INTEGRAÇÃO

Ilhabela promove 2ª Balada Surda como forma de inclusão e descontração

A iniciativa é uma experiência sensorial para comunidade surda, que demanda um local apropriado e adaptação sonora além de intérpretes

Gabriela Petarnella
Publicado em 14/12/2023, às 16h24

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A festa é aberta ao público de todas as idades, mediante reserva de ingressos - Freepik
A festa é aberta ao público de todas as idades, mediante reserva de ingressos - Freepik

A 2ª Balada Surda vai acontecer em Ilhabela nesta semana, promovendo inclusão cultural, sensibilização e empatia pela causa. Atualmente, a cidade possui uma comunidade ativa de surdos e deficientes auditivos e o evento oferece a este grupo, um momento de encontro e descontração.

A intérprete de Libras e organizadora do evento, Thalita da Silva de Carvalho revela que esta é uma experiência sensorial, uma atividade de lazer e de cultura, proporcionada à comunidade surda, mas não restrita a eles. “A gente entende que para ter inclusão precisamos trazer os grupos para junto de nós. Então nós temos, desde surdos, surdos oralizados, parcialmente surdos, aqueles que só utilizam Libras, que ouvem só de um lado ou só do outro, enfim, um grupo muito diverso. Mas também teremos os familiares, os amigos, gerações diferentes e com vivências diferentes interagindo e se divertindo juntos”, ressaltou. 

A maneira como essa festa acontece pode gerar muitas dúvidas para quem não pertence ao grupo, por isso Thalita explica que, sem trabalhar a audição, ainda é possível experimentar os outros sentidos. Mas os principais fatores para que a balada surda dê certo são as caixas de som e o espaço. O local deve ser fechado, com paredes de madeiras e as caixas de som devem ser ajustadas para sobressair o tom grave das músicas.

Pessoa com deficiência auditiva, sentindo a vibração sonora
Pessoa com deficiência auditiva sentem a vibração sonora - Freepik

Neste contexto, as músicas não são ouvidas, mas sim sentidas por meio das vibrações emitidas pelo som grave ecoando dentro do local com acústica apropriada. Para ditar os ritmos, haverá o auxílio de luzes espalhadas pelo salão que se mexem conforme o que está sendo tocado.

Para os não surdos, a experiência pode ser um pouco incômoda. Dayse Maira Cruz Souza, membro da comunidade surda, destaca que, além do momento de descontração e alegria, é também uma forma de mostrar que o surdo sempre tem uma barreira nos lugares, onde tudo é mais difícil. E que nessa ocasião os não surdos vão ser empáticos com a comunidade, se colocando no lugar do desconforto. Thalita completa que o som lembra o dos famosos paredões de caixas de som, sempre com o grave em evidência e garante que não compromete a experiência, pelo contrário, só acrescenta.

Mas além da adaptação do som, a integração dentro do espaço envolve outros fatores relevantes, como o visual, por meio de intérpretes no palco, no salão e na recepção, televisões pelo salão com legendas das músicas e a cereja do bolo, que de acordo com a organizadora, são as fotos. “No ano passado tivemos uma cabine fotográfica onde tiramos fotos infinitas e neste ano teremos a plataforma 360º para vídeos. Eles gostam muito de foto, de postar nas redes sociais, porque o mundo deles é muito mais visual do que o nosso”, ressaltou.

As músicas foram escolhidas pela própria comunidade surda, para que não sejam tocadas letras pejorativas e os convidados poderão desfrutar de um Bar Virgem, com bebidas não alcoólicas, já que o local estará aberto à crianças. 

“Esta é a segunda edição na Ilha, mas já fizemos outras anteriormente, em outra cidade, custeada pela sociedade que se sensibiliza com a causa. Temos todo tipo de frequentadores dessa balada. São muitos familiares e amigos, os surdos e também pessoas com outras deficiências de outras características, pessoas aprendendo Libras e pessoas apenas com curiosidade, interagindo no mesmo espaço”, destacou a intérprete Thalita. “Este é um momento não formal, porque normalmente a comunidade surda participa de palestras, eventos sociais, considerados desinteressantes por ser algo da cultura dos ouvintes. Então neste momento eles se divertem, fazem amizades, se arrumam e ficam bonitos para as muitas fotos”, concluiu.

Promovida pela prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social, a festa com tema Neon, será no domingo (17), a partir das 17h, na avenida Princesa Isabel, 1574, no Perequê (Choperia Navenida). Para reservar ingresso, é necessário entrar em contato pelos telefones (12) 99232 7789 ou (12) 99159 3972.

Gabriela Petarnella

Gabriela Petarnella

Jornalista formada pelo Centro Universitário Módulo. Possui experiência em videorreportagem e fotojornalismo

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