uma redução de mais de 30%.

Porém, os operadores privados e a CDSS conseguiram, em meio à crise, vislumbrar uma excelente oportunidade: alcançar clientes até então inatingíveis. Felipe Santana, diretor de operação da Polo Operadores, explica: “Quando o mercado está funcionando bem, o cliente não contesta o armador, que, por facilidades e hábito, prefere ir para Santos. Mas, em um momento como o atual, esses clientes, importadores e exportadores, aceitam estudar alternativas, correr o risco de mudar padrões. Temos tido a coragem de levar alternativas a essas empresas, agora dispostas a ouvir opções de cortes de gastos”.

Esses cortes estariam na grande economia ofertada pelo porto sebastianense. Segundo a CDSS, o porto de São Sebastião apresenta a tarifa mais competitiva do país, para cargas de projetos e especiais. “Em alguns casos, nossos custos de operação portuária, evolvendo armazenagem, atracação etc., chegam a ser entre 50% e 70% mais baratos que os do porto de Santos”, complementa Santana.

A maior diferença estaria na forma de calcular a tarifa: Santos baseia seus custos em metragem cúbica e valor de carga, enquanto São Sebastião mede suas taxas em tonelagem. “Isso é um fator predominante no custo de carga armazenada, principalmente quando lidamos com cargas especiais, de grandes dimensões. Para empresas que trabalham com importação e exportação de fábricas ou reatores, por exemplo, o nosso porto é perfeito. Tem espaço para armazenagem e melhor preço, já que não está em cima do valor da carga – altíssimos nesses itens -, mas do peso”, conta o diretor de operações.

Além disso, segundo a CDSS, o cais do porto teria sido projetado especialmente para cargas superdimensionadas e pesadas. “Temos conseguido levar essa informação, oferecendo a opção mais barata para importadores e exportadores, além de agências de carga. Com isso, criamos a demanda desses clientes, que passam a apontar São Sebastião como o porto de sua preferência para os armadores”.

Localização privilegiada

Sem considerar o preço, claramente um fator decisivo nas negociações e aproximações comerciais, o porto sebastianense teria também como atrativo sua proximidade com o mercado consumidor: as áreas industriais do Vale do Paraíba, Campinas, sul de Minas e sul do Rio de Janeiro. Segundo Santana, “temos proximidade terrestre, já que se tratam de percursos de, no máximo, 400km de caminhão”.

A CDSS destaca outra vantagem nesse sentido: a ausência de restrições logísticas entre São Sebastião e o planalto, como, por exemplo, a não existência de túneis rodoviários – um fator possivelmente impeditivo para o transporte de cargas de altura e dimensões elevadas.  A eficiência do desembaraço aduaneiro também pesaria favoravelmente, nesse tipo de carga, para São Sebastião.  Santana explica: “Temos duas autoridades, a portuária e a aduaneira, que aqui estão próximas de quem quer usar o porto, garantindo fácil acesso e orientação para conseguir o melhor contexto para o resultado final, sem burlar a lei. Em Santos, não se conhece o fiscal, e sim o despachante. Essa proximidade e comunicação direta com as autoridades praticadas aqui são fatores muito bem vistos”.

Essa relação próxima garantiria, como consequência, maior agilidade. “ Existe uma orientação de prever em quanto tempo a carga será despachada, como será armazenada. Às vezes, uma carga que em três dias é liberada aqui, em Santos precisa de 15 a 30 dias, e pagando taxas muito mais altas”, adianta Santana.

Como exemplo da possível redução de custos que os importadores e exportadores conseguem obter apenas por mudar de porto, Felipe Santana aponta o case alcançado com a empresa Duratex. “Eles importaram uma planta inteira de fábrica, a ser instalada em Pirassununga. Fizeram cotações conosco e em Santos. Explicamos todos os diferenciais fiscais, benefícios, e a receita explicou como seria todo o processo. Nossos custos ficaram R$14 milhões abaixo do cotado por lá, com liberação de produto mais rápida. Fecharam conosco e a operação foi toda perfeita, virou modelo para a empresa”.

Apesar de tantas vantagens, a serra e o berço raso são complicadores enfrentados na hora de captar novos clientes. “A crise permitiu que alcançássemos diretamente clientes que antes não abririam as portas. Estamos apresentando nossas vantagens, que acreditamos sobrepor os complicadores. Felizmente, estamos sendo muito bem recebidos. Hoje temos dificuldades, mas podemos vislumbrar um futuro com uma cartela de clientes muito maior, o que será muito vantajoso quando a crise passar”.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!