Projeto social de doação de cesta básica para famílias carentes e entrega de marmitas para moradores em situação de rua existe há três anos, porém, sofreu um forte impacto com a alta dos preços de alimentos e com a pandemia de covid-19; Carla Ifakemi pede por ajuda e doações
“De 40 famílias cadastradas para receber cesta básica, por enquanto, só consegui ajudar cinco”, essa foi uma das frases em que Carla Ifakemi, 46 anos, disse emocionada sobre o projeto que realiza há três anos em Itanhaém (SP). Com a alta dos preços de alimentos nos supermercados e a crise gerada pela pandemia de covid-19, o projeto sofreu forte impacto financeiro e de doações. “O ano passada tive muita ajuda para montar marmitas e cestas, além de doações de roupas masculinas e cobertas, este ano estou tentando muito ajudar quem precisa, mas está muito difícil. Continuo fazendo as marmitas também, contudo, agora só uma vez por mês; antes eu fazia uma vez por semana”.
Para ela, essa é uma forma de retribuir o que os outros já ajudaram quando ela morou com a mãe e os seis irmãos na rua. “Já passei muita dificuldade na vida, pedi esmola na rua, catei resto de comida na feira; porém, muitas vezes as pessoas ajudavam a gente com doações de comidas”, acrescentou.
Além de cesta básica para famílias carentes de Itanhaém (SP), o projeto abrange doações de roupas e marmitas aos moradores em situação de rua. Carla aceita doação de roupas, brinquedos, dinheiro, alimentos e tudo que puder para passar ao próximo. “Tenho muitos projetos, mas infelizmente não estou conseguindo colaboradores”, relatou confiante de que, com a reportagem, pessoas possam ajudá-la a fazer outras felizes.
Uma das histórias que mais a comoveu, foi a de um idoso que mora na rua e chorou ao receber comida, após dois dias de jejum. “Este senhor estava há dois dias sem comer, ninguém tinha doado nada e quando chegamos ele chorou muito. Ele é um dos que dou preferência, sempre vou ao local dele e levo marmita para que ele possa comer no dia”, contou Carla à redação. Outra vez, a pessoa veio para pedir um abraço, o que emocionou todos que presenciaram a cena. “Em uma das vezes, um homem veio ao meu lado e pensei que ele fosse pedir um cigarro, pois, ele disse: ‘posso te pedir uma coisa?’ e eu fiz que sim com a cabeça, e então ele me pediu um abraço, apenas isso e pediu para que Deus me abençoasse”, destacou Carla, emocionada ao contar a história.
Filha de baiana com cigano, ela tem mais seis irmãos. Quando era pequena, o pai faleceu e deixou os sete filhos e a esposa, inexperiente no ramo de trabalho; nisso, a família perdeu a casa e foi morar na rua. “Eu acordava as vezes de madrugada, quando morávamos na rua, e via minha mãe sentada, acordada. Ela ficava olhando para que ninguém mexesse com a gente, com os filhos dela. A noite toda acordada”, comenta orgulhosa ao falar da mãe.
Eles moraram por muitos anos na rua, em albergues e no bairro Bom Retiro em São Paulo. Até que, conheceram um padre que ajudou a família e assim, tiveram uma casa para morar. “Quando eu passei fome, encontrei muitas pessoas que ajudavam a gente”, salientou.
Atualmente, Carla é casada, tem quatro filhos e prometeu para ela mesma que não deixaria os filhos passarem o que ela já viu na vida.
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Serviço
Para ajudar a pessoa pode entrar em contato por meio do telefone/WhatsApp 011 975751799. Carla e seus ajudantes buscam os produtos na casa da pessoa, se o munícipe morar em Itanhaém. Caso queira entregar, há endereços que ela disponibiliza para a ação.
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