Operação Escudo busca desmantelar organização criminosa na Baixada Santista após morte de policial da Rota; operação é contestada por Sindicato dos Advogados de São Paulo
Ao menos 13 suspeitos foram mortos durante confrontos com policiais no litoral de São Paulo, no âmbito da Operação Escudo, que visa combater o tráfico de drogas e o crime organizado na região.
A ação policial foi deflagrada em resposta à morte do soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), ocorrida na quinta-feira (27), na Vila Zilda, em Guarujá.
De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, até o momento 12 suspeitos foram mortos em Guarujá e um em Santos, além da apreensão de 11 armas e aproximadamente 20 quilos de drogas; 32 suspeitos foram presos, dos quais três envolvidos diretamente na morte do soldado.
A operação policial desencadeou uma série de ações das forças de segurança na Baixada Santista, com a participação de 600 agentes das polícias Civil e Militar. O "sniper do tráfico", responsável pelo disparo que atingiu o soldado Reis a uma distância estimada entre 50 e 70 metros já foi preso.
Segundo a SSP, todos os casos relacionados à operação estão sendo investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar (IPM).
As câmeras corporais utilizadas pelos policiais durante a operação estão sendo analisadas e as imagens serão anexadas aos inquéritos, ficando disponíveis para consulta do Ministério Público, Poder Judiciário e Corregedoria da PM.
Em relação às denúncias de abordagem violenta por parte dos policiais, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo informou que irá solicitar as imagens das câmeras para apurar eventuais violações físicas, psicológicas e invasões de residência sem mandado judicial, conforme informado por Claudio Aparecido da Silva, ouvidor das polícias do estado.
O Sindicato dos Advogados de São Paulo manifestou-se sobre a operação policial no Guarujá, classificando-a como "absolutamente reprovável" e uma "vingança desproporcional". O sindicato questionou a postura das autoridades estaduais, incluindo o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de segurança pública Guilherme Derrite.
"O recente caso do jovem soldado da Rota Patrick Bastos Reis, morto numa operação policial no Guarujá, é uma perda para sociedade e para segurança pública de São Paulo", grafa o coletivo que pondera, a seguir:
"Dito isso, o que o Estado fez é absolutamente reprovável, partiu para uma vingança desproporcional, com invasão à comunidade, aparentemente sem nenhum plano e matando a esmo, torturando, intimidando os moradores, tratando a todos como suspeitos e bandidos".
O sindicato também questionou a postura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, que declararam não terem visto excesso na operação que deixou 13 mortos até o momento.
"As autoridades do Estado devem se submeter às leis, e não se comportarem como pretensos justiceiros, produzindo chacinas, como vingança. O Estado deve fazer todos os esforços para garantir a segurança pública, mas não à custa de execuções extrajudiciais e maior letalidade, sem que haja o devido processo legal", disse o manifesto.
A operação continua em curso, com as forças de segurança empenhadas em capturar integrantes do crime organizado e combater o tráfico de drogas na região.
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