Prêmio reconhece importância das ações do artesão, para manter a cultura tradicional; Mestre Joca foi contemplado em duas categorias
A valorização da cultura popular merece reconhecimento pela contribuição repassada de geração para geração. Conhecimento que o artesão Jonatas de Campos Bueno, conhecido como “Joca”, adquiriu ao ter seu primeiro contato com a arte, durante a infância, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, sua terra natal.
Morador de Caraguatatuba, no litoral norte, há mais de 20 anos, o artesão acompanhava os trabalhos do avô e aprendeu ainda pequeno a manusear fibras vegetais. A trajetória profissional como artesão teve início quando Joca se mudou para o litoral norte e viu na região o potencial desse tipo de matéria-prima. Além disso, o turismo se mostrou uma boa oportunidade para as vendas.
A partir de 2005, além de confeccionar diversos acessórios, ele também começou a trabalhar com a transmissão de saberes. A experiência adquirida rendeu dois prêmios no Edital Sérgio Mamberti, da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural, do Ministério da Cultura, em 2023.
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O resultado final foi divulgado em fevereiro de 2024, com premiações nas categorias Mestre Lucindo, 36° colocado da região Sudeste, e Ponto de Cultura Viva, 29º colocado na região Sudeste, com prêmios individuais de R$30 mil.
Joca foi o primeiro artesão de Caraguatatuba a receber o prêmio e ser reconhecido como Mestre da Cultura Popular – Edição Leandro Gomes de Barros; ele ficou em 35º lugar, dentre dos 200 prêmios distribuídos para pessoas físicas em todo o Brasil.
As fibras vegetais, utilizadas nas produções manuais, são colhidas pelo artesão, de maneira diversificada, como ele explica: “Pelo privilégio da Mata Atlântica, que favorece bastante os materiais, como a taboa, a bananeira, palmeiras, tem a palmeira da Juçara. E, hoje, também favorece muito a parte do paisagismo, porque pelo mundo todo é plantado dentro das casas. A gente pesquisa muito sobre material”.
Alguns dos produtos confeccionados com fibras vegetais são chapéus, bolsas, cestos, chinelos, quadros e acessórios carnavalescos. Os trabalhos contemplam parcerias com outros artesãos, para manter a cultura regional.
O artesão, que atua como instrutor em diversos setores da sociedade, sabe bem o que é transmitir o conhecimento adquirido desde a infância. “Hoje, para mim, dentro da competitividade da vida, se tornou um diferencial que tem poucos habilitados. Então, fortalecer a identidade da cultura da minha família, da minha região, é um diferencial dentro do mercado de trabalho para mim”.
O artesão ainda ministra um curso social, uma vez por mês, no bairro Barequeçaba, em São Sebastião, para 15 mulheres, com o intuito de gerar renda. O projeto é mantido por meio de emenda parlamentar.
Estéfani Braz
Formada em Comunicação Social na Faculdades Integradas Teresa D'Ávila