Carnaval 2024

Com primeira rainha trans, Caraguatatuba define Corte Momesca

Pela primeira vez na história, cidade elegeu, para compor a Corte Momesca, uma rainha trans; evento marcou também a escolha das melhores marchinhas

Estéfani Braz
Publicado em 07/02/2024, às 08h57 - Atualizado às 10h12

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Corte Momesca e melhores marchinhas são eleitas em Caraguatatuba - JC Curtis / Fundacc
Corte Momesca e melhores marchinhas são eleitas em Caraguatatuba - JC Curtis / Fundacc

A Corte Momesca de Caraguatatuba foi definida e terá em sua composição a primeira rainha trans da história do Carnaval da cidade. Thífany Félix foi a vencedora do concurso e coroada como Rainha T. O título de Rei Momo ficou com Jardan Santos e  Majuh Guerra foi eleita Rainha do Carnaval. Os vencedores receberam um prêmio de três mil reais cada. 

Thífany Félix Guimarães é natural de Ubatuba e por lá sempre esteve envolvida com o carnaval. “Eu já fui carnavalesca da escola de samba do Ipiranguinha. Fui destaque como sambista da escola de samba do Itaguá. Fui destaque também da escola do Perequê-açu, onde, no primeiro ano de existência, eu também ganhei como melhor passista e sempre gostei de samba. Acredito que, desde os meus trinta anos, mais ou menos, eu me envolvo com o Carnaval”. 

Ela está consciente da responsabilidade de ser a primeira LGBTQIAP+ a representar a história do Carnaval da cidade. “Quando a gente recebe um título desse, é a oportunidade que a gente tem de estar mostrando para a sociedade que somos pessoas normais, como qualquer outra, que podemos também estar representando uma população e que podemos também estar contribuindo com a sociedade. No caso, nós estamos contribuindo com a parte cultural”. 

Thífany Félix, primeira rainha Trans da história do Carnaval de Caraguatatuba

Thífany acredita ainda que o papel vai além da coroa, do título e da faixa. “Acho que nós temos a responsabilidade de estar fazendo a parte social, contribuindo com o governo de Caraguatatuba nas questões sociais. Então, onde o governo estiver precisando da nossa representatividade para ajudar, principalmente, na questão social, eu acho que é o nosso dever estar presente e ajudar nestas questões. A responsabilidade é muito grande e a gente tem que honrar isso”. 

Ao lado de Thífany e de Majuh, o ganhador da categoria Rei Momo, Jardan Santos, é morador de Caraguatatuba há cinco anos e ressalta que é sambista desde pequeno, mas que nunca havia participado desta forma.  “O Carnaval mesmo começou neste ano, com o convite da rainha da bateria Kássia Reis, da Unidos do Império. Pelo convite dela e do Henrique, que é o nosso presidente, eu comecei a entrar neste mundo e era um sonho que eu tinha. Hoje, eu estou realizando. Sou o rei da bateria da Unidos do Império há um ano. Sou rei da bateria da X-9 litoranea e da Sol da Vila. Muito feliz por estar neste meio”. 

Natural de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, Maria Júlia Guerra Rodrigues, conhecida por Majuh Guerra, venceu o concurso e se consagrou  rainha do Carnaval de Caraguatatuba. Aos 40 anos de idade, ela participa, há 30, dos eventos carnavalescos. “Somente em Caraguatatuba são quinze anos levando muito samba no pé, fazendo uns eventos bacanas. Estou no litoral norte há vinte anos. Estou muito feliz, muito orgulhosa de mim. Eu falo que idade é algo que está na cabeça da pessoa. Você pode, você quer, você consegue. Não importa a sua idade. Você sonha, você almeja, tem que correr atrás e eu espero fazer do Carnaval uma linda apresentação. Estar todos os dias levando muita alegria, muito samba no pé para todos os filões de Caraguatatuba”.

CONCURSO DE MARCHINHAS

Além de escolher a Corte Momesca, a cidade também elegeu a melhor marchinha para o Carnaval 2024. O primeiro lugar ficou com a composição São Quatro Gatos, de Mário Olegário Leite Filho (Marinho), que também recebeu um prêmio de R$ 4 mil reais. Disse ele: “Sou compositor amador de jingles e marchinhas há mais de 30 anos. Faço como diversão e pra ganhar um dinheirinho, às vezes. Participo do festival de Caraguá desde 2019, quando ganhei em primeiro e segundo lugar”.

Ganhador do concurso de marchinhas participa há mais de 30 anos do evento
JC Curtis / Fundacc

Marinho conta que sempre fez jingles para vários prefeitos, vereadores, estabelecimentos comerciais, blocos,  escola de samba e campanhas da cidade, como Aids, leite materno. “Ganhar é sempre bom, por isso, escolhemos bem as marchinhas, eu e meu amigos. O ano passado fiquei em terceiro lugar no festival. Às vezes,  algum amigo ou irmão dá um palpite na letra. Às vezes, acordo com uma música pronta na cabeça”. 

Em segundo lugar, com a marchinha Geração Melhor Idade, ficou Juliana do Santos Lemes, que conquistou um prêmio de R$ 2,5 mil. Um empate técnico marcou a terceira colocação, que precisou ser decidida pelo público presente. No desempate, Luzia Santos Dias Antunes Prado recebeu R$ 1,5 mil pela marchinha É Carnaval  e Walter Leme viu sua composição, a marchinha Cuba, México, Peru, ficar com o quarto lugar e conquistar o prêmio de mil reais.

Estéfani Braz

Estéfani Braz

Formada em Comunicação Social na Faculdades Integradas Teresa D'Ávila

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