PELA UNESCO

Muito além das praias: Ilhabela abrigará primeira ilha-museu do Brasil

Projeto denominado IlhaMuseu promete envolver e divulgar a cultura tradicional e biodiversidade de todo o litoral norte paulista

Mayumi Kitamura
Publicado em 01/11/2023, às 16h54

FacebookTwitterWhatsApp
Segundo a Unesco, o local não abrigará um museu, mas será um museu em sua totalidade - Reprodução/IlhaMuseu
Segundo a Unesco, o local não abrigará um museu, mas será um museu em sua totalidade - Reprodução/IlhaMuseu

O litoral norte de São Paulo abrigará a primeira ilha-museu do país. A Ilha das Cabras, em Ilhabela, mostra que além das praias, a cidade abriga um potencial diferenciado para a pesquisa e divulgação da biodiversidade e cultura caiçara. O projeto denominado IlhaMuseu desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a Fundação Florestal, já serviu de inspiração técnica para outro equipamento semelhante, o museu da Ilha da Boa Viagem, em Niterói (RJ).

A Unesco explica que o conceito de ilha-museu “não se trata de um museu contido numa ilha, mas de uma ilha que é um museu em sua totalidade, incluindo o ambiente marinho que a circunda e a cultura das comunidades tradicionais da região”. Apesar de fisicamente instalada em Ilhabela, o espaço atuará como um museu vivo de todo o litoral norte, integrando os elementos naturais, culturais e humanos, atrelados aos outros três municípios da região: Ubatuba, Caraguatatuba e São Sebastião.

A exemplo da integração para a divulgação da cultura caiçara, o acervo contará com uma réplica, em construção, da canoa Maria Comprida. A embarcação original foi construída por Agrício Néri Barbosa em 1972, a partir de um único tronco de louro no sertão do Ubatumirim, em Ubatuba, idealizada especialmente para as competições de canoas entre o município e São Sebastião.  

Maior reserva da biosfera do planeta

A IlhaMuseu está instalada em uma área destacada como a maior reserva da biosfera do mundo e a primeira declarada do Brasil, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), cuja área abrange mais de 6.750 dos 8 mil quilômetros do litoral brasileiro, e totaliza cerca de 89 milhões de hectares em 17 estados brasileiros. Segundo a Unesco, “a conservação da biodiversidade e dos demais atributos naturais da Mata Atlântica, a valorização da sociodiversidade e o patrimônio étnico e cultural, próprios da Reserva da Biosfera, constituem princípios fundamentais do projeto”. 

A Ilha das Cabras foi ocupada por mais de 30 anos de forma irregular por um ex-senador que, por realizar construções sem autorização, foi acusado a pagar R$ 14 milhões em multa e ordenado a promover a recuperação ambiental do local. O valor foi destinado ao projeto e implantação da IlhaMuseu, que tem previsão para ser concluído até dezembro de 2026. “É sem dúvida uma grande conquista da sociedade. [...] A IlhaMuseu vem ressignificar a relação histórica, social e antropológica do litoral norte com a Ilha das Cabras, atendendo prioritariamente à população da região, que durante décadas foi impedida de acessar e usufruir deste território”, pontua a Unesco. 

Por sua vez, a Fundação Florestal, responsável pela gestão da Ilha das Cabras, destaca que “o museu representa uma nova perspectiva do litoral norte de São Paulo, a partir do ponto de vista socioambiental e cultural, com forte protagonismo das comunidades tradicionais. O IlhaMuseu assume, assim, o papel de refletir sobre a preservação do patrimônio cultural e natural, por meio da realização de estudos e da interpretação de manifestações da cultura material e imaterial presentes no local”.

Ainda, informou que a implantação ocorre em duas fases, sendo a primeira marcada, entre outros fatores, por estudos, projetos, identificação de características físicas, definição conceitual e tipológica, e estudos de gestão e sustentabilidade do museu. Já na segunda fase, que abrange os anos de 2023 a 2025, ocorre a implementação e obras, com ações de recuperação ambiental integral da Ilha das Cabras, culminando com a abertura do museu.

Mayumi Kitamura

Mayumi Kitamura

Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos.

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!