Prefeito de Bertioga nega rumores de ataques a escolas e anuncia providências

Notícias de supostos ataques a escolas em Bertioga levaram o prefeito Caio Matheus (PSDB) a se pronunciar no final da tarde de ontem (10). Ao lado de secretários e do comando das forças de segurança na cidade, ele anunciou providências para ampliar a segurança nas unidades educacionais e classificou informações de ataques em escolas na cidade como “fake news para aterrorizar a população”.

“Até o presente momento não houve nenhuma tentativa de invasão, de agressão em nenhuma escola municipal, em nenhuma escola estadual, muito menos transporte de estudantes no nosso município”, declarou Matheus em transmissão nas redes sociais.

Propalados em aplicativos de mensagens instantâneas e na mesma rede social em que o prefeito se pronunciou, os rumores de supostos ataques a escolas em Bertioga começaram a se multiplicar na esteira do atentado que deixou quatro crianças mortas na creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau (SC), no dia 5, e também do mesmo tipo de crime ocorrido na escola estadual Thomazia Montoro em 27 de março, na zona oeste de São Paulo, quando a professora Elisabeth Tenreiro de 71 anos foi assassinada por um aluno de 13. 

Na manhã de ontem, quando um usuário de drogas foi preso perto de um ônibus escolar na altura da Chácara Vista Linda, a cerca de 8 km da região central da cidade, os boatos ganharam ares verossimilhantes e agravaram o pânico de moradores - sobretudo pais com filhos em idade escolar. Na versão delirante, o homem tinha a intenção de atacar as crianças.

“Isso [versão falsa do ataque] é verdade. Tá todo mundo assustado, os pais aqui na Vista Linda”, afirma uma mensagem que circulou em grupos regionais de um aplicativo de mensagens. Um áudio que circulou nos mesmos grupos foi além, afirmando que pais de crianças e o motorista do ônibus teriam contido o maníaco, o despido e tentado linchá-lo. “Isso é verídico, isso não é mentira”, chega a dizer uma voz feminina eufórica.

A versão, que ampliou o pânico entre moradores, é falsa, desmentiu categoricamente o prefeito de Bertioga durante a transmissão. “Disseram que havia um maníaco que havia pulado em uma escola hoje de manhã, que tinha tentado entrar no ônibus escolar, mas não era nada disso. A Polícia Militar foi até o local e era uma pessoa consumidora de droga que teve um surto na rua. E as pessoas já falam um pro outro, um aumenta um pouquinho, outro aumenta, outro joga no linguajar dele num grupo de Zap”, criticou.

Medidas de segurança nas escolas de Bertioga

Apesar dos boatos terem se mostrado falsos, o prefeito enumerou projetos preventivos ou de segurança ostensiva em andamento ou no horizonte para as escolas da cidade. Segundo ele, a Secretaria de Educação da cidade dispõe de profissionais de saúde mental que atuam na comunidade escolar.

“[Este é] um projeto que é inédito, talvez, na Baixada inteira, que é a 'escola acolhedora'. A gente tem cerca de 12 profissionais da área de psicologia que visitam alternadamente todas as escolas municipais a fim de conversar não só com professores, diretores, mas entender com mais profundidade se em alguma escola tem algum aluno que está demonstrando algum distúrbio, sendo vítima de assédio em casa, de abuso na própria escola através do bullying, tendo uma rotina ou comportamento inadequado, falando de vingança, enfim”.

Nas frentes de segurança, o prefeito afirmou que vai ampliar a presença da Guarda Municipal nas escolas e que foi aberta uma linha direta entre as unidades educacionais  e as forças de segurança da cidade. “Nós estamos agora com uma linha, um canal direto de WhatsApp que está sendo passado da Secretaria de Segurança, da nossa central, o COIBE (Centro Operacional de Imagens de Bertioga), direto pra todos os diretores de escolas”.

Em comunicado divulgado hoje, a prefeitura acrescentou que as escolas das redes municipal e estadual da cidade dispõem de monitoramento eletrônico operado pelo COIBE integrado com a central da GCM. As unidades possuem totens com botão de emergência.

A intenção, disse o prefeito, é estender o botão de emergência para os celulares dos membros da comunidade escolar por meio de um aplicativo em desenvolvimento.

Além das medidas de segurança, Matheus anunciou que a gestão municipal tem solicitado providências às polícias Militar e Civil quanto às denúncias de supostos planos de ataques às escolas. “A gente está oficiando, de maneira a reiterar, eles já estão fazendo esse serviço com a  Polícia Civil sobre a necessidade de apuração de todos os casos. Na dúvida, a gente tem que investigar, não vai achar que tudo é fake news, não. A gente se aprofunda”.

Representante da Polícia Civil durante o pronunciamento, o delegado Maurício Freire enfatizou a necessidade de investigação, mesmo que os planos se mostrem falsos. “Felizmente, esses boatos não se verificaram. Não tivemos nenhum registro de nada, mas estamos preocupados e atuantes. Estamos visitando também escolas, fazendo entrevistas, no sentido de saber se existe preocupação com algum fato mais relevante, mas felizmente não tem nada”, afirmou.

Notícias falsas

Durante quase metade do pronunciamento de cerca de 20 minutos, o chefe do Executivo de Bertioga criticou duramente a disseminação de notícias falsas sobre ataques ou planos de atentados em escolas na cidade.

“O que está havendo hoje em Bertioga é uma quantidade de informações inverídicas enorme sendo propagada. Hoje, foram feitas cinco investigações. Todas se mostraram fake news. A gente percebe que tem gente, infelizmente, se divertindo com isso. Fazendo jogo sujo com isso. Passando essas fake news, mesmo sabendo que é mentira, pra frente, para aterrorizar a população, para levar pais à instabilidade emocional. E tem gente querendo se promover com isso”, afirmou sem citar nomes.

Ele pediu prudência à população, disse que as denúncias são investigadas e que os disseminadores de boatos podem responder legalmente. “A gente não descarta possibilidades. Pode ser fake news? Pode. Agora, não é por possibilidade de ser fake news que não vai ser investigado. Reforçando que fake news é crime. E é uma covardia provocar terror em pais, mães, crianças, atrapalhar o ano letivo. Quem coloca fake news pra frente vai acabar sendo investigado também e vai ter de se explicar com a lei”, prometeu o prefeito.