*Foto: Isabela Carrari
A buzina do bonde japonês misturou-se à dos caminhões, marcando oficialmente, na terça-feira, 2, a entrega do elétrico a Santos, no encerramento da solenidade realizada na Estação do Valongo, com a presença de autoridades locais, associações Japonesa de Santos e do Brasil, e do Consulado Geral do Japão em São Paulo.
A solenidade teve início com a Dança das Flores, na interpretação de sete integrantes do grupo Odorino Kai, seguindo-se representação da vida dos samurais, a cargo de Jorge Agifu, presidente da Associação Japonesa de Santos.
Após quatro anos de tratativas, a prefeitura de Nagasaki (Japão) formalizou, em 2014, a doação do veículo, que chegou ao porto no último dia 24. Ele trouxe uma figura de dragão feita em tecido, personagem de danças e festas típicas orientais.
O prefeito Paulo Alexandre Barbosa disse, ao receber a chave do bonde, com a qual acionou o controle do veículo e o pedal da buzina: “Este é um grande presente em comemoração aos 470 anos da cidade, que fortalece ainda mais os elos com Nagasaki, cidade-irmã desde 1972”. Em função das boas condições gerais, o elétrico deverá circular ainda este semestre.
Para o cônsul geral do Japão Takahiro Nakamae, a entrega do bonde marca os 108 anos do início da imigração japonesa no Brasil, que começou em 1908 com a chegada do navio Kasato Maru a Santos. “Ele também chegou à cidade por mar, como os imigrantes, para o desenvolvimento econômico e social do país”, lembrou, explicando que o dragão é um símbolo característico de Nagasaki.
O 13º equipamento do Museu Vivo Internacional de Bondes chegou a Santos após uma operação custosa e complexa, que envolveu 42 dias de viagem, passagem pelos portos de Hakata (Japão) e Busan (Coreia do Sul), e apoio de vários parceiros. Entre eles, a Indaiá Logística Internacional; Grupo Rodrimar; Super Trans Transportes; Terracom; Ideal Equipamentos; BTP Terminal Portuário; e o presidente do Conselho Administrativo da Yakult, Masahiko Sadakata, que garantiu apoio à operação ainda em Nagasaki.
Orgulhoso com a entrega do bonde a Santos, o presidente da Associação Nagasaki Kenjin do Brasil, Kumihito Kurisaki, agradeceu o empenho de tantas pessoas e comprometeu-se a apresentar à cidade, em breve, a dança do dragão, “para trazer bastante sorte, felicidade e prosperidade.”
Sushi Bonde
Com 34 lugares e características originais preservadas, o bonde japonês, dos anos 1950, é o que se encontra em melhores condições entre todos os já doados à cidade, de acordo com avaliação do presidente da CET, Antonio Carlos Silva Gonçalves. A pedido das entidades nipo-brasileiras, serão preservados os elementos culturais que vieram no veículo.
O secretário de Turismo Luiz Guimarães adianta que a ideia é criar o Sushi Bonde, oferecendo degustação de sushi e sashimi, a princípio, às sextas-feiras. Ele estima em R$ 50 mil os serviços de preparação do elétrico, recursos que deverão ser obtidos junto à iniciativa privada.
Em 30 de julho do ano passado, a prefeitura baixou decreto criando o Programa de Apoio ao Museu do Bonde, que autoriza as empresas que contribuírem com a recuperação ou manutenção dos elétricos a inserção de sua logomarca no veículo por um prazo de dois anos.
Atualmente, há seis elétricos em circulação na Linha Turística do Bonde: dois escoceses (aberto e fechado); um português (Bonde Pelé); um italiano (Bonde Café); e dois reboques (um com capacidade para 30 e outro para 40 passageiros).
Comentários