DIFAMADO NA INTERNET

Após falsa denúncia, motorista de aplicativo volta a trabalhar em Guarujá

Parceiro da 99 foi suspenso por 999 dias após ser acusado de dopar uma mulher ao oferecer perfume que estava vendendo durante as corridas; passageira diz não se arrepender de expor motorista

Lenildo Silva
Publicado em 01/07/2022, às 16h42 - Atualizado em 03/07/2022, às 19h31

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Parceiro da 99 foi suspenso por 999 dias após ser acusado de dopar uma mulher ao oferecer perfume que estava vendendo durante as corridas Motorista 99 - Reprodução Redes Sociais
Parceiro da 99 foi suspenso por 999 dias após ser acusado de dopar uma mulher ao oferecer perfume que estava vendendo durante as corridas Motorista 99 - Reprodução Redes Sociais

Um motorista de aplicativo de Guarujá, litoral de São Paulo, ficou quatro dias banido na 99, plataforma de transporte por aplicativo celular, após ser denunciado por uma passageira na última semana. Carlos Alan Bastos dos Santos, de 31 anos, alegou que, além de denunciá-lo na plataforma, a mulher o expôs nas redes sociais.

O caso aconteceu no dia 25 de junho e a acusação da passageira tornou-se pública ao divulgar o relato e expor o motorista em suas redes sociais. Segundo a mulher, o motorista perguntou se ela gostava de perfume e pediu para ela experimentar uma das fragrâncias que ele estava vendendo.

“Como já estou um pouco alerta com isso, porque tem muitas meninas vindo denunciar na internet de Uber colocando ar até no ar condicionado para apagar meninas [sic], eu apenas cheirei de longe o perfume, nisso que eu cheirei eu senti meu corpo ficar mole, minha cabeça quente e meu coração acelerado. Na hora tive a sorte que o carro era antigo e dava para puxar o pino de trava, eu puxei e sai correndo no meio da avenida Dom Pedro”, disse a mulher em um texto no aplicativo de mensagens.

O motorista parceiro da 99 realizou um Boletim de Ocorrência após ser acusado pela mulher e fez um vídeo detalhando o ocorrido. Carlos afirma que além de trabalhar como motorista de aplicativo também vende perfume para melhorar sua renda. 

Segundo ele, ao longo dos últimos meses, durante uma viagem e outra, oferece as fragrâncias para os passageiros. Entretanto, a passageira interpretou de modo errado e gerou esse transtorno.

acusação da passageira tornou-se pública ao divulgar o relato e expor o motorista em suas redes sociais Motorista 99 (Reprodução)

99 suspende motorista por 999 dias

Ao receber as denúncias da passageira, a plataforma 99 suspendeu o motorista por 999 dias, deixando-o impossibilitado de trabalhar. A 99 informou que a conta de Carlos estava sob análise e que entrariam em contato em breve por e-mail ou telefone nos próximos dias.

Em entrevista ao Portal Costa Norte, Carlos afirmou que ficou quatro dias sem trabalhar na plataforma e só após contestar a suspensão e provar sua inocência, o motorista conseguiu reverter a decisão da 99 e foi liberado a trabalhar.

Passageira diz não se arrepender

Ao ter conhecimento do boletim de ocorrência realizado pelo motorista por calúnia e difamação, a mulher que acusou Carlos voltou às redes sociais e afirmou que não vai se arrepender das acusações que fez.

“Meu Deus, o cara que fez aquilo comigo na viagem de 99 se pronunciou nas redes sociais e fez até um BO contra mim. Sinceramente eu já sabia que isso poderia acontecer por conta da exposição, mas eu não vou me arrepender de expor isso para poder proteger a vida de outras mulheres e alertá-las que isso é um perigo real”.

Parceiro da 99 foi suspenso por 999 dias após ser acusado de dopar uma mulher ao oferecer perfume que estava vendendo durante as corridas Motorista 99 (Reprodução Redes Sociais)

A reportagem entrou em contato com a 99, porém, até o encerramento da matéria não obtivemos retorno referente ao caso citado.

Golpe do cheiro

Em todo o Brasil cresce o número de mulheres denunciando motoristas de aplicativo que estão supostamente utilizando produto químico dentro dos veículos afim de “apaga-las” e cometer crimes de estupro e roubo. Entretanto nenhum caso foi comprovado pelas autoridades.

Após dois casos de mulheres denunciar esse suposto golpe e que virou assunto nacional, o presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape), Thiago Silva, encaminhou uma nota pública à imprensa questionando o chamado "golpe do cheiro" ou do gás, que estaria sendo praticado contra mulheres em carros de aplicativos.  Veja abaixo.

Diante das denúncias, a Amape se pronunciou. A associação defende que não há prova material e orienta os motoristas a gravar áudio e fazer fotos e vídeos durante as corridas. Veja a nota completa:

A AMAPE - Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco, vem a público esclarecer:

1 - Está circulando nas redes sociais, DESINFORMAÇÃO, acerca de supostos casos de tentativa de intoxicação com gás, em carro de aplicativo.

2 - Além de informações desencontradas, se percebe claramente que não há nenhum tipo de prova material.

3 - Temos recebido relatos de exposição de motoristas, sem provas, em redes sociais, o que caracteriza crime de calúnia contra estes profissionais, além da divulgação de informação falsa.

4 - Uma plataforma, informou, através de posicionamento, que até agora, só existe um caso, no Rio Grande do Sul, que teve o inquérito encerrado por falta de prova.

5 - Por isso, nossa orientação é que os motoristas de aplicativos de Pernambuco gravem em áudio e vídeo, todas as viagens.

6 - Vale uma reflexão: o gás não afetaria também o motorista?

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