Todos os dias, depois da hora do soninho, no Núcleo de Ensino Infantil Municipal (Neim) José Antônio Ferranti, no bairro Cachoeira, crianças fazem grandes descobertas por meio da arte. Na terça-feira, 26, por exemplo, um aluno de três anos se empolgou por ter descoberto que, ao misturar as tintas de cores amarela e azul, ele criou um tom de verde. Esta experiência pode parecer pequena, mas graças ao projeto Tinta na Tela, ela é valorizada e serve como incentivo para que outras aconteçam. A iniciativa começou há dois anos, idealizada pela ex-orientadora da Unidade, Lenira Vicente, e está dentro do eixo de aprendizagem de artes do município. Atualmente, o Tinta na Tela é mantido por Lucília Noronha Monson, que trabalha na Unidade e ajudou a criar o projeto e a mantê-lo. Ela leva sua experiência com pintura para o atelier instalado e adaptado para os pequenos. A sala conta com todos os materiais necessários para que Lucília possa aplicar diversas técnicas de pintura com os alunos, como pincéis, esponjas, tintas, e também materiais recicláveis como gravetos, folhas, rolos e tecidos. Há também telas proporcionais ao tamanho das crianças, que já estão muito acostumadas ao ambiente. “Eles podem estar empolgados na bagunça que for, quando chega a hora de pintar, ficam quietinhos e prestam atenção”, contou Lucília. E assim aconteceu quando ela iniciou a aula, dando a cada um dos alunos sentados diante das telas, uma paleta com tintas, pincéis e a proposta de pintar o céu azul do dia, e todos obedeceram com postura e concentração, com o silêncio sendo quebrado é claro, para dar lugar a animação das descobertas. Lucília trabalha na sala de aula com uma das turmas pela manhã, e dedica seu tempo livre no período da tarde às aulas no atelier. As turmas visitam o espaço, divididas em grupos com oito alunos, para que Lucília possa dar atenção e monitorar o trabalho de todos. Segundo a diretora do Neim José Antônio Ferranti, Daniela Caparroz Cicconi, os resultados adquiridos no atelier são refletidos na sala de aula e no comportamento da criança. “Enriquece muito o vocabulário deles e a forma com que se expressam; a concentração e a criatividade. Além dos cuidados com os materiais”, explicou. Daniela destacou também o apoio dos pais e a comunidade ao redor da unidade para o desenvolvimento do projeto. No fim de cada semestre, o Neim realiza uma exposição com as criações dos alunos. “Os pais têm muito respeito pelo que eles fazem, e é muito bom ver a valorização que eles dão aos trabalhos dos filhos”. Além disso, já foram realizadas excursões para estimular o contato e entendimento da arte, como a visita ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) em São Paulo e aos artistas nas praias da cidade. “Eles ainda não compreendem a dimensão da arte, como o valor dos artistas, por exemplo, mas já reconhecem os tipos de material usados na pintura e até o nome dos artistas mais famosos, como Tarsila de Amaral e Romero Britto”, disse. Segundo Lucília, o amadurecimento das crianças na arte e o reconhecimento dos pais, além do resultado dos trabalhos expostos na parede do atelier, são a razão pela qual ela realiza o trabalho. “A recompensa é saber que cada um deles vai levar um pouco de arte para a vida”.
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