EXUBERÂNCIA

Documentarista chora ao filmar baleia brincando no litoral de SP

Produzindo filme em Ilhabela, videomaker Giulia Morales conta porque chorou ao conseguir close exuberante de jubarte durante expedição em alto mar. Em meio à beleza, ela relata que também flagrou cenas lamentáveis, como um barco particular quase atropelando uma baleia recém-nascida

Thiago S. Paulo
Publicado em 09/08/2023, às 08h43 - Atualizado em 21/08/2023, às 11h54

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Fotógrafa não conteve as lágrimas ao flagrar jubarte saltitante em alto mar capa - “Gravei chorando”: documentarista se emociona ao filmar baleia no litoral de SP Montagem com quatro fotos que mostram baleia saltitante e mulher emocionada - Imagem: Giulia Morales / Beware Colletive
Fotógrafa não conteve as lágrimas ao flagrar jubarte saltitante em alto mar capa - “Gravei chorando”: documentarista se emociona ao filmar baleia no litoral de SP Montagem com quatro fotos que mostram baleia saltitante e mulher emocionada - Imagem: Giulia Morales / Beware Colletive

Uma fotógrafa não conseguiu conter a emoção ao registrar uma baleia jubarte saltitante durante uma expedição no mar de Ilhabela no litoral de SP (assista abaixo).  Em entrevista na terça-feira (8), Giulia Morales explicou que produz um documentário ambiental e realizou um sonho de criança ao conseguir captar as imagens do gigante marinho.

“Era um sonho meu de muito nova ver uma baleia jubarte no mar. Eu tremia, tremia. Fiquei sem nenhum tipo de estrutura” -  relata com entusiasmo a videomaker. “Eu gravei o vídeo chorando para enviar pros meus pais e meu namorado porque eu não ia conseguir explicar o que eu estava sentindo, eu nunca ia conseguir colocar em palavras. Então eu filmei a baleia e a minha reação na hora”.

Giulia conta que após meses de planejamento, semanas de entrevistas e dias de tentativas, finalmente flagrou a jubarte no final do mês passado durante uma captação de vídeo para o documentário Águas Quentes, atualmente em produção pela Beware Collective, uma produtora dela e de duas sócias. “Eu sou fotógrafa há alguns anos, e aí eu me juntei com mais duas mulheres, a Camila Dalossi e a Juliana Deeke, e a gente criou essa produtora e fomos atrás de apoio, de pesquisadores”.

O dia da gravação, revela Giulia, foi marcado por uma série de contratempos. Em cima da hora, o motor da embarcação que levaria a equipe ao mar pifou, o que provocou atrasos na produção. Rafael Mesquita, um fotógrafo marinho da região, socorreu a documentarista e sua equipe com seu barco de pesquisa. “A gente foi no barco dele com o principal objetivo de documentar e filmar o comportamento das baleias. Ela tem um comportamento super curioso, espalhafatoso”.

O que parecia ter atrapalhado, na realidade ajudou, narra Giulia. Em alto mar fora do horário previsto, a equipe deu de cara com mais de uma jubarte e testemunhou uma cena incomum em Ilhabela. “Deu tudo errado para dar certo. A primeira baleia que a gente viu foi uma jubarte com um filhote praticamente recém-nascido. Ele estava branco ainda e isso é uma coisa rara de acontecer em Ilhabela porque normalmente os filhotes nascem em Abrolhos [arquipélago na costa da Bahia]. A gente viu esse filhotinho interagindo, ele deu uns pulinhos. Foi muito emocionante”, relata a documentarista antes de explicar o que a levou às lágrimas.

“As baleias jubarte são magníficas. Houve momentos em que abaixei a câmera pra somente ver e admirar. Depois que essa adrenalina passou, eu comecei a chorar, percebi o que eu estava vivendo, o que estava acontecendo. Chorei por dois motivos: foi a realização de um sonho desde criança de ver esse animal de perto e chorei também pois me senti muito pequena diante da natureza, senti o poder espiritual que esses animais têm e me senti extremamente privilegiada por presenciar aquela cena”.

Mas nem tudo é exuberância

Para além da beleza, um encontro de um filhote tão novo em Ilhabela tem importância ambiental e requer cuidados redobrados, opina Giulia. “Isso torna Ilhabela um ponto que precisa ser muito bem conservado para esses animais conseguirem nascer”.

Durante as gravações, Giulia afirma que a exuberância da vida marinha e das baleias foi salpicada por cenas lamentáveis como o quase atropelamento de uma baleia por uma embarcação particular.

“Esses pesquisadores com os quais a gente saiu que estão se preocupando em fazer a fiscalização que não está ocorrendo. Houve um boom desse tipo de turismo agora, de avistamento de baleias, porque elas estão se reproduzindo. Eu acho ótimo. Só precisa ter empatia. As pessoas precisam conhecer e respeitar o animal”, critica a fotógrafa que conclui:

“Os barcos estão lotados, algumas pessoas não estão respeitando a fiscalização. Eu fiz uma filmagem pro documentário em que um barco de turista, era um barco particular, e a pessoa estava indo atrás da baleia pra ver também, e essa pessoa quase atropelou a baleia filhote. A gente quer ver as baleias, é muito legal vê-las, mas a gente precisa tomar cuidado ou vamos acabar machucando elas”. 

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