“Não é terapia, mas é terapêutico", diz professora de pole dance que triplicou total de alunas em SP

“Você se pendura na barra. Pendura o corpo inteiro, de ponta cabeça. E, ao mesmo tempo, você se levanta, você tá de ponta cabeça, segurando a barra pela perna, e você dá um giro e fica na posição normal, ainda na barra”.

É assim que a publicitária e professora de Inglês Catia Lisboa descreve entusiasmada um dia de treino de pole dance em uma academia de Bertioga no litoral de São Paulo. Neófita na dança no poste, Catia afirma que procurou o pole dance por curiosidade, e como uma maneira de manter a forma, mas encontrou mais.

“Faz três meses que eu pratico. Alguns alunos comentaram comigo que era bem desafiador e fiquei com vontade de praticar, mas comecei com aquele pé-atrás porque vamos combinar: como é que você escala algo extremamente liso? Eu achava que tinha de ter muita força, muita flexibilidade. Achava que tinha de ter o corpo ideal, o peso ideal e, na realidade, isso foi sendo desmistificado”, resume a publicitária de 47 anos em entrevista ao Portal Costa Norte.

No pole dance, os praticantes fazem movimentos acrobáticos suspensos em uma barra de metal polido fixada na vertical, daí o nome dança no poste. Sua origem pode ter sido o Mallakhamb, uma modalidade de yoga indiana praticada em um poste. Já a forma moderna do pole dance, que incorpora movimentos da dança e da ginástica, nasceu em boates burlescas nos anos 1950 e se popularizou nos EUA e Canadá na década de 1980.

De lá pra cá, a dança no poste vem aumentando o número de adeptos e se estabelecendo como um misto de prática esportiva e artística. A professora Jaqueline Maldonado, de 32 anos, afirma que há poucas contraindicações para a atividade. “Qualquer pessoa pode praticar, basta ter um corpo e vontade. Há ressalvas apenas quando a pessoa tem restrições médicas e não se deve praticar o pole dance sem acompanhamento de uma profissional da área”.

Ela afirma que viu triplicar a quantidade de alunas desde 2019, quando abriu a Dale Pole, uma academia de pole dance em Bertioga. A empreendedora atribui o crescimento a um maior reconhecimento dos benefícios físicos e mentais da dança no poste.

“O interesse da comunidade tem só evoluído. Eu sempre brinco com minhas alunas que o pole dance não é terapia, mas é terapêutico. Além de ser uma atividade física, é também uma possibilidade de colocar o corpo em movimento com combinações coreográficas e muita musicalidade”, explica Jaqueline.

E a professora acrescenta: “Tenho diversos relatos de pessoas com dificuldade de autoaceitação que depois do pole dance se redescobriram. Pessoas que tinham dificuldade de se relacionar, de se expressar e que se transformaram com o pole dance”.

Catia, que é aluna de Jaqueline, faz coro com ela. “Nós, o ser humano no geral, acabamos nos colocando pra baixo, no sentido de ‘ah, é impossível, nunca vou conseguir, a idade, o hormônio’, isso e aquilo. Essa insegurança foi sendo quebrada com o passar das aulas. Fui percebendo que não é uma questão de você ter um corpo escultural, é uma questão de você conhecer e aceitar o seu corpo, o corpo que você tem. Eu moro na praia e não usava biquíni por vergonha, era bermuda e camiseta. Hoje em dia uso biquíni mesmo. ‘Ah, mas tá um pouquinho gorda’, não tem problema. Eu amo o meu corpo. O que eu aprendi com o pole dance foi aceitação”.