Por Ana Cláudia Gomes
“Se me perguntarem se quero ser prefeito, direi que não. Mas se for um consenso, aceito”, afirmou Nei Serra, em entrevista ao JCN (Jornal Costa Norte). Sobre sua recente filiação ao PSDB, ele conta que é a realização de um sonho, quando foi convidado pelo então governador de SP Mário Covas. Entretanto, desgastes políticos o fizeram ingressar no PTB. É advogado e administrador público formado. Foi prefeito de Cubatão por 3 mandatos, mas ele destaca a sua 1ª gestão, em 1985, que durou 10 meses, quando o então governador Franco Montoro o convidou para ser prefeito da cidade e organizar a redemocratização, com a realização das eleições em prol da autonomia. “Foram 10 meses que valeram por 4 anos. Levei para a Administração Pública todo conhecimento da iniciativa privada”, lembrou, Serra, que trabalhou na Cosipa por 30 anos. Ainda foi prefeito de 1989 a 1992 e de 1997 a 2000. Saiba mais:
JCN - Você é pré-candidato a prefeito de Cubatão? Nei Serra - Para mim não existe pré-candidatura, jamais vou pleitear isso. Se for entendimento do partido serei candidato. Mas só serei candidato se meu nome for de consenso. Estou à disposição para ajudar. Ainda é muito cedo para isso, vai ser natural. Não tenho nenhuma pesquisa, mas sinto que as pessoas têm carinho por mim. Se me perguntarem se quero ser candidato digo que não, porque me dedico de corpo e alma, foi assim nas 3 vezes que fui prefeito. É dedicação total, sei o que o cargo exige de doação. Como cidadão responsável, tenho responsabilidade cívica, de cidadania, se meu nome for de consenso não posso dizer não. Não posso deixar de participar. Só serei candidato se for consenso. Não tenho nenhuma condenação criminal. Já emiti minha certidão de quitação eleitoral, posso votar e ser votado.
JCN - Você se filiou ao PSDB? Nei Serra - Recebi o convite de filiação do PSDB de Cubatão e depois do PMDB. Agradeço os dois convites. Estou entrando no PSDB pela porta da frente. Só consideraria um convite se houvesse um consenso no grupo, e a executiva se reuniu e chegou a um consenso. Durante a filiação, contei uma história, de quando fui procurado por Mário Covas, então secretário de Obras de Santos, na década de 60. Ele não queria aprovar prédios com 100 apartamentos sem garagem. Eram projetos de empresários portugueses e espanhóis. Esses empresários se reuniram com o prefeito da época, que prometeu a exoneração de Covas. Ele pediu apoio de um grupo da Sociedade Amigos da região, da qual eu fazia parte, e sugerimos que ele fosse até a Imprensa, com uma carta de exoneração, explicando o motivo. A partir daí, Mário Covas entrou para a política. Quando ele se tornou governador pediu que eu me filiasse ao PSDB. Na época, eu estava no PMDB, mas por desgastes políticos entre o grupo, acabei não me filiando e fui para o PTB. Essa filiação agora é a realização de um sonho.
JCN - Existe um nome para pré-candidatura a seu vice? Nei Serra - Arlindo Fagundes é um bom nome, pessoa correta e íntegra e foi secretário de Gabinete, na minha Administração.
JCN - Já existem alianças com alguns partidos? Nei Serra - Serão bem-vindos os partidos que pensarem da mesma forma. Ainda é muito cedo para isso, vai ser uma coisa natural. Não sou contra ninguém e luto pela cidade e pelas pessoas que trabalham. Sei que política não se faz sozinho e a democracia exige que a gente procure somar o máximo possível. Essas questões vão começar a se definir no início do ano que vem.
JCN - O que acha da atual Administração? Nei Serra - Não sou contra a prefeita Márcia Rosa [PT], que merece nosso respeito. Quem votou nela sabia, é uma excelente pessoa, mas não tinha experiência política. Ela nunca tinha exercido cargo de Administração, era professora. Quem votou nela sabia disso. Não se deve tripudiar em cima da pessoa. Ela faz o melhor que consegue.
JCN - O que pretende fazer pela cidade, caso eleito? Nei Serra - Fui o prefeito que fez mais com menos, era um orçamento de R$ 150 milhões, hoje é R$ 1,2 bilhão. Minha atuação foi decisiva para a recuperação ambiental, para controle de fontes de poluição. Mas acredito que educação, saúde e segurança são as maiores prioridades.
JCN - O que você levou da atividade privada para a vida pública? Nei Serra - Levei metas, transparência, fazia reuniões de avaliação. Criei auditoria interna na prefeitura, mas reconheço que deveria se estruturar melhor. Defendo hoje o fortalecimento da auditoria externa, com a realização de concurso para contratação de profissionais de auditoria. Não pactuo com a corrupção, sou veementemente contra.
JCN – Como enxerga o desenvolvimento da cidade? Nei Serra - Defendi o projeto de uma usina termoelétrica da Petrobras em Cubatão, aproveitando os gases que eram queimados e aproveitando o gás natural do poço de Merluza, cujos dutos já tinham chegado à Petrobras. Com a inauguração da termoelétrica, Cubatão e a Baixada Santista se tornaram auto-suficiente em matéria de energia. É o maior pólo industrial da America Latina, e não é de uma área só. São atividades mistas, reúne empresas do setor de petróleo, metalúrgico, siderúrgico e de fertilizante. A racionalização de atividades é possível e acontece naturalmente. Por isso, a receita da prefeitura aumentou. É decorrente da produção industrial de Cubatão.
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