Família de menino com H1N1 pede ajuda para quitar dívida com hospital

Costa Norte
Publicado em 11/04/2016, às 07h52 - Atualizado em 23/08/2020, às 15h08

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*Foto: Facebook

Por Marina Aguiar

O primeiro caso confirmado de H1N1 de Bertioga quase levou à morte Miguel de Oliveira, um menino de apenas 3 anos. Internado na cidade com suspeita de H1N1, o pequeno foi levado às pressas pela família a um hospital particular de Santos, equipado com UTI, para que fosse tratado. A vida dele foi salva, mas a dívida de internação ultrapassa os R$ 50 mil e os pais não têm condições de pagar. O caso ganhou destaque nas redes sociais e mobilizou doações para ajudar na quitação da dívida.

Miguel deu entrada ao Hospital de Bertioga às 14 horas de quarta-feira, 30, em estado grave. Ele tinha dificuldades para respirar e, assim que chegou ao local, começou a vomitar.  De acordo com o pai da criança, José de Oliveira Alves, o atendimento foi rápido e eficaz, mas o hospital não tinha estrutura para tratá-lo: "Às 19 horas, a pediatra que o atendeu me pediu para levá-lo para um hospital com UTI porque a situação dele tinha sido agravada e ele não sobreviveria ali".

O nome do menino foi incluído na Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), para encontrar uma vaga em hospitais da região, porém, não obteve sucesso. Os técnicos do hospital conseguiram uma vaga para o dia seguinte em um hospital da capital. Entretanto, a esta hora o pequeno Miguel já tinha recebido entubação e a família foi informada pelos médicos de que a criança teria somente mais três horas de vida, por isso decidiram não esperar.

Na mesma noite, com a ajuda da vereadora Valéria Bento, José conseguiu uma vaga no Hospital Ana Costa, em Santos, conforme contou o pai da criança: "O hospital é particular, mas o diretor não se importou com a parte financeira e atendeu o Miguel muito bem". A nova internação colaborou com seu estado clínico e obteve melhoras. A confirmação da H1N1 aconteceu na segunda-feira, 4, com o resultado dos exames. Miguel está estável e teve alta na sexta-feira, 8, após uma internação de 10 dias.

Com Miguel a salvo, a preocupação da família voltou-se à dívida contraída com o hospital. Somente em um dia de internação foram gastos mais de R$ 11 mil em medicamentos e, somados à internação e honorários médicos, a dívida ultrapassa os R$ 52 mil. A mãe de Miguel, Aricilene de Oliveira da Rocha, é diarista e o pai pedreiro, atualmente desempregado. José conta por que resolveu levar o filho ao hospital particular: "Eu sabia que não tinha condições de pagar, mas era a vida do meu filho em risco. Não tive escolha a não ser assumir a dívida. Prometi ao Ana Costa que passaria a vida trabalhando, mas pagaria o que devo".

O desespero deu lugar à esperança quando o caso de Miguel começou a repercutir nas redes sociais. Muitas pessoas se comoveram e começaram a depositar quantias na conta da mãe do menino. José revelou que as doações começaram por parte de parentes, vizinhos e amigos: “Agora a cidade toda está mobilizada".

Até o fechamento dessa edição, a família conseguiu arrecadar R$ 8 mil por meio de doações. Além dos depósitos, eventos beneficentes são promovidos por moradores comovidos com a situação vivida pela família para colaborar com a arrecadação. No fim de semana, duas partidas de futebol serão realizadas: sábado, 9, às 13 horas, no alojamento municipal José Aparecido Ribeiro, antiga colônia de férias da Prodesan (rua David Pimenta, 425, Indaiá); e domingo, 10, no Fliper Sports Center Futebol Society (avenida Marginal, 10.413, Albatroz). Organizados por uma amiga da família, Rafaela Oliveira, os jogos masculinos e femininos acontecem das 10h às 16 horas. "O dono da quadra não vai cobrar nada nesse dia, mas estipulamos um valor de R$ 10 por pessoa para ajudar a custear o tratamento do Miguel", explicou Rafaela, que obteve também a ajuda de uma vendedora de batata chips. "Tudo o que ela conseguir no dia será revertido para o Miguel".

A casa noturna Porto do Forte (avenida Vicente de Carvalho, 320, Centro), também se mobilizou. No dia 22, às 23 horas, a festa recebe o nome de Showlidariedade, em prol do Miguel. Já no domingo, 24, a partir das 15 horas, será realizado um bingo beneficente no Bar do Dedé (rua Sebastião, 265, Indaiá). Ambos terão a renda revertida para a família do menino.

Para ajudar a família, pode-se fazer depósitos na Caixa Econômica Federal, agência 2728;  conta poupança 00013507-6;  operação 13. A mãe do menino, Aricilene de Oliveira da Rocha, é a titular da conta e o seu CPF é 399.801.998/73.

H1N1

A H1N1 é uma gripe sazonal que costuma preocupar a população no inverno. Em 2016, os casos de gripe suína apareceram ainda no verão e causaram a morte de 71 pessoas no Brasil. Os sintomas são febre alta, calafrios, tosse violenta, falta de ar, dor de garganta, dores pelo corpo, falta de apetite, vômitos e diarreia. Em São Paulo, a vacinação foi antecipada e teve início na última segunda-feira, mas nas cidades do interior e litoral, a vacina só chegará no dia 30 de abril.

Em Bertioga, a prefeitura informou que a Campanha Nacional de Vacinação Contra Influenza terá início no dia 30 de abril e segue até 20 de maio. Questionados sobre o número de casos, a assessoria de imprensa informou por e-mail que existem quatro casos suspeitos e nenhum positivo de H1N1.

A transmissão da doença acontece principalmente pelas mãos, portanto, é necessário ter cuidados específicos em ambientes públicos. Tosse, espirros ou contato com a saliva de alguém contaminado também são formas de contágio. O ideal é evitar passar as mãos na boca, olhos e nariz; e lavar as mãos com água e sabão ou álcool gel sempre.

O Ministério da Saúde recomendou que apertos de mão, abraços e proximidade sejam evitados. Os cuidados foram adotados também em igrejas. A Diocese de Santos, por exemplo, orientou os sacerdotes e fiéis para que evitem dar as mãos durante a oração, bem como o abraço de saudação à paz; que a Sagrada Comunhão seja distribuída somente na mão; e que todos sigam as orientações do Ministério da Saúde.

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