DESABAFO

“Cansei de me calar”, desabafa mãe de criança autista em Itanhaém

Mãe relata a falta de suporte para crianças com Transtorno do Espectro Autista na cidade e faz apelo às autoridades responsáveis

Lenildo Silva
Publicado em 20/06/2023, às 13h47 - Atualizado às 14h45

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Sala de atendimento do Centro Educacional Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista de Itanhaém TEA Itanhaém - Divulgação Itanhaém
Sala de atendimento do Centro Educacional Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista de Itanhaém TEA Itanhaém - Divulgação Itanhaém

Nesta semana, a empresária e mãe de uma criança autista, Kemillyn Moura, decidiu romper o silêncio e falar sobre as dificuldades enfrentadas por famílias como a dela, em Itanhaém, litoral sul de São Paulo.

Com um relato emocionante, ela expôs a dura realidade da falta de suporte e assistência adequados às crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na região e fez um apelo diretamente à secretaria da Educação e ao Departamento Pedagógico do município, exigindo uma resposta clara e esclarecedora sobre sua solicitação anterior feita ao Ministério Público.

Kemillyn é mãe de Jorge, um menino de dois anos com nível de suporte dois no espectro autista. Desde o diagnóstico, em março deste ano, ela tem lutado incansavelmente para garantir que seu filho receba os tratamentos adequados. No entanto, ela se deparou com a ausência de suporte e assistência apropriados, que é uma queixa compartilhada por muitas mães na cidade de Itanhaém.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Kemillyn expõe sua luta cotidiana em busca de tratamentos para Jorge, ressaltando a necessidade de vinte e cinco horas semanais de terapia intensiva. No entanto, a mãe relata que conseguiu assegurar apenas uma hora e vinte minutos por semana, divididos entre sessões com uma psicóloga e uma psicopedagoga e somente nas quartas-feiras.

Diante da dificuldade em obter o suporte adequado para seu filho, Kemillyn recorreu ao Ministério Público em busca de ajuda e esclarecimentos sobre a falta de tratamento intensivo recomendado no laudo médico.

Em resposta à mãe, a secretária da Educação e a diretora do Departamento Pedagógico afirmaram que Jorge está se desenvolvendo bem nas terapias e que ele está matriculado em uma escola em período integral.

Entretanto, Kemillyn ressalta que o problema não está nas instituições educacionais ou no centro de terapia em que seu filho é atendido, mas, sim, na falta de suporte oferecido pelo município.

A falta de profissionais capacitados é apontada por ela como uma das razões para a insuficiência no suporte oferecido às crianças autistas em Itanhaém, e a mãe do pequeno Jorge sugere que esta questão poderia ser solucionada por concursos públicos ou contratações emergenciais, pois, como afirma, a demanda por terapias é compartilhada por diversas famílias itanhaenses.

Ao verificar a situação das pessoas autistas na cidade, Kemillyn conta que se deparou com diversas mães na mesma situação, pois nenhuma criança está recebendo terapias regulares fornecidas pelo município. “A luta das mães não se limita a garantir o atendimento de seus filhos, mas busca ampliar o acesso a tratamentos para todos os moradores”, disse a denunciante.

Veja o video

O que diz a prefeitura

A reportagem do Portal Costa Norte entrou em contato com a prefeitura e, por meio de nota, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes de Itanhaém informou que o aluno em questão está no ensino integral, não havendo indicação para frequentar o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Segundo a Secretaria, o aluno está bem adaptado, apresentando bom vínculo e se desenvolvendo nas aulas e atividades recreativas estimulantes e de cuidado. No entanto, professores especialistas do AEE fazem visitas periódicas para possíveis ajustes no processo de ensino, aprendizagem e desenvolvimento do aluno.

A administração municipal destaca a existência do Centro TEA, que oferece suporte às crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista que estão matriculadas nas escolas municipais.

“Em relação ao atendimento dos alunos com necessidade de acompanhamento especial, a prefeitura disponibiliza o Centro TEA que atua junto das crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista matriculadas na rede municipal de ensino; o projeto realiza ações complementares às atividades escolares com o objetivo de melhorar o desenvolvimento e a socialização. Atualmente, a rede municipal segue em busca de mecanismos para futuramente ampliar a oferta de vagas, bem como a ampliação dos serviços oferecidos”, completou em nota.

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