*Foto: Celso Moraes / CMSS
Por Marina Veltman
A sessão da Câmara de São Sebastião, da última terça-feira, 24, teve como principal tema de debate as falhas da atuação do governo estadual no município. De autoria do vereador Gleivison Gaspar (PMDB), dois requerimentos foram encaminhados à gestão estadual, solicitando informações sobre o excesso de aulas vagas na rede pública de ensino médio, e uma postura para o combate à alta criminalidade na cidade.
No primeiro requerimento, relativo à constante falta de professores, o vereador questiona se o governo tem conhecimento desse excesso e que medidas propõe para sanar tais falhas na educação. “Trabalhei essa semana pedindo às pessoas que me enviassem pelas redes sociais relatos da situação das escolas estaduais de ensino médio na cidade. O excesso de aulas vagas tem um efeito devastador. No primeiro momento, os alunos fazem festa, mas na hora de prestar um vestibular ou na prova do Enem, nossos alunos não estão preparados”, alertou Gleivison.
Em apresentação feita na sessão, o vereador mostrou depoimentos de pais e alunos da rede estadual de ensino, apontando a alarmante frequência com que os estudantes ficam sem aulas no município. Segundo apresentado, a demanda do vereador teve 91 compartilhamentos e alcançou cerca de 8 mil munícipes, dos quais alguns relatos foram destacados. Dentre eles, estudantes da escola Nair Ferreira Neves apontavam ter dispensa antes do horário regular por falta de aula, cerca de três vezes na semana. Em outro colégio, uma aluna relatava ter tido apenas três aulas de química em todo o bimestre, por falta de professores.
O vereador lamentou o cenário recorrente em diversas unidades da rede. “É inadmissível que o estado ofereça uma educação tão falha para um aluno que está prestes a prestar um vestibular. É uma irresponsabilidade do governo e, por isso, encaminho esse documento à Secretaria de Estado de Educação exigindo um posicionamento”. Gleivison lamentou, ainda, a falta de comoção popular e pública para o excesso de aulas vagas. “Se falta merenda, a gente se descabela, mas os alunos podem ficar dois meses sem professor de matemática e ninguém faz alarde. Precisamos dar mais atenção à educação”, completou.
O vereador Reinaldo Moreira (PSDB), o Reinaldinho, endossou o requerimento, afirmando que “as perdas que acontecem nas escolas são muito ruins. Se o estado não tiver cuidado, deixará uma herança negativa muito grande para nossa cidade”.
Falta de segurança gera bate-boca entre vereadores
Já o segundo requerimento do vereador peemedebista, exigindo do governo do estado ações efetivas e emergenciais para o combate à criminalidade em São Sebastião, gerou discussão entre vereadores da base e da oposição.
O tucano Reinaldinho saiu em defesa do governo do estado, destacando que a insegurança tem afetado de costa a costa, e parte da responsabilidade é da municipalidade, que não oferece atrativos para os policiais. “Municípios da região oferecem atividade delegada e pro labore, e nós não. Os policiais optam por atuar onde conseguem ter um melhor ganho”. Criticando também a atuação municipal com relação à estrutura da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Reinaldinho afirmou que o prefeito Ernane Primazzi estaria mentindo com relação ao efetivo disponível nas ruas e a funcionalidade das câmeras de vigilância, no que foi prontamente rebatido pelo vereador Ernane Primazzi (PSC), o Ernaninho.
“Dizer que o prefeito mentiu é uma acusação muito séria. Acredito que quem mentiu foi quem passou dados errados para você. Com relação à atratividade, os municípios que oferecem esse pro labore não possuem GCM, o que permite que invistam nesses diferenciais. Não importa quem te deu dados falsos, mas temos 22 câmeras instaladas e 36 homens trabalhando nas ruas. Espero que exista um respeito no que se afirma, até por questão de informação, para não passar inverdades para as pessoas”.
Ernaninho ainda criticou alterações feitas no policiamento local nos últimos anos: “Tivemos atos covardes como tirar o batalhão do nosso município, tirar delegacia e grande parte do contingente da costa sul, mas os poucos oficiais que sobraram aqui eu quero publicamente agradecer, porque conseguiram fazer um excelente trabalho capturando a quadrilha que atormentava a nossa cidade”.
Líder do governo, Marcos Fuly (PTB) também saiu em defesa do prefeito. “Jogar a responsabilidade da segurança toda na mão do município não é justo. Isso é dever do estado. A guarda foi criada para auxiliar na segurança, não para garantir esse serviço. Existem dificuldades, poucas viaturas, mas a GCM tem trabalhado ativamente. Melhorar é sempre bom; é por isso que existe agora o processo de troca da fibra ótica de todo o cabeamento das câmeras de vigilância e a licitação para novas viaturas. Estamos cobrando muito o prefeito para que tudo volte a funcionar o quanto antes”, concluiu.
Não satisfeito, Reinaldinho reafirmou que seu posicionamento foi um alerta para que reestruturem a guarda. “Estou acusando. Me provem o contrário e eu vou ver se a minha informação está errada”, disse.
As discussões prosseguiriam, com pedido de palavra por parte de pelo menos outros dois vereadores, mas a sessão foi suspensa pelo presidente Luiz Santana Barroso (PSD), o Coringa, em solidariedade ao movimento dos funcionários públicos, que se manifestavam na praça do Coreto, em frente à Câmara, em busca de reajuste salarial.
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