INTOLERÂNCIA RELIGIOSA?

Jovem denuncia intolerância religiosa em entrevista de emprego no litoral de SP

“Não quero nenhum tipo de macumbeiro na minha barraca”, disse a proprietária a uma candidata a vaga de emprego em Bertioga

Da redação
Publicado em 23/11/2022, às 15h16 - Atualizado às 17h43

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Uma das principais perguntas em que a candidata teria que responder chamou sua atenção negativamente Intolerancia religiosa - Reprodução Arquivo pessoal - Thayna Leonel
Uma das principais perguntas em que a candidata teria que responder chamou sua atenção negativamente Intolerancia religiosa - Reprodução Arquivo pessoal - Thayna Leonel

Uma jovem moradora de Bertioga, no litoral de São Paulo, tornou pública uma inusitada entrevista de emprego realizada por um aplicativo de mensagem. Na publicação, Thayna Leonel, de 18 anos, alegou que a proprietária de um carrinho de pipoca e batata frita praticou intolerância religiosa ao questionar sua religião.

Vaga de emprego era para trabalhar 8h30 por dia com um salario de R$ 70 por dia Vaga de emprego (Reprodução)

Ao se interessar pela vaga de emprego, divulgada em um grupo no Facebook, Thayna contatou a proprietária no WhatsApp. Até aí, tudo fluía normalmente para a jovem, porém, uma das perguntas a que a candidata à vaga teria que responder chamou sua atenção negativamente.

A contratante afirmou que a vaga era para uma mulher e perguntou qual seria a idade, onde morava e sua religião. Thayna respondeu todas as perguntas e respondeu que não frequentava nenhuma religião só acreditava em Deus, mas questionou o porquê da pergunta sobre religião ser um requisito para a vaga e a proprietária afirmou que a religião era um dos requisitos principais.

Nas capturas de tela do celular da jovem é possível ver que a conversa sobre o tema religião prossegue entre a candidata e a contratante, que instituiu perguntando em qual religião ela se identificava mais.

Thayna mostrou que ficou desconfortável com a pergunta, mas falou que se identificava com a religião evangélica, entretanto não queria mais a vaga de emprego. A proprietária do carrinho de pipoca disse que era um problema dela não querer a vaga e explicou o motivo do requisito.

“Não quero nenhum tipo de macumbeiro na minha barraca”, escreveu a proprietária da barraca de pipoca.

Thayna finalizou a entrevista afirmando que era cristã, mas mesmo assim não queria mais a vaga de emprego.

“Ainda sim nem eu ia querer ficar numa barraca que a pessoa tem intolerância religiosa, que por sinal é crime”, escreveu a jovem.

Uma das principais perguntas em que a candidata teria que responder chamou sua atenção negativamente Intolerancia religiosa (Reprodução Arquivo pessoal - Thayna Leonel)

A reportagem do Portal Costa Norte entrou em contato com a proprietária, por meio do telefone disponível no anúncio de emprego, mas tanto o perfil do WhatsApp quanto o telefone de contato estão indisponíveis desde a denúncia pública da jovem. Entretanto, o espaço segue aberto para o caso do anunciante querer se pronunciar sobre o assunto.

Emprego X Fé

Ao participar de uma seleção para um emprego, o candidato sabe que terá sua carreira e competências analisadas minuciosamente. Isso faz parte do processo. Por outro lado, não é a vida pessoal que está sendo revisada e não pode pesar para a contratação.

De acordo com especialistas, a empresa do entrevistador pode ser condenada a pagar indenização por danos morais, além das perdas e danos causados pela atitude. 

Para isso, o candidato que se sentir discriminado tem de reunir provas da discriminação, como o próprio anúncio de emprego, postagens em redes sociais, e-mails, mensagens de celular, vídeos, gravações ou testemunhas que também passaram pelo processo seletivo e sofreram constrangimentos.

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