DIFICULDADES

Instituto Índigo em Bertioga ameaça fechar portas por falta de recursos

ONG atende pessoas autistas em Bertioga e está paralisada desde o início de julho; no próximo sábado (29), uma reunião entre sócios e diretoria deve decidir o destino da instituição

Rebeca Freitas
Publicado em 26/07/2023, às 10h35 - Atualizado às 11h25

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Pacientes autistas do Índigo são atendidos com diversas práticas terapêuticas  Atividade na sede do Instituto Índigo - Divulgação/ Instituto Índigo
Pacientes autistas do Índigo são atendidos com diversas práticas terapêuticas Atividade na sede do Instituto Índigo - Divulgação/ Instituto Índigo

O Instituto Índigo em Bertioga ameaça encerrar suas atividades por falta de verba; a entidade desenvolve trabalhos em prol da população com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde 3 de julho, a agenda multidisciplinar com serviços como psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia e psicopedagogia estão paralisados. “Sempre ficamos à mercê de eventos, bingos, rifas, bazares e ajuda de amigos e empresários que auxiliavam no pagamento das contas mensais, mas infelizmente estas doações não estão sendo suficientes para suprir nossa despesa mensal de 15 mil”, aponta a presidente e fundadora da instituição Vanessa Félix.

Contas básicas como aluguel, água, luz e internet compõem as despesas da instituição,  além de um sistema de segurança e de ajuda de custo para voluntários. “Hoje, nós temos 30 autistas sendo atendidos; 15 em espera aguardando uma vaga e no total 164 cadastrados”, coloca Vanessa. Apesar do serviço prestado à comunidade, o Instituto não recebe repasses públicos fixos. “A gente ainda não teve nenhum apontamento do poder Executivo referente a um convênio ou a algum termo de colaboração”, expõe. 

A entidade fez uma campanha de apadrinhamento com empresários de Bertioga com valores entre R$ 50 e R$ 200, mas de acordo com Vanessa houve pouca adesão. Para o próximo sábado (29), está prevista uma reunião entre sócios e diretoria do Índigo para decidir o destino do Instituto.

Quando questionada sobre a situação do Instituto Índigo, a prefeitura de Bertioga  informou não ter recebido qualquer solicitação de formalização ou parceria na secretaria de Saúde. Por outro lado, informou sobre uma emenda impositiva de R$ 60 mil, cujo processo está parado por falta da atualização do plano de trabalho da instituição. Em resposta, a presidente do Instituto afirmou não ter atualizado o plano de trabalho porque a emenda é voltada para a contratação de um neurologista e, como não há uma equipe de saúde no instituto, o médico ficaria impossibilitado de trabalhar.

Estrutura do Índigo é adaptada para atender pessoas com TEA Espaço de lazer do Instituto Índigo (Divulgação/ Instituto Índigo)

Recursos

O Índigo recebeu repasses públicos para ações pontuais em 2022 por meio de duas emendas impositivas que serviram para a cobertura da piscina e para a promoção do projeto Te Ajuda a Falar.

O instituto também foi contemplado de maneira específica através de um projeto aprovado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Bertioga. “Enviei o projeto Bullyng e ele  foi aprovado e contemplado. Eles depositam o valor na conta de R$ 40 mil para ser dividido em 12 meses. Este foi um projeto enviado em 2020 para o qual só saiu o dinheiro em 2022”, explica Vanessa.

O CMDCA subsidia projetos da sociedade civil voltados para crianças e adolescentes. Para ser contemplada, é necessário que a instituição interessada tenha um cadastro de pelo menos dois anos no Conselho. A seleção dos projetos é feita por meio de edital e a  previsão de abertura neste ano é em outubro, segundo a secretária do colegiado Andréa Vieira.

Diferença do Índigo nas famílias  

Regina Ferreira é mãe de Gabriel, que tem 14 anos e frequenta o Índigo desde sua fundação. Ela compara o atendimento do instituto ao do Núcleo de Apoio à Criança Especial (NACE). “Para profissionais do NACE, meu filho era difícil de lidar pois não parava. O Índigo é um local que ele gosta de ir por livre escolha. Tenho outro filho, Guilherme, que é autista também e tem 3 anos. É uma pena que a administração da cidade não apoie o Instituto porque meu pequeno ia começar as terapias, mas agora tá lá na fila de espera do NACE, sem previsão, e tem mãe desde 2021 esperando atendimento”, enfatiza. 

Andrea da Silva é mãe de Leonardo, que hoje está com 11 anos e começou a frequentar o Instituto aos seis. “Lá, meu filho foi acolhido com muito amor e carinho e isso foi muito bom para seu desempenho. O Índigo é importante não só para as crianças autistas e, sim, para toda a família. Eu, como mãe, me senti acolhida”, relata. 

Sobre o Índigo 

O Instituto Índigo é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2017 para pessoas com TEA e que tem como meta respeitar o indivíduo na sua essência. A fundadora da entidade, Vanessa Félix, sentiu a necessidade de um espaço especializado por ter um filho autista. 

No Índigo, cada pessoa atendida tem um plano específico para seu desenvolvimento conforme suas necessidades. Além de terapias tradicionais, o instituto oferece ainda  psicanálise, reiki, musicoterapia e hidroterapia. 

As dependências da instituição estão divididas em um centro de atendimento com duas salas multifuncionais, uma área coberta para atividades diversas e um amplo espaço ao ar livre com piscina de areia, horta e recreação sensorial. 

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