SOLIDARIEDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA

“De 40 famílias cadastradas para receber cesta básica, só consegui ajudar cinco", contou Carla

Projeto social de doação de cesta básica para famílias carentes e entrega de marmitas para moradores em situação de rua existe há três anos, porém, sofreu um forte impacto com a alta dos preços de alimentos e com a pandemia de covid-19; Carla Ifakemi pede por ajuda e doações

Da redação
Publicado em 05/04/2021, às 22h46 - Atualizado às 23h12

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Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

“De 40 famílias cadastradas para receber cesta básica, por enquanto, só consegui ajudar cinco”, essa foi uma das frases em que Carla Ifakemi, 46 anos, disse emocionada sobre o projeto que realiza há três anos em Itanhaém (SP). Com a alta dos preços de alimentos nos supermercados e a crise gerada pela pandemia de covid-19, o projeto sofreu forte impacto financeiro e de doações. “O ano passada tive muita ajuda para montar marmitas e cestas, além de doações de roupas masculinas e cobertas, este ano estou tentando muito ajudar quem precisa, mas está muito difícil. Continuo fazendo as marmitas também, contudo, agora só uma vez por mês; antes eu fazia uma vez por semana”.

(Arquivo Pessoal)

Para ela, essa é uma forma de retribuir o que os outros já ajudaram quando ela morou com a mãe e os seis irmãos na rua. “Já passei muita dificuldade na vida, pedi esmola na rua, catei resto de comida na feira; porém, muitas vezes as pessoas ajudavam a gente com doações de comidas”, acrescentou.

Além de cesta básica para famílias carentes de Itanhaém (SP), o projeto abrange doações de roupas e marmitas aos moradores em situação de rua. Carla aceita doação de roupas, brinquedos, dinheiro, alimentos e tudo que puder para passar ao próximo. “Tenho muitos projetos, mas infelizmente não estou conseguindo colaboradores”, relatou confiante de que, com a reportagem, pessoas possam ajudá-la a fazer outras felizes.

(Arquivo Pessoal)

Uma das histórias que mais a comoveu, foi a de um idoso que mora na rua e chorou ao receber comida, após dois dias de jejum. “Este senhor estava há dois dias sem comer, ninguém tinha doado nada e quando chegamos ele chorou muito. Ele é um dos que dou preferência, sempre vou ao local dele e levo marmita para que ele possa comer no dia”, contou Carla à redação. Outra vez, a pessoa veio para pedir um abraço, o que emocionou todos que presenciaram a cena. “Em uma das vezes, um homem veio ao meu lado e pensei que ele fosse pedir um cigarro, pois, ele disse: ‘posso te pedir uma coisa?’ e eu fiz que sim com a cabeça, e então ele me pediu um abraço, apenas isso e pediu para que Deus me abençoasse”, destacou Carla, emocionada ao contar a história.

(Arquivo Pessoal)

Filha de baiana com cigano, ela tem mais seis irmãos. Quando era pequena, o pai faleceu e deixou os sete filhos e a esposa, inexperiente no ramo de trabalho; nisso, a família perdeu a casa e foi morar na rua. “Eu acordava as vezes de madrugada, quando morávamos na rua, e via minha mãe sentada, acordada. Ela ficava olhando para que ninguém mexesse com a gente, com os filhos dela. A noite toda acordada”, comenta orgulhosa ao falar da mãe.

Eles moraram por muitos anos na rua, em albergues e no bairro Bom Retiro em São Paulo. Até que, conheceram um padre que ajudou a família e assim, tiveram uma casa para morar. “Quando eu passei fome, encontrei muitas pessoas que ajudavam a gente”, salientou.

Atualmente, Carla é casada, tem quatro filhos e prometeu para ela mesma que não deixaria os filhos passarem o que ela já viu na vida.

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Serviço

Para ajudar a pessoa pode entrar em contato por meio do telefone/WhatsApp 011 975751799. Carla e seus ajudantes buscam os produtos na casa da pessoa, se o munícipe morar em Itanhaém. Caso queira entregar, há endereços que ela disponibiliza para a ação.

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