Animais teriam sido capturados e descartados na praia por pescadores, em pleno período de defesa da espécie; Instituto de Pesca alerta para os riscos da presença deste peixe na faixa de areia
Dezenas de bagres mortos que surgiram em uma praia de Bertioga há uma semana, intrigando moradores, eram provenientes de pesca tradicional de arrasto, apontam informações obtidas pelo Portal Costa Norte. O Ibama proíbe a captura do bagre no Sudeste e Sul do país entre janeiro e maio, no chamado período de defeso do animal marinho.
Os bagres mortos surgiram na praia de Boracéia, em Bertioga, no último dia 22. Sob anonimato, fontes disseram que os animais foram capturados acidentalmente em uma pesca tradicional de arrasto noturna, na praia de Boraceia 2, na costa sul de São Sebastião.
O banhista Lucas Almeida, que fez um registro dos peixes mortos na praia, disse que após o encalhe “alguns banhistas pegaram os peixes mortos". O Instituto de Pesca, que conduz pesquisas científicas no setor, advertiu que animais marinhos, ainda mais bagres, encontrados naquelas condições jamais devem ser consumidos.
O pesquisador Gianmarco Silva David, do Instituto de Pesca, alerta para os riscos da presença destes peixes na faixa de areia das praias. "Os espinhos dorsais e peitorais de bagres são serrilhados e podem causar ferimentos graves, principalmente no pés dos banhistas, que demandam intervenção médica para retirada. Além disso, possuem substâncias que causam inflamações e aumentam a dor, além de causarem ferimentos com alto risco de infecção".
A região onde os peixes teriam sido pescados e encalhados engloba duas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas – a APA Marinha Litoral Norte, que abrange São Sebastião, e a Centro, que abrange Bertioga.
A reportagem contatou a Fundação Florestal, responsável pelas unidades de conservação estaduais. O órgão disse que possui equipes nas APAs informando sobre os regramentos para a pescaria na praia em períodos de defeso e que encaminhou uma denúncia pedindo providências à Polícia Militar Ambiental.
Há duas modalidades de pesca de arrasto: a tradicional e a industrial. Os bagres teriam sido capturados em uma pesca de arrasto tradicional, autorizada pela legislação ambiental. Nesta forma de pesca, que não emprega maquinário pesado, o arrasto de uma grande rede é realizado manualmente por pescadores.
Já na pesca de arrasto industrial, uma rede gigante, geralmente puxada por dois barcos, varre o fundo do mar, degradando a biodiversidade marinha. A Resolução SMA-069, publicada em 2009 pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, proíbe a modalidade nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas de todo o litoral norte paulista.
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