A Semam (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) de Guarujá entrega à população, nesta terça-feira (15), às 10h, sua Base de Monitoramento Ambiental. O novo equipamento funcionará na Casa Flutuante Aratu, da Semam, que está ancorada na altura do km 13,5 da rodovia SP-66, no Canal de Bertioga. A entrega só foi possível graças ao esforço conjunto da prefeitura, MPE (Ministério Público Estadual) e iniciativa privada. Na oportunidade, também lançada a pedra fundamental do novo Laboratório de Monitoramento Ambiental, que estará totalmente concluído até agosto deste ano. Os investimentos somam R$ 1,1 milhão em equipamentos e instalações em função do TAC (Termo de Ajuste de Conduta), assinado entre o Ministério Público Estadual e a prefeitura, que também entregará o novo píer, reformado com subsídios da empresa Phoenix Construtora e o Flutuante Aratu, totalmente recuperado com recursos do TAC e da Saipem do Brasil. “Quando a Administração assumiu, em janeiro de 2009, tanto o píer como o flutuante estavam sucateados. Agora, os dois equipamentos estão em perfeitas condições de uso. A prefeitura supervisionou a execução das obras,” afirmou o secretário municipal do Meio Ambiente, Élio Lopes dos Santos.
Céu aberto Por estar em uma área de mangue e na Mata Atlântica da Serra do Guararu, o local é um imenso laboratório a céu aberto, onde não só os alunos da rede municipal de ensino, mas também estudantes universitários e pesquisadores poderão desenvolver seus trabalhos e pesquisas. “Vamos dar um salto de qualidade”, afirma Elio Lopes. “No local, além dos laboratórios para pesquisa e análise dos índices da balneabilidade da água do mar, haverá também a Base de Fiscalização Grupamento Ambiental da Guarda Municipal,que vai operar imediatamente”, detalhou o secretário. No Ambulatório Médico-veterinário do Gremar, ainda segundo o secretário, animais marinhos que foram vítimas de acidentes e intoxicação receberão os primeiros socorros e estabilização. A prefeitura também desenvolverá programas de Educação Ambiental beneficiando a comunidade, em especial a do entorno da Base Ambiental. Gremar-Resgate O Gremar atua desde 2004 e se apresenta como parceiro da Administração Municipal. No ano passado, o órgão assinou um convênio de cooperação técnica com a prefeitura para desenvolver programas de manejo da fauna, educação ambiental, salvamento e cuidados médicos para animais marinhos vítimas de acidentes, intoxicação por produtos químicos e petrolíferos. Segundo a médica-veterinária Andréa Maranho, coordenadora técnica do Gremar, o Ambulatório Médico-veterinário que funcionará na Base irá oferecer o serviço de primeiros socorros e a estabilização dos animais. “Vamos melhorar a qualidade de nosso trabalho e ter um ganho significativo na qualidade de atendimento, pois o acesso é fácil, tanto pelo Canal de Bertioga como pela Rodovia”, disse. Segundo ela, as maiores vítimas de acidentes são as tartarugas marinhas, seguidas pelas aves, toninhas e os golfinhos. Os animais morrem ao se enroscar nas redes de pesca de arrasto e de espera.
Pesca excessiva “Existe uma interação negativa com a pesca. Só no ano passado recolhemos 230 tartarugas mortas, a maioria por asfixia mecânica e acidentadas por hélices de barcos. Outras tinham o estômago totalmente tomado por sacos plástico que os animais engolem pensando serem águas vivas, um de seus alimentos naturais”, contou a coordenadora. Andréa Maranho apontou ainda que outra ocorrência que vem se tornando comum é o aparecimento na costa e nas praias de animais como aves oceânicas, focas e pinguins. “Isso ocorre por conta da pesca excessiva e descontrolada. Os animais são vítimas da diminuição do estoque pesqueiro no oceano e chegam até nós em estado de exaustão”, afirmou a médica-veterinária.
Acasalamento Outro objetivo do Gremar é fazer o monitoramento das regiões costeiras e tipos de acidentes. As informações serão usadas para estabelecer políticas de gestão pública para o setor de pesca e ambiental, como a criação de zonas de exclusão para que determinadas espécies possam se reproduzir no período de acasalamento. “A Baixada Santista é uma importante área de alimentação e reprodução de diversas espécies. As toninhas (golfinho de pequeno porte e comportamento tímido) se reproduzem em nosso litoral e são vítimas constantes de acidentes e mortes com redes de pesca”, relatou. Tartarugas Nesta época do ano, tornou-se comum a aparição de tartarugas em algumas praias da Cidade, próximo aos costões rochosos, como acontece nas Astúrias. As pessoas não devem se aproximar e nem alimentar os animais. Tratam-se de tartarugas-verdes (Chelonia mydas), que são migratórias e utilizam a região como área de alimentação. Nesta fase da vida, elas são jovens e comem as algas presas nos costões rochosos. Quando as pessoas oferecem outro tipo de alimentação que geralmente são restos de peixe (vísceras e pelanca), que são limpos na faixa de areia, ou outros itens como pães e salgadinhos, acabam alterando o hábito alimentar e trazendo prejuízos nutricionais. Além disso, estimulam as tartarugas a não fazerem a migração para as áreas de reprodução que ficam em ilhas oceânicas: Atol da Rocas, Ilha de Trindade e Fernando de Noronha. A prefeitura vem fiscalizando a área para que não haja manipulação de pescados na praia pelos pescadores das Galhetas, o que não é permitido pela Vigilância Sanitária e assim minimizar esta interação das tartarugas com os frequentadores da praia.
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