COLOSSO ADORMECIDO

Baleia do Guarujá pode ter morrido por ingestão de lixo ou esgoto, afirma especialista

Exame preliminar demonstrou que animal estava 30% abaixo do peso; bióloga afirma que é possível que desnutrição do animal se deva a fatores ligados à ação humana

Da redaçãO
Publicado em 26/10/2020, às 17h27 - Atualizado às 22h19

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Imagem: Divulgação / Instituto Gremar
Imagem: Divulgação / Instituto Gremar

Desequilíbrios no ecossistema costeiro, advindos da ação humana, podem ter colaborado ou até determinado a morte da baleia-de-bryde encontrada sem vida no Guarujá, afirma especialista em animais.

O colosso dos mares apareceu por volta das 15h deste domingo, 25, na faixa arenosa da Praia da Enseada, quando banhistas que estavam no local sentiram um forte mau cheiro que se alastrou pela praia e acionaram os órgãos ambientais. Esta é a segunda baleia da espécie encontrada na região apenas no mês de outubro, afirma o Instituto Gremar, responsável pelo resgate e necropsia de animais no litoral paulista.

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Segundo o órgão, a baleia-de-bryde estava com 10 toneladas, ou seja, cerca de 30% abaixo de seu peso ideal que é no mínimo de 13 toneladas, podendo chegar à 19. “O animal estava abaixo do peso, o que indica prováveis complicações em seu estado de saúde” afirmou o órgão.

Segundo a bióloga Tamires Aragão, embora apenas o resultado da necropsia vá revelar de modo conclusivo a causa da morte, como o animal estava abaixo do peso, é possível tecer algumas hipóteses relacionadas à interação antrópica (em que a ação do ser humano desequilibra o ecossistema). Entre tais hipóteses estão  falta de alimento em função de pesca em alta demanda, aumento da temperatura das águas, ou até ingestão de lixo,  “Ela [baleia] estava abaixo do peso porque não estava se alimentando bem. Por que ela não estava se alimentando bem?", questiona a bióloga. 

Segundo a especialista, por ser uma baleia adulta, é mais provável que a morte tenha se dado por ingestão de lixo do que por falta de comida. “Por falta de alimento, ela não teria perdido tanto peso. Agora, se ela tinha muito lixo dentro do organismo, esse lixo não vai nutrir e vai impedir a passagem do alimento”. O esgoto também é uma possibilidade que poderia ter adoecido o animal: “O conteúdo dos esgotos pode levar bactérias, vírus”, conclui.

O animal foi removido da orla da Praia da Enseada na manhã desta segunda-feira, 26, por agentes do Instituto Gremar que também coletaram amostras do animal para exame de necrópsia. De acordo com o Instituto Gremar, o resultado dos exames levam em média de 30 a 45 dias.

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