Por Marina Aguiar
As melhorias no atendimento de usuários de drogas com poucos recursos foram o principal tema da reunião ordinária do Conselho Municipal sobre Drogas, realizado no dia 30 de julho, na Casa dos Conselhos. Os membros destacaram a falta de interação entre os setores que oferecem serviços para o dependente químico em Bertioga.
O presidente do conselho, Ermínio Araújo Aguiar, explicou que as Secretarias de Saúde, Educação, Assistência Social e as polícias Civil e Militar não conversam entre si, para debater o problema. "Os técnicos que trabalham nesse serviço são pessoas envolvidas, que querem ver o resultado aparecer, mas falta vontade política".
Outra dificuldade do Conselho é o abandono do Plano Municipal sobre Drogas criado em 2013. Ele disse: "O problema é que o plano não é utilizado por nenhuma das partes envolvidas; eles não cumprem as orientações do eixo. Se eles nos pedissem para sentar e conversar sobre o assunto já seria uma vitória".
O documento foi elaborado com base no Plano Nacional sobre Drogas e adequado para as características de uma cidade menor. "Nós identificamos a função de cada setor: a Educação deve oferecer prevenção; a Saúde, o tratamento; Assistência Social deve trabalhar a reinserção do paciente na sociedade; e a polícia deve reduzir a oferta de drogas na cidade", afirmou o presidente.
O encontro foi bem-visto pelos membros, como a diretora de Saúde Maria José Sogayar (Chiquita), que se mostrou otimista: "Foi o primeiro em que todos chegamos à mesma conclusão. Devemos estudar o plano para que, juntos, cada um se localize na ação que está mais apropriada para sua função".
O supervisor da comunidade terapêutica Caverna de Adulão, Jorge Bita, é membro do conselho e acredita que a reunião foi proveitosa. "Nossa comunidade é diferente das que estão em sítios. Nessas mais afastadas, o paciente, ao sair, tem dificuldades para entrar no mercado de trabalho". Para evitar o problema, os membros debateram a possibilidade de acompanhamento de dependentes químicos e suas famílias ao sairem do tratamento.
De acordo com Ermínio, em Bertioga existem quatro comunidades terapêuticas que trabalham com a recuperação de usuários de drogas, mas as entidades enfrentam dificuldades financeiras. "Nós queremos trabalhar também na legalização desses locais. Com CNPJ, alvarás e documentação correta, as entidades podem receber ajudar do governo, como o Cartão Recomeço, e verba do Fundo Nacional Antidrogas".
O Conselho Municipal sobre Drogas existe há 10 anos e tem a finalidade de auxiliar o poder executivo no combate às drogas. A ideia é que o conselho trabalhe em conjunto com todos os órgãos em âmbitos federal, estadual e municipal, que compõem o Sistema Nacional Antidrogas (Sisnad), por intermédio do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas - Conad.
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