*Foto: Dirceu Mathias
Por Antonio Pereira
A chave da cidade nas mãos do Rei Momo do Bisnetos de Cacique decreta: a folia já começou. Somente na região central de Bertioga, cinco blocos desfilarão pela orla da praia da Enseada em trajeto entre a praça de esportes radicais João Carlos Mathias Ferreira dos Santos e a Praça de Eventos. Os desfiles acontecerão até terça-feira, 9, todos com concentração a partir das 18h. Mas o que difere um bloco de outro? Nossa reportagem bateu um papo com os organizadores de cada um e traz as novidades para você.
A programação começou na sexta-feira, 5, quando o prefeito Mauro Orlandini entregou a chave da cidade ao Rei Momo do Bisnetos de Cacique Quirino Alves Carneiro Filho, na entrada do bairro Jardim Vicente de Carvalho. O gesto é tão tradicional quanto o enredo, personagens e até o local, aliás, tradição para os bisnetos é o que não falta. Quem explica é o presidente Manoel Fernandes de Jesus, o popular Laranjinha. “Esse ano, chegamos ao nosso 17° Carnaval sempre com bateria própria e, além dos sambas do passado, vamos cantar algumas histórias antigas dos bares bertioguenses com o enredo ‘Ode à Boêmia’, que eu compus com meu amigo Leandro Odilon. A proposta é apresentar o cenário dos anos 50 pra cá, desde as amizades até os pontos de encontro”. O Bisnetos abriu o Carnaval ao receber a chave e vai para a avenida Tomé de Souza, a da praia, no domingo, 7.
Simultaneamente à cerimônia, o Bloco das Vagabundas já estreou na avenida da praia com homens de saia e mulheres de bigode. A brincadeira acontece desde 2010 e é uma forma de enfrentar o preconceito com muita irreverência. O organizador Cássio Alves explica: “Montamos o bloco há seis anos, mas, antes disso, a gente se fantasiava e invadia os outros blocos. Nem eu nem o Bruno Miranda (outro organizador) imaginávamos a proporção que tomaria. Esse ano, por exemplo, o pessoal do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) saiu junto e fez campanha de conscientização sobre doenças, distribuiu kits, enfim, tudo muito legal e mantendo a paz”. Ele frisou que o bloco é aberto a pessoas de qualquer orientação sexual.
Mais blocos
Além do Bisnetos e do Vagabundas, outros três blocos farão o carnaval bertioguense. O Num Impurra Qué Pió segue o exemplo do Bisnetos e também presa pela tradição. O grupo tem forte ligação com o carnaval santista, haja vista que seu presidente de honra, o saudoso João Bicheiro, foi um dos fundadores da escola Padre Paulo, atual vice-campeã de Santos. A ligação não para por aí e, este ano, o bloco traz a bateria do bairro Santa Cruz dos Navegantes. O presidente Leandro Sudan, filho de João Bicheiro, promete: “Assim como o Bisnetos, vamos de enredo próprio e, desta vez, destacaremos nossa própria história com o samba ‘25 Anos de Alegria’. O Carnaval é sempre uma grande festa e, esse ano, não será diferente”. O Num Impurra desfila sábado, 6. O samba é uma composição de Luciano Costa e Lanna Nascimento.
Sempre com a temática solidária envolvendo troca de abadás por alimentos não perecíveis, o Banda da Costa, bloco do Sistema Costa Norte de Comunicação, desfilará na segunda-feira, 8. O samba do 16° aniversário será o ‘Me Dá um Beijo na Boca’, feito por Serginho Santa Cruz, Bira Moreno e Noquinha da Vai-Vai, exclusivamente para o Carnaval de 2012. Para o coordenador Felipe Fernandes a ideia é manter uma música ‘chiclete’, ou seja, que já esteja na mente do folião.
“Ano passado, chegamos a sete toneladas de alimentos não perecíveis e este ano nosso objetivo é superar essa marca, até porque ainda haverá troca nos bairros neste final de semana. Já no samba, optamos por continuar com o tema de 2012 porque já está na ponta da língua da galera”, justificou. O montante arrecadado será destinado à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Fundo Social de Solidariedade e demais entidades que protocolarem o interesse por meio de ofício.
Também com temática solidária, o Turma da Ressaca, formado principalmente pelos comerciantes locais, será o último a desfilar, na terça-feira, 9. Em Bertioga, o grupo chegará ao seu terceiro Carnaval seguido com abadá próprio, mas será a primeira vez que terá um dia só seu. O bloco não tem samba enredo, mas promete animação com as clássicas marchinhas.
“Nossa história com Bertioga começou em 2014 acompanhando o Banda da Costa e foi por acompanhá-los que optamos por fazer um carnaval familiar e solidário. Nossas camisetas (abadás) são trocadas por cinco litros de leite, que serão destinados à Apae”, explicou a coordenadora Márcia Ribeiro. O bloco é uma dissidência do Turma da Ressaca de Itanhaém, que existe há mais de 30 anos.
No final de cada desfile, o trio elétrico deixará os foliões na Praça de Eventos na qual a banda Trilha Sonora dará sequência à programação com marchinhas e enredos de escolas de samba paulistas e cariocas no palco deixado pelo Projeto Verão Azul.
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