DENÚNCIA

Prefeito de Ilhabela (SP) acusa vereador de participar de esquema em contrato de R$ 4,7 milhões

Contrato assinado na gestão dos ex-prefeitos Márcio Tenório e Gracinha com a empresa G&A Assessoria, Consultoria e Projetos previa repasse de R$ 4,7 milhões pela regularização de 14 núcleos habitacionais, mas nenhum foi legalizado

Da redação
Publicado em 31/03/2022, às 16h05 - Atualizado às 16h15

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Prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, durante uso da tribuna na sessão ordinária Prefeito de Ilhabela (SP) denuncia vereador de participar de esquema em contrato de R$ 4,7 milhões na gestão anterior - Foto: Divulgação
Prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, durante uso da tribuna na sessão ordinária Prefeito de Ilhabela (SP) denuncia vereador de participar de esquema em contrato de R$ 4,7 milhões na gestão anterior - Foto: Divulgação

O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, fez uso da tribuna popular na sessão ordinária da Câmara Municipal de Ilhabela, realizada na noite da última terça-feira (29). Na ocasião, o prefeito rebateu as críticas que vem recebendo do vereador Raul Cordeiro (PSD) e apresentou documentos que levantam a suspeita de um suposto esquema de pagamentos efetuados pela gestão anterior para empresa que detém contrato para regularizar 14 núcleos habitacionais na cidade, do qual o vereador Raul Cordeiro estaria envolvido.

“Quando a gente faz acusações, mata a cobra e mostra o pau. Tem gente que teve uma atitude num determinado Governo e agora tem outra, porque quer dificultar as coisas. É um desqualificado, que ocupou e ganhou dinheiro público e é por isso que não fez”, destacou Colucci.

O contrato foi assinado em 2 de maio de 2019, na gestão dos ex-prefeitos Márcio Tenório e Maria das Graças Ferreira (Gracinha) com a empresa G&A Assessoria, Consultoria e Projetos, a um valor de quase R$ 4,7 milhões.

De acordo com a Portaria 1277, Raul Cordeiro foi nomeado como gestor do contrato pelo ex-prefeito Márcio Tenório. Na ocasião, ele ocupava o cargo de diretor de Habitação na Prefeitura de Ilhabela. Porém, o Ministério Público identificou irregularidades na reforma administrativa proposta por Márcio Tenório e extinguiu os cargos em janeiro de 2019.

Foi então que Raul Cordeiro deixa de ser gestor do contrato e passa a trabalhar para a empresa G&A Assessoria, Consultoria e Projetos. Além de Raul Cordeiro, sua esposa e a prima faziam parte da empresa.

Ao todo, seis medições foram realizadas no contrato e o valor repassado pela Prefeitura à empresa até dezembro de 2020 chega a R$ 3,15 milhões, boa parte pagas no final da gestão da ex-prefeita Gracinha.

“Ele apenas mudou de lado do balcão e não foi sozinho. Levou a esposa e a prima dele, que veio lá de Pernambuco, para ajudar na empresa, ganhar um dinheirinho e ajudar na campanha dele, e daí ele se vende como o paladino da regularização fundiária. Pagaram mais de R$ 3,15 milhões, 67% do contrato, para regularizar 1500 imóveis. Aí eu pergunto, sabe quantos foram regularizados? Nenhum. Desafio alguém a me trazer pelo menos um regularizado. Esse é o vereador que se diz honesto”, pontuou Colucci.  

Conforme os documentos, nenhum dos 14 núcleos elencados no contrato foi regularizado. São eles: Morro dos Mineiros, Rodamonte, Cobata I e II, Costa Bela, Engenho Novo, Estrada do Camarão, Estrada de Castelhanos, Portinho, Reino, Santa Catarina, Santa Terezinha I e II, Senzala/Buraco do Morcego, Bexiga e Cantagalo. Os núcleos representam mais de 1,5 mil imóveis e beneficiariam mais de 6 mil moradores.

“Eu não tenho medo de mentirosos. Eu não tenho medo da oposição, porque a verdade sempre prevalece. A população e Deus estão comigo. Vamos trabalhar muito, como fizemos no passado, para fazer Ilhabela cada vez melhor”, finalizou Colucci.

Cassação

Tramita na Câmara Municipal de Ilhabela uma CP (Comissão Processante) contra o vereador Raul Cordeiro, onde foi representado o pedido de cassação do parlamentar por quebra de decoro.

A representação, protocolada pelos partidos políticos Republicanos, PDT e PL, destaca que, “além de atribuir diversas práticas ilegais aos vereadores sem quaisquer provas, o Representado desrespeitou com ainda mais contundência vários vereadores de forma despropositada, referindo-se a eles sem os devidos pronomes de tratamentos adequados numa casa de leis, além de usar termos pejorativos como para se referir aos colegas […] tudo isto porque não concordou com o resultado da votação democrática dos seus requerimentos”.

Sem apresentar provas, Raul Cordeiro acusou também, na ocasião, o prefeito Toninho Colucci por corrupção, alegando que teriam sumido com R$15 milhões dos cofres públicos com a desapropriação da Fazenda Cuiabá, no Perequê. 

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