Por José Carlos Só
Paulo, pescador da região da desembocadura do rio Guaratuba com o mar, tem, hoje, 81 anos, e sempre viveu e pescou ali. Ele se lembra de que, quando criança, sua avó Tereza contava que, algumas vezes, aparecia um lobisomem na praia. Explicava ela que lobisomem era um homem comum, que, em certas noites de lua cheia, ia sozinho para a praia, e tirava toda sua roupa, escondendo-as sobre uma pedra dentro da mata vizinha da praia. Após, o pelo começava a aparecer por seu corpo e ele se transformava numa espécie de cachorro misturado com lobo. Os antigos diziam que era o lobisomem.
Bem , certa vez ela contou o “causo” que aconteceu com ela há cerca de um século, pois ainda era jovem: “...certa noite de lua cheia, eu vi um moço esquisito entrando ao longe, sozinho, na praia de Guaratuba... Desconfiei que poderia ser um lobisomem e o segui ao longe, não deixando que ele me visse... Depois, ele entrou no mato, perto de uma pedra, e saiu dali um cachorro que uivava igual lobo. Eu me arrepiei toda.”
Contavam os antigos que era o lobisomem que, durante toda a noite, até meia hora antes do galo cantar, percorria 7 praias. No nosso caso, abrangia as praias da vila de Bertioga até a última praia do povoado de Boraceia.
Bem, após ver aquele cachorro-lobo sair do mato e se dirigir para os lados de Bertioga, ela foi lá e virou sua camisa e calça do avesso. Fez isso porque diziam que meia hora antes de o galo cantar, desaparecia o encanto, e o lobisomem, agora homem, vinha ali colocar suas roupas para ir embora. Se encontrasse suas roupas viradas do avesso, ele fugia rapidamente pelo mato e nunca mais viraria lobisomem, porque morreria em cerca de 4 ou 5 horas quando o Sol nascesse...
Dizia sua avó que, se aquela história era verdade ou mentira, ela não tinha certeza, porém, a partir daquele dia nunca mais apareceu lobisomem nas praias de Guaratuba e região ”.
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