Moradores afirmam que barraco flutuante foi construído em rio de Bertioga e, após chuvas, foi parar em canal entre a cidade e Guarujá, deixando rastro de prejuízos pelo caminho
Um barraco flutuante que apareceu há cerca de um mês em um rio de Bertioga e desatracou após as intensas chuvas na cidade vem dando baile em autoridades, causando prejuízo a empresários náuticos e revoltando moradores. Segundo apurado pelo Portal Costa Norte, até esta sexta (10), o barraco pairava nas proximidades do Porto da Armação no Canal de Bertioga que deságua no mar do litoral paulista, entre Bertioga e Guarujá.
“O barraco tinha acho que dois quartos, sala. O bagulho era grande, uma casa. Muito grande”, explicou Antonio Vidal, um morador de Bertioga de 47 anos. Ele afirma que, há cerca de um mês, foi surpreendido pelo barraco flutuante dentro do rio Itapanhaú, às margens do qual mantém a casa onde mora, no bairro CenterVille.
“Eu moro em frente ao rio. Construíram próximo aqui e amarraram na frente da minha casa. Até questionei, falei, ‘Não quero isso aqui perto da minha casa’. Eu pago 600 mil numa casa pro cara fazer um barraco e colocar na frente da minha casa”, explicou Antônio.
Ele relata que acionou a Diretoria de Operações Ambientais (DOA) de Bertioga e pediu providências, mas o barraco continou flutuando no rio. Até que, há três semanas, a cidade foi fustigada pelas chuvas mais volumosas de que se tem notícia e o barraco desceu rio abaixo.
“[O barraco flutuante] soltou no dia que deu aquela tempestade toda aqui em Bertioga e saiu descendo o rio, quebrando tudo. Acabou causando muito dano”, conta Antônio.
“Foi no dia daquele dilúvio. A casa veio rio abaixo, abarroando construções à beira-rio, causando prejuízos. Desceu o rio numa velocidade bastante grande, ela bateu e arrancou flutuantes e um barco”, disse uma trabalhadora do ramo náutico que não quis se identificar.
Após o barraco flutuante descer o rio em Bertioga e se aproximar do canal entre a cidade e Guarujá, órgãos ambientais guarujaenses também entraram na história. O superintendente de pesquisas e meio ambiente urbano de Guarujá, Cleiton Santos, disse à reportagem que monitora o caso.
“O local onde o flutuante atracou é uma APA [Área de Proteção Ambiental] municipal e também estadual. A prefeitura [de Guarujá] está monitorando. Ontem (9), a nossa força-tarefa esteve no local e observou que o equipamento está parado na água", explica o superintendente, que acrescenta. "Se trata de um flutuante irregular e que pode causar um acidente. [A área] onde está o equipamento é responsabilidade da autoridade marítima [Marinha]”.
Segundo informações, o barraco flutuante pertence a um pescador de Bertioga que supostamente iria criar e comercializar camarões na embarcação. A reportagem ainda não conseguiu identificá-lo. Contatada, a prefeitura de Bertioga informou que “não houve nenhuma ocorrência registrada até o momento” embora o morador Antônio afirme que tenha avisado a Diretoria de Operações Ambientais, ligada à gestão municipal.
A reportagem também perguntou ao Comando do 8º Distrito Naval de São Paulo, ligado à Marinha do Brasil, se alguma providência quanto ao barraco flutuante foi ou será adotada em breve. O órgão não se manifestou.
Antônio afirma que o sentimento é de descaso. “Meu sentimento é que ninguém cuida. Se cuidassem não tinham nem construído. Eu acionei tudo. O barraco tá no rio. Tá amarrado no rio. Se ele for pro mar é um perigo”.
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