PAI ROGA POR AJUDA

Bebê prematuro é barrado no Hospital Santo Amaro, em Guarujá (SP)

Vaga para UTI foi cedida para o bebê pelo Cross, porém, ao chegar com a ambulância, a médica negou a entrada do paciente no hospital

Amanda Oliver
Publicado em 07/04/2022, às 11h57 - Atualizado em 08/04/2022, às 09h54

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Vaga para UTI foi cedida para o bebê pelo Cross, porém, ao chegar com a ambulância, a médica negou a entrada do paciente no hospital - Portal Costa Norte
Vaga para UTI foi cedida para o bebê pelo Cross, porém, ao chegar com a ambulância, a médica negou a entrada do paciente no hospital - Portal Costa Norte

Diego Henrique, pai de um recém-nascido prematuro, está passando por intenso sofrimento e indignação após ver seu filho barrado na porta de um hospital, em Guarujá, litoral de São Paulo.

A criança, que nasceu no Hospital de Bertioga com apenas 28 semanas, conseguiu uma transferência para a UTI Neonatal do Hospital Santo Amaro pelo Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), já que o município de Bertioga não possui estrutura médica para atender as necessidades urgentes do paciente.

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“6h30, o hospital entrou em contato dizendo que havia arrumado uma vaga e que eu iria acompanhar ele. Prepararam a ambulância, estou com a ficha do Cross na minha mão, da parte que diz que a vaga foi cedida. Entramos na ambulância né, colocaram a incubadora. Chegamos lá, simplesmente veio uma médica e uma chefe de enfermagem e disseram que a vaga havia sido negada”, desabafou o pai em entrevista exclusiva ao Portal Costa Norte.

Uma grande discussão se gerou na porta do hospital, enquanto o paciente se encontrava na incubadora, aguardando socorro imediato. Cerca de 20 pessoas que passavam pela rua se juntaram ao pai, exigindo o socorro da criança.

A médica alegava que todos os leitos estavam ocupados, e mesmo com o Hospital de Bertioga cedendo a incubadora, negaram o acolhimento da criança, que havia sido confirmado pelo Cross.

“Liguei para a polícia, o delegado tentou ajudar, mas o hospital não cooperou. Foi registrado um boletim de ocorrência por omissão de socorro”.

Um médico de Bertioga, que acompanhou todo o caso dentro da ambulância, onde cuidava do bebê, disse ao pai que não seria seguro continuar na situação e que, pelo menos voltando para a cidade, ele poderia fazer o máximo possível para salvar o bebê.

Hospital Santo Amaro

O Hospital Santos Amaro (HSA) informou, por meio de nota, que não houve omissão de socorro ao recém-nascido em questão.

"Imediatamente após a unidade hospitalar tomar conhecimento da transferência do paciente, acionou a regulação municipal, bem como notificou a unidade hospitalar de origem do paciente, em Bertioga, informando da incapacidade tecnológica e da falta de estrutura física, naquele momento, para acolher o paciente.

O HSA possui seis leitos de uti neonatal que estão ocupados, bem como uma unidade de cuidados intermediários (UCI) totalmente ocupada, sem condições de admitir qualquer outro paciente neonatal naquele momento".

Segundo os profissionais presentes ao plantão a transferência foi efetuada sem observância e que naquele momento não tinha a mínima condição de receber qualquer paciente neonatal.

O HSA ainda afirmou que a regulação de vagas é atribuição do município.

Consequências

Lorenzo, nome dado ao bebê prematuro que ainda não foi registrado, nasceu com apenas 1,98 quilos, mas respirava bem, sem necessidade de aparelhagem. Após a confusão e a transferência cansativa e o tempo de espera, o paciente começou a expelir secreção pela boca, entrando em um caso delicado de saúde.

Cross

A Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) informa que o paciente foi encaminhado como “vaga zero” ao Hospital Santo Amaro, referência no atendimento de UTI neonatal da região. Justamente por isso, casos com estes perfis podem ser regulados para esta unidade, com o apoio da Cross, para que o paciente receba assistência compatível com sua necessidade e quadro clínico.

A "vaga zero" é prevista em resolução do Conselho Federal de Medicina como uma medida para agilizar o atendimento de urgência e emergência. 

O pedido foi encerrado, mas, na madrugada desta quinta-feira (7), a ficha foi reaberta e a Cross segue buscando auxiliar no caso nas referências da região.

A Cross possui um sistema online que funciona 24 horas por dia e busca vaga disponível em serviços do SUS na região de origem do paciente com disponibilidade e capacidade para atender cada caso, priorizando os mais graves e urgentes.

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POSICIONAMENTO DA PREFEITURA 

A Prefeitura de Guarujá informa que a Regulação Municipal de leitos hospitalares que atua junto ao Hospital Santo Amaro foi acionada pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), do Governo Estadual, que tem a atribuição de fazer a regulação de vagas de leitos regionais na Baixada Santista.

Entretanto, conforme informado pelo Hospital Santo Amaro, que presta atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na assistência hospitalar para o município de Guarujá, mas que possui gestão independente do poder público e é administrado pela Sociedade Santamarense de Beneficência de Guarujá, há incapacidade tecnológica da unidade hospitalar de atender o caso, por superlotação.

O município contra notificou a Divisão Regional de Saúde (DRS) do estado esclarecendo que o Hospital Santo Amaro estava em superlotação, com incapacidade tecnológica, sem estrutura física. E, além da superlotação em que se encontrava o Hospital Santo Amaro quanto à retaguarda materno-infantil, foi reiterado que a referência regional para o atendimento na Rede Cegonha de assistência as pacientes gestantes, puérperas e recém-nascidos, para o município de Bertioga é o Hospital Estadual Guilherme Álvaro. O equipamento é responsável pela retaguarda aos casos graves de Bertioga no tocante ao binômio mãe/bebê.

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